Turbulência adiante

Os dois meses e meio até a provável posse de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos prometem ser terríveis.

Donald Trump, em seu discurso inacreditável de ontem à noite mostrou que não vai entregar a Presidência calma e civilizadamente. A enxurrada de pedidos de recontagem – e muitas vão ser aceitas, pela diferença microscópica dos resultados – vão alimentar, no trumpismo mais radical, a tendência a agitação e conflitos, por mais que Joe Biden peça calma aos cidadãos.

As grandes redes de comunicação – emissoras de TV, jornais e as gigantes das redes sociais estão tentando – seja cassando a palavra de Trump ou marcando seus tweets como enganosos (e são) – evitar que isto ecloda.

A meu ver, inutilmente, porque Donald Trump já fez antes – e muitas vezes – afirmações mentirosas e antidemocráticas e não foi censurado por seus apoiadores, que chegam perto de 70 milhões e representam 48%, quase, do eleitorado.

Há, portanto, base política e social para seus delírios autoritários.

Nos Estados Unidos e também na Europa, onde a necessidade de adotar novas medidas restritivas – só ontem foram novos 314 mil casos e 3,7 mil mortes – está criando um clima de contestação que não se viu na primeira onda da doença, em março e abril.

E não descarte – porque nem seria inédita – uma ofensiva de Trump para envolver a China no desfecho negativo – para ele – do processo eleitoral.

Trump fará de tudo – e alargue suas ideias sobre o que seria tudo – para que, sendo forçado a entregar a presidência, o faça num quadro de turbulência e crise que reforce que seu tempo, marcado por crises e mortes numa escala nunca vista, eram os “good times”.

É num mundo assim que teremos de enfrentar nossos próprios problemas, de que trato no próximo post.

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