Troque seu cachorro por uma criança pobre…

Leo Jaime, na música que Eduardo Dusek tornou conhecida em todos país, sugere que se “troque seu cachorro por uma criança pobre”, pedindo que se “Seja mais humano/ Seja menos canino/ Dê guarita pro cachorro/ Mas também dê pro menino/ Se não um dia desse você/ Vai amanhecer latindo”

Pois não foram poucos os latidos, nas redes sociais apoiando o monstruoso chicoteamento – amordaçado, nu e amarrado – do adolescente que furtou um chocolate de um mercado em São Paulo, que não despertou tanta revolta quanto a morte do cachorrinho brutalmente morto a pancadas pelos seguranças do Carrefour.

O filho do presidente, Eduardo, chegou a postar vídeo dizendo que quem fez aquilo com o cão não merecia o nome de ser humano. Ninguém da família presidencial lamentou que um ser humano tivesse sofrido o que nem um animal merece passar.

A imprensa, por sua vez, não aprofunda a investigação. Os dois seguranças apontados como autores da sessão de torturas pertenciam à KRP Zeladoria Valente Patrimonial, de propriedade de um coronel da PM paulista, Claudio Geromim Valente, que esteve envolvido, 20 anos atrás, no assassinato de uma jovem de 19 anos, conforme relato da Folha:

O crime aconteceu às 11h30. Segundo a polícia, o [então]tenente Claudio Geromin Valente, 29, e três outros PMs estariam revistando o menor A.S.F., 16, na favela Lacônia 2, em uma ruela de dois metros de largura, quando a metralhadora Beretta de Valente teria disparado por acidente. A empregada diarista Valdirene Francisco Alves, 19, que estendia roupa na frente de seu barraco, foi atingida.
Segundo os moradores da favela, Valente estaria sozinho e agredia o menor a coronhadas. A.S.F. teria se esquivado de um golpe e a arma, esbarrando em seu ombro, teria disparado.

Fica a dúvida sobre quais eram as instruções dadas aos seguranças no caso de flagrarem alguém furtando. Era chamar as autoridades ou “dar uma dura” para “não voltar mais aqui”, como teria ameaçado um dos dois espancadores?

Afinal, não custa dar a milhares de donos de empresas e seguranças de lojas uma lição – sem chibatadas – de que gente tem, pelo menos, o mesmo direito a não ser surrada como um cão.

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17 respostas

  1. O Brasil seguindo o seu destino de povo gado. Onde um ser humano não pode ter o direito de ser tratado com um cão.
    O Bozo está fazendo o trabalho direitinho, pois essa é a índole dele.
    Fascistas, vocês estão certo.
    Não verão país nenhum.
    Valeu Globo!
    Obrigado PSDB.
    #lulalivre

  2. Acho péssima a idéia de comparar os dois casos,Brito. Desculpe. Não há porque desmerecer quem se revoltou (como eu) com a estupidez do crime contra o cão de rua no Carrefour. O Brasil precisa avançar muito para ser medianamente civilizado em defesa dos direitos dos animais. Aqui há quem maltrate, torture, mate ou abandone animais com a maior naturalidade, diariamente e na maior crueldade, embora seja um crime. O horror cometido contra esse rapaz chicoteado, assim como outros horrores cometidos diariamente contra os jovens negros e pobres em todo o país, é de outro naipe, entretanto. Julgo mais importante compara-lo ao tratamento que a polícia e a sociedade “branca” dão aos jovens brancos de classe média para cima. Quantos deles fazem o que bem entendem (atropelam, roubam, matam, estupram, etc) e saem impunes graças à cor da pele e ao dinheiro do papai?

    1. No quesito estupro temos o herdeiro da RBS, em Santa Catarina, há alguns anos. O verme, retirado do Brasil, esteve hospedado no apartamento de embaixador brasileiro em Nova York. Passou algum tempo fora e hoje se encontra desfilando sua psicopatia por Florianópolis. Inclusive, é responsável por atropelamento com morte, numa de suas noitadas de bem nascido. Mas, não está exposto aos riscos de ser chicoteado ou algo assim. Papai e mamãe são amigos de quem importa no judiciário e tem a atenuante de ser judeu rico. Além disso, o que sua turma costuma roubar não é chocolate.

    2. Péssimo é ter mais dó de um cão do que de um ser humano.
      Não que o cão mereça tortura ou maus tratos, mas entre um cão e um ser humano …
      Brito está correto!

  3. Nem pessoas, nem bichos e nem plantas escapam da fúria destas “coisas”. Criaturas que cometem tais atos contra outros seres vivos não podem ser chamados de outro modo senão de “coisas”. E é muito sério: ou os seres humanos começam a se livrar destas “coisas” ou se tornarão reféns delas.

