À ombudswoman da Folha: rottweiler não é Reinaldo Azevedo, mas os cachorros grandes

A contratação de Reinaldo Azevedo foi, certamente, uma bofetada nos profissionais da Folha de S. Paulo que, apesar do que o jornal faz, ainda acreditam que existe algum equilíbrio no matutino da Barão de Limeira.

Não porque Reinaldo, como qualquer outro profissional, não tenha direito a trabalhar em qualquer jornal. Tem, mas ninguém o contratou para fazer títulos, leads ou copidesque.

O motivo  de darem-lhe um espaço nobre do jornal não foi outro senão o de “importar” para as páginas da Folha o mais grosseiro, incondicional, feroz e intransigente panfletário da direita.

(Reparem que não incluí nem inteligente nem eficaz entre os adjetivos)

Em relação à sua ombudswoman, Suzana Singer, foi, sim, uma atitude ofensiva, porque lhe cabe, para mal de seus pecados, ter de sustentar que o jornal segue, no que diz  respeito ao debate de ideias, uma linha de equilíbrio e respeito à diversidade.

Mas, infelizmente, é também um momento para refletir como é injusto, em sua coluna, que as críticas da blogosfera ao jornal sejam tratadas como “selvageria” ou “guerrilha cibernética”. Até porque Azevedo não será o primeiro, nas páginas da Folha, a tratar pessoas abaixo da linha de dignidade.

E nunca isso mereceu um reparo civilizador.

A extensa lista de questões deste blog com a ombudswomanque pode ser revisada aqui – jamais descambou para a grosseria e o ataque pessoal. Políticos, sim.

Não vejo em que Reinaldo Azevedo seja pior do que um Merval Pereira. Ao contrário, considero-o mais sincero e, por isso, menos criticável. Sobre isso, aliás, escrevi na sexta: “Ele tem o mérito de ser sincero em suas ideias obtusas e explícito nos seus pensamentos, ainda que estes possam ser filosoficamente obscenos.”

O que merece discussão, sim, é a atitude da Folha ao torná-lo um dos seus colunistas. Depois de ter excluído gente do gabarito de Paulo Nogueira Batista Jr, soa como uma opção preferencial não apenas pelo reacionarismo como pela grosseria.

E não o compensa o comentário de Suzana sobre o fato de ter chamado também Ricardo Melo para ter um espaço, sob a alegação que seu passado de “dirigente estudantil trotskista” seria um contrapeso à esquerda. Isso não diz nada sobre ninguém: afinal, o próprio Azevedo também foi adepto de Leon Trotski.

Quem está na berlinda é a Folha, a mesma Folha que publicou fichas policiais falsas de Dilma Rousseff e acusações, depois negadas pelo acusador, de corrupção na Casa Civil do governo Lula, sem nada que as sustentasse senão um personagem de passado sombrio.

No serrismo incondicional de Reinaldo é que se devem buscar as razões para sua entrada triunfal na Folha, não a seu diretismo, mais folclórico que ameaçador.

De resto, não se deve responder à mordida com mordida.

É fácil bater na figura caricata de “Tio Rei”. É, aliás, o que ele pede, em sua sede de notoriedade pessoal. Mas sua agressividade histérica jamais será, de fato, comparável a de um rottweiler, comparação mais própria se feita a seu “mestre”.

Esta briga é de “cachorro grande” e a chegada de Reinaldo Azevedo à Folha é apenas a primeira “baixaria” de 2014.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

14 respostas

  1. Que pena Fernando.
    Não leio esta coisa aí.
    Portanto fico com a DILMA – 13 – 2014.
    Sem estresse, mas já fiquei com raiva deste cara aí.

  2. Sinceramente acho que personagens, sim porque acredito que mais do que um atributo de sua personalidade, o radicalismo de Reinaldo Azevedo faz parte de um personagem, são fundamentais nesta etapa do processo de descolamento pelo qual o Brasil atravessa. Esse radicalismo explícito é o contraponto mais visível às políticas sociais implantadas por Lula e Dilma. O ataque histérico no formato “contra tudo que está aí” aliado à horizontalização cada vez maior dos meios de propagação da informação expõem despudoradamente a jugular conservadora das nossas elites, que alugaram a caneta de Reinaldo Azevedo para dar vazão aos seus pensamentos, sob qualquer aspecto e em qualquer segmento que lhes interesse. Ele é apenas um dos animadores do palco cada vez mais vazio do atraso no circo decadente do conservadorismo.

    1. Boa noite, Cláudio – RJ:

      Vi o novo colunista da Folha há muitos anos atrás em um Roda Viva. Não me recordo quem era o entrevistado, mas a agressividade retórica do jornalista faz-me crer que era alguém não filiado às ideias que ele – aparentemente – defende. O “aparentemente” ficando por conta de um ponto que tocaste com bastante propriedade: o contratado foi a “persona”, uma “arma” a mais para o que parece ser um projeto de curso e ambições mais longas.

      Depois, soube mais dele através das redes, já que não sou leitor dos órgãos constitutivos do chamado PIG. O que veio daí por diante a respeito do indivíduo só fez confirmar a primeira impressão.

      Aparentemente, ele cumpriu – e cumpre – papel operativo de certa relevância na conservação e ampliação de um público que se sente desconfortável com as políticas sociais do governo Lula – Dilma (elas é que são o “problema”). Daria “milho” aos “pombos”.

      Não tenho segurança para afirmar que a estratégia esteja em vias de naufrágio. Infelizmente.

      Espero estar equivocado, mas o palco do conservadorismo não me parece em processo de esvaziamento tão drástico assim.

      Saudações.

  3. Ler é um exercício, mas é principalmente um exercício de paciência! Porque, às vezes, em certos momentos, nos deparamos com ‘os Fernandos Britos’ da vida, e temos que engolir a seco um monte de baboseira que o sujeito escreve.
    Talvez a verborragia desse sujeito [Fernando Brito] seja fruto da clarividência de sua insignificância intelectual. Mas ser insignificante não basta! O sujeito tem que difamar aqueles que ele considera “inimigos ideológicos”, mesmo que o inimigo argumente bem e tenha um mínimo de perspicácia lógica, coisa que ele [Fernando Brito]não possui.
    Pois bem, Para criticar Merval Pereira, o sujeito deveria no mínimo argumentar com a coluna ereta. Expor os motivos. Dar a cara a tapa. Mas não! Como uma ninfa de Hesíodo vive a cantarolar sobre o “criticável” sem nada contestar, muito menos expor um raciocínio coerente que confronte o pensamento do “inimigo”. Assim é fácil bater no espantalho.

  4. Queremos países parceiros que respeitem nossa soberania conquistada com Lula e mantida com Dilma Rousseff. Transferência de tecnologia e respeito é o minimo que exigimos nesta negociação.

  5. Queremos países parceiros que respeitem nossa soberania conquistada com Lula e mantida com Dilma Rousseff. Transferência de tecnologia e respeito é o minimo que exigimos nesta negociação.

  6. Queremos países parceiros que respeitem nossa soberania conquistada com Lula e mantida com Dilma Rousseff. Transferência de tecnologia e respeito é o minimo que exigimos nesta negociação.

  7. Queremos países parceiros que respeitem nossa soberania conquistada com Lula e mantida com Dilma Rousseff. Transferência de tecnologia e respeito é o minimo que exigimos nesta negociação.

  8. Brito, em seu texto você usa a estratégia típica de um petralha: inicia elogiando para na sequência jogar a verborréia esquerdopata.
    Nojo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *