É na terça-feira que se anunciará a elevação do valor da “bandeira vermelha” que está e continuará presente na conta de luz dos brasileiros.
Um pouco mais, talvez, mas a maioria das previsões é que aumente 58% e, com isso, reflita-se em um aumento de 8% nos valores cobrados a partir do dia 1° e com um déficit a ser coberto com aumentos subsequentes.
Se a matemática do aumento da inflação fosse apenas pontual, isso representaria um acréscimo de 0,4% na inflação de setembro.
Mas não é e já vai se refletindo hoje mesmo, nos preços dos produtos que obrigam a uso intenso de energia. Entre os alimentos, o gasto com energia é componente imenso do custo de carnes e lácteos, pela cadeia de frio que demandam, da produção ao varejo final.
E isso já está sendo, como dizem os economistas, “precificado”.
Se duvidar, olhe os preços nos sites de supermercados e veja que já “desapareceram” as promoções, isso quando os preços não subiram “na lata” mesmo.
Não tem mais refúgio no frango, nem na carne suína, que já tinham subido em razão do preço do milho que lhes serve de ração. A carne bovina, com a queda no consumo, vai reduzindo o abate de animais (quase 15% menor que em 2019, de janeiro a junho deste ano) e, junto com a exportação em dólar, mantém os preços em alta.
Num cenário de inflação baixa, isso poderia ser um fenômeno apenas pontual, rapidamente controlável e reversível.
Com a inflação da grande maioria (que é o INPC, calculado para rendas de até 5 salários mínimos) já nos dois dígitos este mês – fechou em 9,85 em julho – não é assim, porque os preços “espontâneos” – os não determinados basicamente por produção e mercados limitados – passam a embutir uma expectativa inflacionária que é impossível de administrar.
A perda do processo inflacionário mudou de patamar. Não é a luz que ganhou uma bandeira vermelha, mas a própria inflação.