Massacre no Rio

Tudo indica que a incursão policial ocorrida hoje, na comunidade do Jacarezinho, no Rio, com o saldo inacreditável de 25 mortos confirmados até agora, terminou numa “operação-vingança”por falta de comando dos policiais, depois da morte de um deles – André Leonardo de Mello Frias, de 45 anos.

É provável que a contagem de corpos suba, porque o tiroteio contava até minutos atrás e relatos de moradores digam que há mais mortos.

Há muito o que apurar nisto: a operação foi coordenada por um órgão policial normalmente ausente destes confrontos: a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, sob o argumento de que traficantes aliciavam menores para o tráfico de drogas, algo que acontece há décadas no Rio de Janeiro, sem que se tenha notícia de que o órgão tivesse confrontos deste tipo.

Logo no início da ação iniciada bem junto ao local onde passam, lotados, os vagões do Metrô e os trens urbanos, lotados àquelas 7 horas da manhã, o policial foi atingido por um tiro e a incursão policial virou uma chacina.

Jornalista que já acompanhou ações policiais sabe o grau de comoção que acontece nestes momentos, especialmente quando não há comando capaz de deter a onda de fúria que toma conta dos agentes, em tese, da lei.

Agora há pouco diz que todos os outros 24 mortos eram traficantes. Mas não os identificaram, providência secundária quando todos são pobres, pardos ou negros.

Os moradores, porém, dizem que foi um espetáculo “iraquiano”, com invasão de casas, fuzilamentos a queima-roupa e corpos arrastados do local das mortes. Além disso, com requintes sádicos, alguém colocou um jovem negro, morto, sentado numa cadeira de plástico, com um dos dedos na boca, como uma criança. Lógico que isso não é “posição de combate”.

É de massacre.

 

 

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