Jair Bolsonaro caminha para o precipício do golpe, não reste qualquer dúvida em quem, otimista, queira imaginar qualquer situação de equilíbrio que pudesse restar a seu governo. Ou, mais bem dito, a seu mandato, porque o governo já desapareceu faz tempo.
O que há é um aglomerado de fanáticos, sem a menor responsabilidade para com o Brasil e os brasileiros. Pior ainda, um aglomerado que, do fanatismo, já decai para a selvageria, a abjeção, o desejo – e, logo, os atos – de quem quer impor pela força a sua fé demoníaca a todos.
São minoria, felizmente, e minoria que só não se mostrará na sua pequenez porque, afinal, as estruturas milicianas estão demonstrando ser a coluna dorsal deste monstro e isso, amanhã, terá de se refletir em seu desmonte.
Os atos bolsonaristas já não comportam a natureza de reunião de idiotas. São banditismo, são subversão da democracia, são o desejo de impor-se pela força.
Ou uma democracia comporta colunas de militares que, despidos da farda (e, provavelmente, nem tanto das armas) vão exigir o direito de serem acima da lei, acima do voto e acima de todos?
Pouco importa se Jair Bolsonaro ainda parece ostentar o apoio de um quarto dos brasileiros, porque nesta conta há os que apoiam qualquer governo: ele precisa serr interditado, pelo seu potencial maléfico.
A uma ano e poucos dias da eleição presidencial, não há, por conta do processo de corrupção do Poder Legislativo, condições de levar à frente um processo de impeachment, que será, já está claro, no voto popular.
Mas há a necessidade urgente de que se bloqueie a sandice do mandatário supremo da Nação e isso significa que ele seja impedido de usar a força para impor sua loucura.
Para isso, não se chama as Forças Armadas para aventuras ou indisciplinas, mas para apenas reagir aos apelos ditatoriais que se camuflam sob a absurda capa da “liberdade de expressão”, que não existe se ela for a expressão das armas.
Se os senhores generais comandantes não são capazes de dizer que suas forças sustentam a democracia e a Constituição, não há que esperar que a democracia e a Constituição sustentem as Forças Armadas.
Bastar-lhes-ia dizer: isso, não!
Não são crianças para seguirem flautistas de Hamelin.
Se aceitarem, porém, serem fichas de um jogador suicida, não reclamem que o croupier da história, ao passar aquele rodinho dos perdedores, não lhes tome as palhetas mal apostadas.