Um major e um capitão

Diz a sabedoria popular que não se pode dar asas a cobras.

Pois as nossas cobras, peçonhentíssimas, estão desdobrando as suas penas e se preparando a hora do bote.

Tenho dito aqui que os comandos militares não estão pressionados não apenas por Jair Bolsonaro e pelo grupo de generais que o acompanha no Planalto.

Hoje, dois cientistas políticos ouvidos pela BBC, alertam para o fato de que, na média e baixa oficialidade das Forças Armadas campeiam a agitação e os ímpetos subversivos produzidos pelo presidente da República.

Um deles, Octavio Amorim Neto, professor da Fundação Getúlio Vargas, diz que que há uma “situação muito turva, ambígua [que] vai gerando riscos crescentes de, de repente, um ator individual menor, tomar uma decisão mais ousada e o processo desandar para uma grande crise política”.

De fato, como fazer quando um capitão ou um major indisciplinado fizer, de público, coro aos apelos golpistas das falanges bolsonaristas?

Como é que os seus superiores vão dar-lhe punição dura e exemplar? Como lidarão com um “herói” do gado?

Ou será que vão repetir a falsa punição dada por Eduardo Villas-Boas quando um então general, o hoje vice-presidente Hamilton Mourão, insurgiu-se contra a presidenta da época, Dilma Rousseff.

Neste caso, mais complicado ainda, porque e uma subversão da hierarquia em apoio ao comandante em chefe, mas passando por cima de todas as cadeias de comando.

A dubiedade com que os comandos das Forças Armadas, para não melindrar o ex-capitão e seus generais, sinaliza fraqueza e dá às cobras as asas que podem usar.

O que o filho presidencial ameaçou fazer ao STF com um cabo e um soldado não está muito distante do que pode acontecer aos comandos militares com um major e um capitão.

 

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14 respostas

    1. “Pegar fogo nunca foi atração de circo, mas de qualquer maneira pode ser um caloroso espetáculo” (Rita Lee)

  1. É grave a situação, ainda mais se somarmos a este contingente de FASCISTAS as PMs nos Estados.
    Recentemente experimentei frequentar um destes ambientes, que horror ..preconceito, desinformação, ABUSO DE AUTORIDADE pra impor a sua versão, é o que mais se vê partido dos dvs comandantes ..inclusive os ensinamentos, vejam vocês, de OLAVO DE CARVALHO, o astrólogo exilado.
    Majores, capitães e tenentes lidam com sargentos, cabos e rasos, pessoas normalmente que já são PROPENSAS (cultural e psicologicamente) a acatar – sem questionar – a autoridade presente, quanto mais a opinião dum dito “superior”, pessoas que carecem, vez em sempre, dum mínimo de formação e INFORMAÇÃO tb.
    É UM ENROSCO que, espero mesmo, que o choque de realidade que o COVID nos trás, possa ao menos destensionar parte dessa fúria IRRACIONAL que esta sendo fomentada, não é de hoje, nos quartéis da Republica ..mesmo que a custa de MILHARES de cadáveres que, sem saber, estão nos servindo de mártires pela democracia.

  2. É grave a situação, ainda mais se somarmos a este contingente de FASCISTAS as PMs nos Estados.
    Recentemente experimentei frequentar um destes ambientes, que horror ..preconceito, desinformação, ABUSO DE AUTORIDADE pra impor a sua versão, é o que mais se vê partido dos dvs comandantes ..inclusive os ensinamentos, vejam vocês, de OLAVO DE CARVALHO, o astrólogo exilado.
    Majores, capitães e tenentes lidam com sargentos, cabos e rasos, pessoas normalmente que já são PROPENSAS (cultural e psicologicamente) a acatar – sem questionar – a autoridade presente, quanto mais a opinião dum dito “superior”, pessoas que carecem, vez em sempre, dum mínimo de formação e INFORMAÇÃO tb.
    É UM ENROSCO que, espero mesmo, que o choque de realidade que o COVID nos trás, possa ao menos destensionar parte dessa fúria IRRACIONAL que esta sendo fomentada, não é de hoje, nos quartéis da Republica ..mesmo que a custa de MILHARES de cadáveres que, sem saber, estão nos servindo de mártires pela democracia.

    1. Presto serviços para a PM, e o que vejo entre eles é 100% de apoio ao “mito”. A bomba está prestes a explodir.

  3. É surreal. Sociedade e governo deveriam estar discutindo a implementação de medidas de prevenção contra a pandemia, ações emergenciais para geração de empregos, reconversão da indústria para fabricação de equipamentos hospitalares, pesquisa de remédios, vacinas, etc, mas estamos aqui enfrentando um bando de dementes tramando um GOLPE MILITAR. No meio de uma PANDEMIA. Inacreditável. Me diz um país desenvolvido que tenha um governo tomado por militares. Bizarro.

  4. se me permite um spoiler: acho que se um capitão se apresentar para desrespeitar a hierarquia, ele será afastado com carinho para poucas décadas depois, se eleger presidente ao lado daqueles que o afastaram.

  5. A QUAL “EXÉRCITO” O SENHOR SE REFERE?Ao brasileiro?Ora!Ora!Ora! Senhor Fernando!Quem sabe,escrever-se o ORA,com a letra “H”? HORA!HORA!HORA! Senhor FERNANDO!!!!!!!!!!!

  6. No topo da pirâmide do poder, está o grande capital. Se este decidir pelo estado policial e os militares toparem, assim será. O resto, stf e grande mídia, vão bater continência, como sempre.

