Vazias ou cheias, as ruas hoje são um problema para Bolsonaro

Chegou o dia da exposição do “bolsonarismo-raiz”.

Hora de mostrar se à algazarra virtual que promovem, com ou sem o auxílio de robôs cibernéticos, corresponde igual quantidade de pessoas reais, furiosas e ensandecidas, a gritar em defesa do “mito”, ainda que pífio seu desempenho desde que assumiu o trono.

E é curioso que, neste desafio, tudo seja derrota para seu projeto de, com os atos de hoje, acumular poder para seu projeto de tornar-se mais forte diante daqueles a quem pretende submeter.

A equação é paradoxal: ruas vazias, apenas com grupos, ou mesmo aglomerações de proporções modestas são derrotas óbvias, claro.

É a tendência, ao menos até onde a percepção política razoável de tanto grupos, aliados até há pouco, pulando do barco do pirata que assaltou o poder. A dissensão é o traço mais marcante entre eles e a radicalização de posições, a muito custo contida, não contribui para que ocorra o que já não ocorria quando Bolsonaro virou favorito nas eleições.

Da mesma forma, não há mais o entusiasmo da mídia a buzinar que “famílias inteiras vêm aproveitar o domingo de sol na Avenida Paulista”, que se repetia a cada manifestação “coxinha”. Não é mais um programa de “bacana” vestir a camiseta da seleção, produzir-se com maquiagem e contribuir para “espantar o comunismo” ao lado dos impropérios de Olavo de Carvalho, o aparelho excretor da Filosofia.

Mas, como lógica e racionalidade são coisas que andam falhando no país, o que acontecerá se as ruas, ainda que de forma modesta, encherem-se de gente masoquista ao ponto de defender a recessão, a ditadura e a cassação de seus próprios direitos, posto como está o apoio à reforma da Previdência.

Não se descarte a possibilidade, por irracional, porque os ódios, o fanatismo e o espírito de seita estão aí mesmo, ainda muito vivos.

Bolsonaro estará mais forte? Sim, no sentido de dispor de forças próprias, mas não no sentido de com isso reaproximar os aliados de que precisa para governar.

Terá presas a mostrar e falta a seus aliados, a esta altura, a confiança de que elas são inofensivas para eles.

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10 respostas

  1. Seremos o único país do mundo em que parte da sua população sairá às ruas para exigir a aprovação de uma lei que aniquilará com seu direito à aposentadoria. Trocarão a carteira azul pela verde e amarela. Se pensam que manterão seus empregos garantidos pela Previdência Oficial, estão redondamente enganados. O que verão será demissão em massa, obrigando-os a aceitarem novos empregos, via carteira verde e amarela. Terão que pagar por sua própria aposentadoria, a mesma que foi implementada em 30 países, dos quais 18 já retornaram à Previdência oficial, devido à miséria que se instalou entre os aposentados por essa forma cruel de capitalização. Nossos empresários não hesitarão em demitir, pois seu único objetivo é o lucro fácil e maior. Nessa paranoia de reforma, os empresários entrarão com o pé e os trabalhadores com a bunda. A que ponto chegou a estupidez, a burrice e a cegueira desses que seguem um “mito”. Cegos conduzidos por um cego. O abismo os espera.

    1. Num futuro nem um pouco distante, sociólogos, filósofos, psicólogos e psiquiatra queimarão os neurônios no esforço de entender o que levou tanta gente no Brasil a fazer essa “Opção Jim Jones”, aquela do suicídio coletivo!

    2. Luiz, infelizmente parte da população brasileira vai ter que sentir na pele o que é o tal de “Estado Mínimo”…A recessão economica que se aproxima a passos largos, vai atingir também a classe média que se acha elite….É triste, mas tem gente que só aprende sofrendo, e muito.

  2. Será que estes doentes e fanáticos que pretendem se manifestar contra a democracia sabem nos dizer quem mandou matar Marielle? E o Queiroz, um miliciano bostonarista-raíz, onde está escondido? Por quê o MP ainda não pediu sua condução coercitiva?

