Responsabilidade é o único remédio contra o pânico

Os leitores e leitoras deste blog sabem que, aqui, jamais se subestimou a importância da pandemia do novo coronavírus, e isso desde que ela dava seus primeiros passos, em janeiro.

Aqui, ela nunca foi “fantasia” (Bolsonaro) ou algo que “não mata tanto” (Trump).

Aqueles que desprezam a humanidade em sua politicagem vão assim, da negação ao espalhafato em dois dias.

Oscilam, como as bolsas, na especulação do que lhes dá mais lucros políticos.

Cortaram o que podiam e o que não podiam cortar nos gastos sociais, saúde entre eles, prometendo o céu e nos deixaram ás portas do inferno em despreparo para uma emergência sanitária que negaram enquanto puderam.

Aqui e também na “matriz” – vejam o cenário dantesco previsto no NY Times – onde se achavam invulneráveis.

Ninguém é, no mundo globalizado, goste-se ou não disso.

Nem a economia, porque ela é, afinal, obra de gente, relação entre pessoas, não entre computadores, que são meio.

Mas, exceção à China, onde um longo feriado (o ano novo deles) ajudou a implantar medidas de bloqueio e paralisação quase total das atividades não-essenciais, com fortíssima ação direta dos governos locais e central, os países decidiram parar aquilo que só muito de leve mexia no mundo do dinheiro, as escolas.

Necessário, por certo, mas insuficiente.

Onde mais você viu – salvo uma ou outra coreana – fecharem-se fábricas para evitar contágio?

Deus Vult, o “Deus quer” das cruzadas que os nossos fanáticos de extrema direita ressuscitaram, bem poderia ser agora trauzido em Pecunia Vult, “o dinheiro quer”.

Apelaram ao teletrabalho, o que é útil, mas inacessível aos trabalhadores em geral, que continuaram circulando compulsoriamente e se expondo à disseminação rápida do vírus. Isolar-se não era opção, pois custaria o emprego. Para muitos, aliás, custará, porque a retração da economia é inevitável e, agora se vê, por tempo extenso.

O que a Folha retrata, com alarmismo, em sua capa de hoje está se reproduzindo nas áreas de classe média, com prateleiras vazias e mercados cheios.

Por experiência própria, sabemos a quem serve a histeria.

Falta-nos, no momento em que mais precisamos, o Estado que se demonizou: o Estado regulador, o Estado provedor, o Estado capaz de se antepor ao tsunami e quebrar o impacto e uma onda terrível.

Ainda há tempo de evitar, embora improvável, uma catástrofe, porque temos uma rede pública de saúde capilarizada (mesmo com o desfalque do Mais Médicos) embora deficientemente equipadas de leitos intensivos – não-intensivos se pode improvisar, se houver pessoal) e de equipamentos de ventilação assistida que, demoram a chegar, se os comprarem.

Infelizmente penso que não será assim.

Não é a hora de uma “DR” entre o Estado e os agentes econômicos, numa reforma tributária, e nem de comprometer seu funcionamento com a administrativa. Muito menos de seguirmos agarrados a um “teto de gastos” quando se precisa gastar para que as pessoas tenham saúde e trabalho.

É hora, sim, de o Estado intervir sobre o domínio econômico, regular seu funcionamento na escala menos comprometedora para a atividade produtiva, que faz pessoas circularem e se expor.

Ou, então, transferiremos a selvageria dos mercados para os mercadinhos, onde quem pegar pegou e se faltar, ‘danou-se”.

Isto é, morreu.

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20 respostas

  1. ——Falta-nos, no momento em que mais precisamos, o Estado que se demonizou: o Estado regulador, o Estado provedor, o Estado capaz de se antepor ao tsunami e quebrar o impacto e uma onda terrível.——

    Esse ESTADO (NÓS) que foi sempre chamado a resolver os grandes problemas , o último,a da crise de 2008 e o aporte generoso do Tesouro yanquee para salvar empresas falidas e a vida do”mercado”.
    Argentina teve seu mnistério da Saúde extinto pelos delinquentes neo-liberais em 2018 !!! aquí foi aprovado o corte de gastos na saúde!!!
    É A HORA DE EXPÔR CLARAMENTE OS MALEFÍCIOS DAS ESCOLHAS DOS NEO-LIBERAIS EM PREJUÍZO DE NÓS ,OS PAGADORES DE IMPOSTOS (não os chamarei de povo).
    Os ricos terão seus respiradores e leitos garantidos e a massa???foda-se?? quando será que os imbecis, (maioría que povoa este país), ,aprenderão????

    uma breve leitura sobre isso ,exposto mais claramente:

    https://www.pagina12.com.ar/252817-la-salud-publica

  2. Coincidência (?) macabra,parece que a quadrilha gosta de matar o dia 14 de março.
    Marielle Franco e Bebbiano.
    A CIA disponibiliza todo tipo de kits “acidente / doença” para seus parceiros.

  3. Não vi ninguém expressar de forma mais firme e correta os riscos de toda a pandemia do que o Brito. Uma voz isolada que previu a dimensão da doença e preveniu a todos sobre as dificuldades de enfrentamento que teria o Brasil em especial.