  7. Esse perigo realmente existe, mas devemos situar sua extensão. Há espaço para uma quartelada puramente militar hoje na sociedade brasileira? Em 1964 não havia, os granadeiros assanhados de então se movimentaram muito bem amancebados com as vivandeiras da ocasião; daí os historiadores na atualidade serem quase unânimes em apontar 1964 como uma ditadura civil-militar.

    Em 1964, os três principais governadores estavam no golpe e nenhum deles era um paraquedista recém caído no cenário político, sem uma estrutura partidária solidamente enraizada nos seus estados e no plano nacional. Hoje, apenas o Dória, embora novato, exibe um partido que possa se chamar por este nome e tem, ao menos, uma história familiar de passado político, mas se manifesta independente de Brasília e mostra desejo e objetividade em tomá-la, não para o uso do capitão. No Rio há um neófito na política, sem projeção partidária nacional, mas esperto o bastante para ser reticente com o capitão. Só em Minas há um bronco, um raio em céu azul das alterosas, daqueles que antigamente chegavam no Rio e compravam o bonde, o Pão de Açúcar e um apartamento no sub-solo do Caju; em termos políticos, é um coió igual. Um golpe militar na atualidade seria à revelia e contra toda a estrutura político-partidária organizada, o que não foi o caso de 64.

    Em 1964, havia editoriais nos órgãos de imprensa representativos da plutocracia, com títulos sugestivos como “Fora” e “Basta”, dirigidos contra o ocupante daquela hora no planalto; hoje lemos coisas semelhantes, não tão agressivas de fato, na mesma imprensa da plutocracia, dirigidas contra… o ocupante desta hora no planalto.

    A FIESP, a grande representante dos industriais em 1964, estava mobilizada pro golpe; a FIESP de hoje não tem mais industriais, mas parece que não está a exibir os seus patos nessas manifestações de doidivanas em apoio ao capitão, aparenta mais afinidade com o Dória. Por que o patronato haveria de promover um ruptura agora do regime, se há chances reais de emplacar um candidato seu no poder daqui a dois anos? Se o Maia e o Alcolumbre estão ofertando todas as reformas que eles reivindicam, por que haveriam de apoiar um golpe para afastar esses dois?

    O golpe de 64 foi precedido da marcha pela família, liderada pela ICAR, com massiva mobilização da classe média. O que vimos no domingo em frente ao Planalto foi algo pífio. O gado se juntava no alambrado em frente e, filmado da rampa, era visível o espaço da pista vazio detrás até o alambrado seguinte, a ponto de ser possível ver inteiras as faixas lá fixadas. Tinha seguramente menos de dez mil pessoas ali, um nada, diante da população da capital, e menos do que nada, quando se sabe que caravanas de gado foram conduzidas pra lá, arrebanhadas em diferentes pastagens de diversos estados e cidades do país. Nenhuma liderança expressiva dos meios políticos ou religiosos lá se encontrava.

    Um golpe hoje puramente militar seria uma quartelada de república bananeira, em pelo século XXI, numa das dez maiores economias planetárias. Seriam as viúvas inconsoladas de 1964 capazes de tal ousadia? São viúvas póstumas, ninguém abaixo do posto de general era sequer nascido em 64 e os generais eram crianças de no máximo uns dez anos. Entre os capitães, deve haver muito poucos que estavam neste mundo quando o Figueiredo deixou o Planalto pela porta dos fundos.

  8. A história latino-americana é rica ( lamentávelmente)em processos de quebra da ordem por parte dos cães do tio sam.
    Para sua concreção existem muitos fatores que precisam estar alinhados para ter sucesso.
    E existe um fundamental,a do apoio explícito ou implícito da maioría da população.ELES NÃO TEM ISSO AGORA. SÓ A MATILHA ,DA QUAL ELES TAMBÉM FAZEM PARTE.
    É óbvio que não é possível descartar aventuras dos candidatos a ditador que existem em particular nas nossas (nossas????) ffaa.
    Ainda mais quando são treinados na falácia de ser os “guardiões da moral da república” (todo em minúscula).
    O genocida miliciano e seu “sucesso” é um incentivo a um “ser” com uma mente já limitada e ainda treinada que nem cão de guarda.
    Eles estão definitivamente queimados com a população ,todo o processo acontecido no GOLPE e no governo quadrilheiro,abriram os olhos de muitos que ainda procuravam o “militar brasileiro nacionalista”.

  9. Em diversos países no mundo tivemos revoluções, guerra civil, para acabar com a tirania, exploração, arbitrariedades, atrocidades, corrupção, foi assim na Rússia, China, Cuba, Espanha, Portugal, EUA, em diversos países africanos, mas o Brasil é sui generis aqui a revolução é para retroceder ao arbítrio, falta de liberdade, violência, preconceito, ditadura e o pior é que parte da sociedade luta contra seus próprios direitos é inacreditável, as pessoas hoje não raciocinam por si mesmas dependem das redes sociais para fazer o que os ignorantes do poder querem, total falta de bom senso é o verdadeiro pobre de direita, quanta falta de conhecimento e quantas parcelas da sociedade adeptas dessas barbaridades como o legislativo, mídia corporativa, empresariado que vive de dinheiro público, mercado financeiro, se contar isso em algum país civilizado vão dizer que é mentira.

  10. E passo a passo vai se cumprindo a profecia, da direita que dizia que a Venezuela íamos virar.

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