Ninguém tem a menor pista concreta sobre o destino do jornalista inglês Don Philips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, da Funai.
Qualquer coisa pode ter acontecido, desde uma pane mecânica em sua embarcação – embora esta fosse nova, segundo as informações disponíveis – até uma agressão a ambos, partida de grupos que já haviam ameaçado Bruno, que durante anos foi a autoridade da Funai na região.
Mas há uma coisa da qual se tem certeza: a repercussão do duplo desaparecimento está explodindo no mundo, às vésperas da visita de Jair Bolsonaro aos EUA.
Jair Bolsonaro não fez até agora (horas depois da notícia) nenhuma manifestação sequer, nem mesmo para prometer o empenho do governo brasileiro nas buscas pelos dois.
Todos sabem da leniência do presidente com garimpeiros, caçadores e madeireiros que se infiltraram naquela região e em outras da Amazônia.
A falta de informações sobre o que aconteceu e as repetidas manifestações de Bolsonaro em defesa de uma “lei da selva” sobre a exploração ilegal da Amazônia formam este caldo de desconfiança com que somos olhados ainda que, repito, todos devamos ser prudentes – e otimistas, até – quanto ao destino do jornalista e do indigenista.
Philips é um profissional cheio de relações pelo mundo: atualmente no The Guardian, já foi colaborador do Financial Times, New York Times, Washington Post e da Bloomberg. Ninguém pode achar que isso não possa ser uma bomba relógio mundial.
Não é possível que o ódio que Bolsonaro tem aos conservacionistas o impeça de ordenar uma grande mobilização das forças federais nas buscas por Bruno e Dom.