      1. Verdade. E o país não se preparou nem para abastecer a população com álcool 70% quanto mais 70% gel. Há três dias que procuro e não acho. Igual cabeça de bacalhau e enterro de anão.

    1. A menor intensidade da ocorrência no Reino Unido talvez se desse por conta do isolamento insular das ilhas britânicas. Mas desde que o vírus atravessou o canal da mancha, a curva de crescimento se igualou à do continente. Em apenas dois dias, 12 e 13 de março, 200 novos casos. Uma fantástica teoria da conspiração seria alinhar a pandemia com o Brexit. Resta explicar porque a Europa Oriental tem até agora tão poucos casos.

    2. Absoluta verdade. O Tijolaço foi dos poucos locais a chamar a atenção para o risco embutido na pandemia desde quando ela era ainda um surto. Malgrado algumas “vozes abalizadas” que, inclusive neste espaço, insistiam em minimização irresponsável ou associações espúrias entre a informação sobre a Covid-19 e “alarmismo político”. Agora Inês é morta, ou pelo menos está doente, assim como as economia mundiais.
      Mas novamente o Brito está tendo a primazia de chamar a atenção para algo criminosamente silenciado pelos meios hegemônicos de comunicação: o impacto da epidemia na população mais precarizada e nos desvalidos. Olhe os telejornais e jornalões, e só verá relatos de gente dos estratos médio-alto e alto, falando de home office, teletrabalho e outras coisas inacessíveis ao cidadão comum, em um país onde as relações de trabalho estão, mais que precarizadas, reduzidas à selvageria. Fora da “bolha” demonstrada, o office da doméstica é a home da patroa, e ai dela se adoecer ou faltar. A fila vai andar depressa. Mas isto não é notícia, certo?

  4. A única certeza que eu tenho, é de que tudo nesta pandemia é novo, “diferente” e, na minha opinião, “estranho”. Daqui a um mês acredito que muita coisa já estará esclarecida.

  5. Andam comentando por ai uma coisa estranha. O vírus atacou antes na China, que rapidamente tomou as providências necessárias para controlar a epidemia/pandemia. Por lá, parece que tudo já está sob controle. Já nos outros países, nem tanto. A vem a pergunta fatal: quem comprou as ações barato, no auge do tumulto? Se foram os chineses…

    1. O nome disso é geopolítica e preparo do estado. Os chineses já vem comprando empresas, campos de petróleo e concentrando-se em setores de energia e tecnologia há tempos.

  6. ——Falta-nos, no momento em que mais precisamos, o Estado que se demonizou: o Estado regulador, o Estado provedor, o Estado capaz de se antepor ao tsunami e quebrar o impacto e uma onda terrível.——

    Esse ESTADO (NÓS) que foi sempre chamado a resolver os grandes problemas , o último,a da crise de 2008 e o aporte generoso do Tesouro yanquee para salvar empresas falidas e a vida do”mercado”.
    Argentina teve seu mnistério da Saúde extinto pelos delinquentes neo-liberais em 2018 !!! aquí foi aprovado o corte de gastos na saúde!!!
    É A HORA DE EXPÔR CLARAMENTE OS MALEFÍCIOS DAS ESCOLHAS DOS NEO-LIBERAIS EM PREJUÍZO DE NÓS ,OS PAGADORES DE IMPOSTOS (não os chamarei de povo).
    Os ricos terão seus respiradores e leitos garantidos e a massa???foda-se?? quando será que os imbecis, (maioría que povoa este país), ,aprenderão????

    uma breve leitura sobre isso ,exposto mais claramente:

    https://www.pagina12.com.ar/252817-la-salud-publica

  7. Nos videos da Jovempan no youtube eles colocam algo como Lindinho esta com medo Maia ta com medo. Num cenario em q a cantora Preta Gil e mais 20 bailarinas do programucho da Globo estao em quarentena querer q centenas de pessoas se aglomerem é…
    Esses imbecis nao tem noçao entao q se explodam. Depois vao dizer q a oposiçao
    fugiu do dia 18

  8. ..que o alto contágio agravará esta pandemia, não tanto pelos índices de mortalidade, qq um com bom senso não dúvida ..que se tentar alongar o tempo de contágio (com medidas restritivas de circulação) ajudarão os agentes públicos a suportarem a demanda, hoje isso está mais do que óbvio..
    .. porém, importante notar que hoje na China, já se noticia que o país está IMPORTANDO o virus, qual seja, coibir permanentemente e por longo prazo a atividade econômica pode não ser a melhor saída (talvez a única possivel num 1o momento), principalmente pq a escassez de mantimentos ocorre, não só pela demanda histérica, como pela falta de produção e oferta tb.

  9. Fernando Brito e seu Tijolaço é hoje um oásis em meio de un deserto de idéias e de homens. Fernando Brito e seu Tijolaço tem funcionado como um verdadeiro antídoto contra a loucura e a insanidade coletiva que tomou conta de quase tudo e de todos despois de um longo período de envenenamento a que a sociedade brasileira esteve e ainda está exposta. Parabéns Fernando Brito por esse seu bonito e infatigável trabalho di exército de um homem só.

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