A crise entre Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, que levou à demissão do então Ministro da Justiça já tinha atingido um nível insustentável antes do afastamento do delegado Maurício Valeixo da direção da Polícia Federal.
É isso o que revelam as mensagens gravadas no celular do ex-juiz, recolhido pela Polícia Federal, cujo conteúdo foi entregue ao jornal O Globo.
“Se esta matéria for verdadeira: Todos os ministros, caso queira (sic) contrariar o PR, pode fazê-lo, mas tenha dignidade para se demitir”, escreveu Bolsonaro ao seu então ministro da Justiça.
O “contrariar” era a portaria conjunta assinada por Moro e pelo ministro da Saúde, Luiz Mandetta, autorizando o emprego de forças policiais para reprimir atos de violação a medidas de isolamento social no início da pandemia do novo coronavírus.
Moro, é claro, não teve a dignidade de demitir-se apontando o motivo – justo, aliás – de contrariar o presidente e produzindo o enredo de que eram pressões para mudar o comando da PF a razão de seus desentendimentos com Bolsonaro.
Ninguém, com um mínimo de dignidade, teria aceito ouvir um “pede para sair” destes e continuado, ardilosamente, no cargo.