Um consórcio da grande imprensa – O Globo, Valor, G1, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e UOL – anuncia que está convidando os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas para um debate no dia 14 de setembro, pouco mais de 15 dias antes da eleição.
Não creio que vá acontecer ou, ao menos, que vá acontecer com a presença de Jair Bolsonaro.
Que, aliás, pode cobrir oficialmente a recusa com um de seus “camarões entalados” e alegar problemas de saúde e em cima da hora, para criar uma “saia justa” para que Lula se sinta obrigado a comparecer para ser atacado por Ciro Gomes e Simone Tebet.
A campanha de Bolsonaro não se faz com argumentação e convencimento, como são características de um debate. Comparecendo, ficaria diante de uma faca de dois gumes: sua “torcida” exige um comportamento feroz, que é geralmente ruinoso para o público em geral.
Já que ele gosta tanto de se mirar em Donald Trump, deveria lembrar-se de como Joe Biden ali consolidou sua vitória. E Trump, todos sabem, está como peixe na água dentro de um estúdio de TV.
É verdade que este é o único clima em que se sai bem, porque corresponde à sua natureza, porque nos argumentos é simplório, despreparado e vulnerável nos atos e omissões de seu período de governo.
Uma tarde de formulação de respostas aos pontos já sabidos em que se apoiará – pautas “morais”, os processos da Lava Jato e suas condenações – deixará tais questões “lacradas”.
Além do mais, a data de 14 de setembro tira do debate a possibilidade de que ele seja usado como convocação e agitação para o ato que pretende golpista.
Diz-se nos jornais que “assessores” de Bolsonaro teriam “convencido” a participar do debate. Certamente, do mesmo modo que disseram, varias vezes, terem-no convencido a não atacar mas as urnas, os tribunais, a democracia…