  4. Fome, humilhação e dor. E, sem empregos, os únicos caminhos possíveis: contravenções e crimes.
    Esse é o futuro dos meninos pobres no Brasil, em governos de tipos como bolsonaro.
    Mas a desgraça também vai chegar aos que fazem e/ou apoiam o que aconteceu com esse garoto.
    Esses lixos humanos pensam que esse garoto não tem parentes e amigos que se revoltaram com isso?
    Ou que não temos todos familiares e amigos os quais também correm o risco de passar por coisas desse tipo?
    Ou que quem faz isso vai se limitar a fazer isso só com pretos e pobres e não vão se sentirem poderosos e fazer isso também com qualquer um que esteja vulnerável?
    E quando os filhinhos e filhinhas de papai também estiverem sujeitos a passar por esse tipo de coisa, como a sociedade vai reagir?
    E quando a segurança estiver inteiramente nas mãos das milícias e do crime organizado? Os ignorantes das classes superiores acham mesmo que vão continuar sendo poupados?
    É bom que acordem a tempo, caso contrário, correrão tanto ou mais riscos que os pobres, já que terão muito mais a perder (e os criminosos a ganhar).
    O único meio de evitar isso é por esse governo para correr e colocar no poder gente comprometida com O RESPEITO À DEMOCRACIA, AO ESTADO DE DIREITO, AOS DIREITOS HUMANOS E À EDUCAÇÃO.
    Vai demorar para voltarmos ao que éramos há dez ou vinte anos atrás e vai demorar ainda mais para nos tornarmos um país mais civilizado. Mas ao menos vamos parar de retroagir.

  5. Os criminosos ameaçaram o rapaz de coisas piores, caso ele os denunciasse.
    Ele não denunciou, foi reconhecido por um vídeo postado pelos agressores e por isso o caso veio à tona.
    Quantos outros passaram por situações semelhantes e se calaram?
    Esse, se Deus quiser, vai se dar bem, pois vai conseguir uma merecida indenização do supermercado.
    Os outros vão conviver pelo resto da vida com as consequências do que passaram.

  6. … Hoje, eu estive pensando:
    uma penitenciária deveria ser um local de lamento público,
    social…
    As pessoas deveriam organizar romarias, caravanas,
    reunidas, chorarem, copiosamente;
    imaginar-se no local dos detentos,
    por exemplo, pensar a pomposa sentença:
    “15 anos, três meses e nove dias de reclusão”!
    Uma penitenciária talvez seja o local mais simbólico a demonstrar a falência
    de uma sociedade… Sim, cada um – em sua liberdade – é responsável pela população carcerária.
    O Estado que fracassou!
    Vidas arruinadas.
    Ao invés de olharmos com desprezo, insensibilidade…
    (…)
    Em certas horas
    estarmos sendo governados pelos maus
    nos faz enxergar verdades recônditas!

    1. PRECIPÍCIO

      O fogo do Inferno
      a nos tragar o medo,
      a tristeza,
      a desesperança
      (…)
      porém,
      não se enxerga
      as roupas rotas,
      a fome nos lábios,
      a morte!
      Uma paz celestial
      nos acompanha
      ao cume do circo!

  7. Dói deduzir a partir de acontecimentos passados, que este caso não vai dar em nada, assim como o Helicoca, a morte de Mariele Franco, o Queiroz, Brumadinho, Mariana…

  8. O menino que apanhou, os caras que bateram, todos são a versão humana do cachorro morto no mercado. Todo mundo é tratado como lixo, esses seguranças só conhecem isso, só receberam isso da famílias, da tv, dos amigos, da sociedade, estamos todos fodidos!

  9. Esses agressores são os “guardas da esquina” de que falava Pedro Aleixo, quando da aplicação do AI-5 em 1968, pelo gen. Costa e Silva.
    Os discursos carregados de ódio do Boçalnaro estão dando resultados. E não me surpreenderia se esses moleques fossem negros também. Capitães do mato.
    E sempre no meio da violência está um ex-PM.

  10. Nosso menino humano, sinta-se abraçado, acolhido e amado. Perdoe-nos por estarmos parvos diante da dor que no teu corpo nos dilacera. Escreverei para você um livro. Um livro que te acolherá e estancará tua dor-nossa. Perdão por sermos miséravelmente ridículos.

  11. De vez em quando você volta a essa comparação falsa, desnecessária e, acima de tudo, primária. Não ataca as causas do problema, não se direciona a quem agride e/ou sustenta o sistema de violência e exclusão social, enquanto ofende gratuitamente quem ousa demonstrar compaixão com seres vivos não humanos. Quem abandona animal na rua é a classe média entediada. O morador de rua, o catador de papel, estão sempre acompanhados dos seus cachorrinhos, que eles tratam da melhor maneira possível, dentro dos seus recursos. Todos são vítimas das mesmas carências, da mesma exploração, da mesma miséria. Compaixão não tem medida, amor não tem preferência.
    O teu raciocínio é, acima de tudo, primário. Se eu quisesse esse nível intelectual, estava lendo ISTOÉ. Acabo de cancelar minha contribuição recorrente ao blog. Vou gastar tudo em ração pros cachorros de rua.

  12. Por favor!!! Mais uma infeliz comparação para achar que os cuidados e os não cuidados, em relação aos maus tratos aos animais, falam maior do que em relação a um ser humano. Lamentável! Pessoas e animais não devem sofrer maus tratos sob hipótese alguma. A indignação deve ser para todos, bem como a Lei. Já verificaram quantos anos leva de cadeia cada crime ,para seres humanos e animais? E o que acontece de fato? Devemos nos indignar com qualquer crime, pessoas não são coisas, nem tampouco animais. Respeitemos a todos!

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