Vacina: nem tão cedo, nem para tantos

Vacina contra Covid-19 não deve ser oferecida para toda a população, diz Ministério da Saúde, diz a manchete da Folha esta manhã.

É admissão, afinal, do que era óbvio, por várias razões e a maior delas é a lentidão do Governo Federal em procurar acordos com os fabricantes das potenciais vacinas, a demora em quase três meses da adesão brasileira à iniciativa Covax, da Organização Mundial de Saúde e a recusa ideológica em apoiar os testes da vacina chinesa.

Claro que agora se junta mais um complicador: a necessidade de uma nova bateria de testes da vacina Astrazêneca-Oxford, o que deve atrasar em pelo menos dois meses a sua aprovação sanitária.

Já tinha sido dito aqui e é claro que não haveria possibilidade de cobertura vacinal em curto e nem mesmo a médio prazo.

Agora, fala-se em imunizar um terço da população até o fim do primeiro semestre e a metade até o final de 2021, ambas hipóteses otimistas, porque demandariam, respectivamente, pouco mais de 200 e 400 milhões de doses e tudo o que temos contratado até agora são 140 milhões (100 milhões da vacina de Oxford e 46 milhões da Coronavac).

Todo o resto é intenção e intenção não vai bastar diante da demanda mundial.

A verdade é que um governo negacionista em relação à pandemia como o que temos não iria – e não vai – dar à aquisição e à produção local de vacinas a prioridade que deveria ter.

E é o mesmo nas declarações presidenciais absurdas de que quem não quiser tomar a vacina está decidindo apenas sobre sua vida. A cadeia de transmissão pode passar por alguém – como ele se diz – com “histórico de atletas” sem maiores problemas e se transmitir para seu pai, sua mãe ou seu amigo com resultados letais.

Esperemos, portanto, que tenhamos todos vacinados apenas em 2022. E, preferencialmente, vacinados também para a estupidez que contaminou o país.

 

 

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *