Wasseff de porta-voz mostra Bolsonaro isolado

Frederick Wasseff, o brucutu jurídico do bolsonarismo, apresentou-se ontem à noite como porta-voz do presidente Jair Bolsonaro no caso da corrupção envolvendo o ex-ministro Mílton Ribeiro, dando uma entrevista coletiva à porta do Palácio do Planalto para dizer que:

1)”o”Não existe nada entre o presidente e o ex-ministro. Eles não têm contato, eles não se falam”

2) “Se o ex-ministro usou o nome do presidente Bolsonaro, usou sem seu conhecimento, sem sua autorização. Ele que responda. Compete ao ex-ministro explicar por que é que ele usa de maneira indevida o nome do presidente da República.

A primeira questão é: se Jair Bolsonaro não estava no Planalto (estava em João Pessoa, na Paraíba), o que levou Wassef a deslocar-se para lá? Discutir com ministros palacianos (Augusto Heleno, Luiz Carlos Ramos, Ciro Nogueira e o “quase” ministro Braga Netto ou conversar com o Presidente por uma linha segura e com a garantia de que este não seria gravado?

Não há nenhum indício de que Milton Ribeiro tenha mentido à própria filha sobre o “pressentimento” presidencial de que haveria uma busca e apreensão em sua casa, algo aliás confirmado pelo diálogo de sua mulher, em seguida à prisão, ao conversar com o cunhado de Ribeiro, Eduardo.

Se formos admitir que Wassef fala a verdade, teríamos de entender as falas de Milton como um estratagema para – sabendo que estaria grampeado – envolver Jair Bolsonaro num caso de transgressão ao dever de sigilo funcional. Seria muito maquiavelismo do pastor, convenhamos, e algo igualmente comprometedor, pois dependeria de que o presidente temesse a revelação de algo muito comprometedor.

Há, porém, algo que não depende de raciocínios especulativos: o silêncio estrondoso dos ministros políticos do Governo e de seus porta-vozes no legislativo.

Ninguém quis botar a mão no fogo pela lisura do comportamento de Bolsonaro diante da investigação sobre o MEC. Nem mesmo a Advocacia Geral da União, tantas vezes já acionada para atuar nas situações de suposta transgressão de deveres funcionais do presidente.

Na fala de Wassef (veja o vídeo abaixo) é possível intuir que a defesa de Bolsonaro não se fará no mérito – interferiu ou não interferiu – mas em busca de eventuais delizes quanto à questão de foro, se na 15a. Vara Federal ou no STF, a partir da menção a seu nome.

 

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