Silêncio de Pazuello é pior opção para o Exército

Continua, revela a Folha, o movimento para que o general Eduardo Pazuello peça ao Supremo Tribunal Federal que lhe reconheça o direito de permanecer calado diante da CPI da Covid.

Mesmo que consiga um habeas corpus para que possa fazer isso sem que incorra nas penas do artigo 342 do Código Penal (calar a verdade como testemunha), a estratégia é desastrosa por um mero e simples motivo: terá de ouvir calado todas as acusações, críticas e suspeitas, colocando a si e à sua condição de general em posição absurdamente humilhante.

Não dá para girar nos calcanhares e dar as costas a acusadores e detratores.

O depoimento de daqui a pouco será importante, porque se vai conhecer o que havia de interesse do governo brasileiro em comprar vacinas de quem as tivesse.

O ex-presidente da Pfizer, Carlos Murillo – um boliviano que vivia há mais de três anos no Brasil e fala e entende muito bem o português – disse, em no dia 9 de setembro passado, em vídeo – que havia “muito boa abertura” do governo brasileiro com a Pfizer. Isso foi três dias antes da carta que, segundo Fábio Wajngarten disse ontem, o CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla, enviou a Bolsonaro, Mourão, três ministros (o próprio Pazuello, o general Braga Netto e Paulo Guedes), além do embaixador brasileiro em Washington, Nestor Foster.

Essa iniciativa tinha o preparo de algum entendimento do governo brasileiro – o que seria de esperar sendo uma carta dirigida à cúpula do governo – ou era uma resposta a dificuldades surgidas nos entendimentos de mais baixo escalão. E não deve ter sido com a Anvisa, porque a empresa teve autorização para seus ensaios clínicos , em todas as fases, em julho do ano passado. Dois meses antes, os testes haviam sido iniciados nos Estados Unidos.

Em julho, fez sua primeira venda ao Governo Trump, de 100 milhões de doses.

As tais cláusulas leoninas, embora absurdas, não deveriam ser obstáculos para a compra, não só diante da lei brasileira (Art. 421 do Código Civil: A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato) como também em qualquer tribunal mundial, pela obviedade do abuso, quase uma chantagem, quando se precisa desesperadamente conter uma explosão de mortes.

Este cronograma, as exigências contratuais e a relação de contatos mantidos entre Murillo, Wajngarten e Pazuello vão colocar os limites por onde o general terá de falar ou, vergonhosamente, calar.

E mostrar a todo o país a que nível de pusilanimidade pode chegar um general no governo em que tantos deles se humilham ante um psicopata.

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