Os mais novos talvez não se lembrem, mas como nos antigos manicômios, o Brasil era dado a políticas de “choque”. Choques antiinflacionários (congelamentos/tabelamentos de preços), “choque de capitalismo (avant-première de Mario Covas, em 1989, das privatizações de FHC , “choque de ordem” dos prefeitos para porem a correr os pobres camelôs das ruas, quase todos tão cruéis e ineficazes quanto os que se davam (e ainda dão) nos pobres pacientes psiquiátricos.
Aqueles, como estes, não curam, mas deixam efeitos que não podem ser apagados nem naqueles que, por uma ou outra razão, voltam para perto da dita “normalisdade”.
O choque de preço dos combustíveis é mais um destes, com a característica de que seu efeito ruinoso pôde ser visto quase de imediato.
Uma inesperada ressurgência da epidemia de casos da Covid na China fez tremerem as expectativas de crescimento econômico do gigante da Ásia e, com isso, os preços do petróleo levaram um tombo quase tão espetacular quanto foi o salto com a eclosão do confronto entre a Ucrânia e a Rússia e a aplicação das sanções ocidentais ao governo Putin.
Voltaram à casa dos 100 dólares o barril, até um pouco menos, o mesmo preço que tinham no início dos conflitos armados.
O gradualismo na elevação dos preços nos livraria da imensa gama de efeitos colaterais que se detonou no Brasil.
Ainda mais porque as leis de Newton, na economia brasileira, são incomuns e em lugar do “tudo o que sobe tem de cair”, temos aqui o “tudo o que sobe não baixa”, ou só baixa “só um pouquinho”.
Mesmo com preços mais baixos, continuaremos pagando caro, porque não temos um governo que aja com prudência e não apenas com rompantes e desafios.
Choque, Jair, nem para doidos.