Jair Bolsonaro apelou para a fórmula que usa desde a montagem de seu governo: quando não sabe o que fazer diante de um problema, chama um general.
Joaquim Silva e Luna, indicado – como você vê acima, em estilo castrense – para presidir a Petrobras – ah, liberais e mercadistas, vejam o que vocês arrumaram – é um militar muito mais bem preparado que o general da Saúde, Eduardo Pazuello, mas está preso ao mesmo esquema que o desastroso ministro da Morte: “um manda, o outro obedece”.
Qual é a sua missão?
Defender a soberania nacional, razão pela qual os militares, nos anos 50 e depois, apoiaram resolutamente a Petrobras?
Cuidar da proteção do patrimônio mineral brasileiro, como animaram-se os militares na defesa do mar territorial de 200 milhas, o que não foi pelas sardinhas?
Proteger o pré-sal – as maiores jazidas de petróleo já descobertas neste século no mundo – e fazê-las instrumento do desenvolvimento nacional?
Não, certamente.
Bolsonaro não está nem aí para o imenso potencial de nossas jazidas, está se lixando para a importância da nossa empresa líder em tecnologia.
O general foi designado para reger uma empresa de apaziguar caminhoneiros e o preço do diesel na bomba é a cloroquina de uma doença energética crônica.
Haverá consequências, claro, no mercado financeiro.
A conversa de que o general não vai interferir na política de preços não convence nem a velhinha de Taubaté.
Mas há algo pior: teme-se que Luna tenha ainda traços do DNA nacionalista que, em outras épocas, animou militares brasileiros e que isso o leve a opor-se ao fatiamento da empresa para a venda, a começar por suas refinarias.
Vai que o general comece a querer saber porque a empresa deixa sua capacidade de refino ociosa, exporta petróleo cru e importa derivados, com valor agregado lá fora…
É provável que não: assim como Pazuello nunca quis saber se a cloroquina curava, Luna não vai poder se dar ao luxo de seguir a bula do mercado.
E o mercado tem canhões muito mais potentes do que todos os que o general já viu.