    #LulaLivre

  3. As manifestações a favor do Governo hoje vão parecer como naqueles “días de eleições na Bruzundanga”, o “espetáculo mais ineditamente pitoresco que se pode imaginar” cheio de “sujeitos horrendos“…

    “Na capital da Bruzundanga, …..
    As ruas ficam quase desertas, perdem o seu trânsito habitual de mulheres e homens atarefados; mas para compensar tal desfalque passam constantemente por elas, carros, automóveis, pejados de passageiros heterogêneos. O doutor-candidato vai neles com os mais cruéis assassinos da cidade, quando ele mesmo não é um assassino; o grave chefe de secção, interessado na eleição de F., que prometeu fazê-lo diretor; o grave chefe, o homem severo com os vadios de sua burocracia, não trepida em andar de cabeça descoberta, com dous ou três calaceiros conhecidíssimos.
    A fisionomia aterrada e curiosa da cidade dá a entrever que se está à espera de uma verdadeira batalha; e a julgar-se pelas fisionomias que se amontoam nas secções, nos carros, nos cafés, e botequins, parece que as prisões foram abertas e todos os seus hóspedes soltos, naquele dia.
    Quase a tremer, no alevantado fito de influir nos destinos da Pátria consegui atravessar por entre duas filas de homens de aspecto feroz, que me olhavam desdenhosamente.
    É quando naquele momento que “se aproximaram e, fingindo que o faziam às ocultas, começaram a examinar facas, punhais, estoques, garruchas, revólveres, que traziam. Via perfeitamente tais armas e descobri que mesmo para isso é que eles tal cousa faziam.
    Fascinaram-me e não pude desviar o olhar. Foi a minha desgraça, Deus dos Céus! Um deles ergueu o chapéu ao alto da cabeça e fez para mim, encarando-me com horrorosa catadura:
    — Que está olhando?
    — Nada, não senhor; respondi eu.
    — Vá… Você está aí com parte de siri sem unha… Arreda!
    E, sem saber como, vi-me envolvido em um formidável rolo e levei uma porção de pauladas e quatro facadas.
    Mandaram-me para a Santa Casa, onde meu amigo Hanthônio me foi visitar:
    — Que foi isto? perguntou-me.
    Direitos políticos.”

    fim de citação

    Creio que hoje vão-se os golpistas pangarés, e voltam a cena os golpistas puro sangues, aqueles incapazes de vencer uma eleição presidencial sem se valer de Golpes, aqueles incapazes de gerir para todos e minimamente a política econômica sem lançar o país no trilho da destruição e na depressão econômica. Está provado, os golpistas são incapazes para as tarefas mínima de governar em democracia, são incapazes inclusive na sua permanente autofagia a cruzar o Rubicão e impor ao país aquilo que é o desejo mais ou menos oculto em 10 entre 10 canalhinhas brasileiros: a forma política predominante de nossa triste história (ou seria sina): uma ditadura com tintes tecnocráticos.

  4. Não sei. E se hj as ruas encherem? Vai ser uma demonstração de força. Aí, tudo dependerá do covarde STF ou do congresso, que também não é lá um exemplo.

  5. O Bozo quer ser um “Lula” para a direita, pois quer ter um público fiel de 30% (algo que ele só tinha 5% de ultra reacionários antes das eleições, mas que nas eleições se juntou com ultraliberais e com liberais para formar mais de 40% – já que considero os que não votaram ou anularam o voto). Lula também conquistou em toda eleição o patamar mínimo de 25%. Aí é difícil para esquerda outra alternativa que não tenha as bençãos do Lula. Já o Bozo quer ter esse patamar mínimo, principalmente conquistando pessoas além de seu núcleo duro (núcleo duro seriam ultra conservadores e elitistas que antes das eleições eram em menor número que liberais que geralmente votavam em PSDB e são a favor de políticas neoliberais). Daí Bolsonaro entra com o discurso de vítima para conquistar o classe média baixa que quer não se misturar com o pobre (mas que eram públicos do Lula). Espero que a esquerda acorde e demonstre que o Bozo não é vítima, que o Bozo faz toma lá dá cá e que faz política elitista, anti-trabalho. Os partidos de esquerda estão dormindo, enquanto estão deixando o monstro se fortalecer.

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