O petróleo continua a ser um negócio das Arábias

aramco

A imprensa brasileira, em geral, está “comendo mosca”.

Muito preocupada em dizer que a crise da Petrobras é fruto das roídas dos ratos que por lá andaram, minimizando os efeitos da estúpida crise mundial do petróleo, pouco ou nada falou do que a revista The Economist publicou, indagando se será “A venda do Século”.

A Aramco, companhia estatal que controla a produção de petróleo na Arábia Saudita  cogita vender uma parte não especificada de seu capital, hoje totalmente sob controle do Governo.

A empresa (que nasceu com o nome de California-Arabian Standard Oil, vejam só…)  pode fazer de volta o caminho que percorreu desde que, nos anos 70, começou a ser progressivamente assumida pelo estado saudita, na década seguinte.

Tem 261 bilhões de barris em reservas e extrai, por dia, mais que toda a América Latina, incluídos aí Venezuela e Equador, dois megaprodutores e exportadores de óleo: 11 milhões de barris.

Há pouca informação, mas parece evidente que o rebaixamento do preço do petróleo a níveis absurdamente artificiais apertou os sauditas a um ponto em que já não podem suportar, quando a política do país foi recusar a posição de outros integrantes da Opep para reduzir a produção e impedir parte da queda.

“Tudo está sobre a mesa. Estamos dispostos a considerar opções que não estavam dispostos a chegar em nossas cabeças em torno no passado “, diz um funcionário da Aramco à The Economist.

Os nossos amigos “economistas-contadores”, que só enxergam contas e planilhas bem que poderiam explicar porque é que, segundo a  consultoria Rystad Energy, citada pela revista, os EUA conseguem  sustentar a viabilidade de sua indústria de petróleo – especialmente a do “shale oil” extraindo a um custo duas vezes superior ao preço de venda até por de joelhos os sauditas, que ainda retiram o barril por metade do valor oferecido pelo mercado.

(Aliás, num parêntesis, a um custo bem semelhante ao do pré-sal brasileiro).

A resposta que eles não podem dar é a de que petróleo é política.

Não é uma simples gosma viscosa e fedorenta, é  parte inseparável de qualquer projeto de soberania nacional.

Até lá na Arábia Saudita, onde transformou alguns chefes tribais seminômades, em menos de meio século, no mais poderoso país da região.

E ninguém ache que, como o petróleo tendo virado, como dizem, “uma porcaria”, cujo litro vale menos que uma copinho de água mineral (R$ 0,80, à cotação de hoje), não vão correr para comprar, a preço de banana, a Saudi Aramco.

E fazer a sigla que deu nome à empresa  voltar a ter o sentido original, não necessariamente na mesma ordem: Arab American Oil Company.

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7 respostas

  1. Brito o oleo saudita esta no fundo do poco, porque voce acha que essa briga com siria, iraque e iran
    nao e so questao de religiao!

  2. Colocar dinheiro na Arábia Saudita é o mesmo que acreditar que eles se importam com a opinião do resto do mundo e não irão tomar de volta quando for conveniente.

  3. O assunto é sério e aparecem uns idiotas para fazer comentários sem pé nem cabeça. Para variar um coxinha! Não vale a pena perder tempo com eles.

  4. é logico que é mentira, mas ta todo mundo de saco cheio desse desgoverno , do pt bundao que nao reage e o lula que quer apaziguar tudo. o essa turma ai citada reaja contra a elite , e o pig , vai ser dificil aparecer alguem para defender eles. porque nao tem como , é dia e noite essa corja maldita batendo nesses covardes e ninguem faz nada. eu to começando achar que todo mundo tem mesmo culpa no cartorio. porque como diz o ditado , quem cala consente. porque nao tem como , esses covardes apanhar calado e ficar por isso mesmo, e a batata desse poste de pres. ta assando , porque se ela nao der uma virada esse ano , quem vai virar ela vai ser essa corja maldita. nao tem como esse min. fantoche ,salafrario da justiça ficar no cargo, nao tem como. e o ciro gomes ainda elogia esse verme , começou bem ele, ele que vai por esse caminho para ver onde ele vai parar.

  5. Os Estados Unidos resistiram aos baixos preços porque, além de algumas medidas de sustentação internas a seus produtores, taxaram todo o óleo que lá entra, até que ele fique aos preços do óleo que lá é extraído. É política e política protecionista da mais clara e dura.
    O problema da Arábia Saudita é que seu orçamento continuou o mesmo enquanto que, com sua política de baixar os preços para, em primeiro lugar, atender aos EUA que queriam atingir a economia da Rússia, e depois, em um movimento solo, para tentar destruir a indústria do xisto nos EUA, acabou por atingir frontalmente a própria economia.
    Especialistas em petróleo da Alemanha calculam que nos próximos 12 meses os gastos sauditas chegarão a 224 bilhões de dólares, enquanto os ingressos somarão apenas 137 bilhões.
    Embora a extração se dê a preços baixíssimos, os ingressos com a venda de óleo da Arábia Saudita ficam inferiores aos seus gastos quando o preço do petróleo fica abaixo de 37 dólares o barril, segundo um relatório do Deutsch Bank.
    Agora mesmo, numa tentativa de tornar menor o desequilíbrio, o governo saudita vai tirar o subsídio da gasolina, cujo preço vai aumentar em 66%, e vai aumentar os preços da energia elétrica e do abastecimento de água. Mas isso não será suficiente para diminuir o déficit esperado de 15% do PIB.
    Embora aguardada com ansiedade também política, a venda de parte dos ativos da Aramco está de acordo com a venda de ativos que realizaram todas as grandes companhias, atingidas com a crise política dos preços. Só que no caso não se trata de ameaça de ruína de uma companhia, mas de um país. Muitas das grandes venderam ativos para não deixarem cair os desembolsos dos acionistas e os preços de suas ações. O mar não ficou para peixe nesta luta de gigantes, e até a Petrobras vendeu ativos, mas aí os abutres internos falam que aconteceu porque estava destruída por uma merreca de corrupção de 3 bilhões, que agora tentam estender de modo ridículo para 40 bilhões.
    O problema principal dos sauditas é seu enorme gasto militar. É um gasto de honra, para eles, que não pode cessar nem ser revisto. Gastam com armas o dobro do que gastam com a saúde, e não vão parar de gastar, já que estão envolvidos em diversos conflitos regionais, apoiando a guerra contra os huties no Iemen, apoiando os combatentes da Al Qaida e do Estado Islâmico na Síria e apoiando outros grupos ou os mesmos grupos em outras regiões do Oriente Médio. A guerra é um luxo que tem saído muito caro aos príncipes do petróleo, que cultivam muitas outras coisas caras. Só que agora, com tais luxos, estão ameaçando a estabilidade de seus próprios tronos. A decapitação de um importante oposicionista, que abalou toda a região, é sinal disso.

    1. Esqueci de dar fontes. Segundo o Washington Post de 04 de Janeiro, na reportagem “Saudi Arabia has a giant mess on its hands”, pode-se ler: …..“The only problem is that its deficit has swollen to such size — some 15 percent of gross domestic product — that it can’t keep this up if it thinks there’s any chance it’s wrong about oil prices.” Isto é, o déficit da AS inchou de tal modo que está em 15% do seu produto interno bruto.

      https://www.washingtonpost.com/news/wonk/wp/2016/01/04/saudi-arabia-has-a-giant-mess-on-its-hands/

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