Candidatos a feitor?

A entrevista de Eduardo Campos à Folha – que Paulo Henrique Amorim desmontou, devidamente – as manifestações de Marina Silva em favor do reforço do “tripé macroeconômico”, começam a parecer mais que repetições vazias do discursinho do “dever de casa” que o mundo do capital cobra aos países em desenvolvimento, embora em suas próprias casas acumulem déficits imensos irrigando suas economias com juros negativos.

Vai se tornando claro, evidente a qualquer olhar mais experiente, que está em curso uma manobra não apenas de ser aceito pela mídia, mas tornar-se seu parceiro e do poder econômico para vender a ideia de que o arrocho econômico é o que nunca foi: o remédio para o subdesenvolvimento e para sanear as carências sociais da vida brasileira.

Vivemos, os mais velhos, décadas sob este discurso: o do apertar o cinto. E, quanto mais apertávamos, mais magros ficávamos e mais aperto vinha para ajustar o modelo de economia à nossa subnutrição.

Os governos Lula e Dilma, com todos os erros que tiveram e têm, têm um conteúdo que é o que os torna, apesar de todas as concessões, intragáveis para a direita brasileira e para as classes médias elitistas que a gravitam: a natureza nacional e popular.

Aliás, diga-se de passagem, foi o popular que empurrou Lula para o nacionalismo, à medida em que percebeu – e antes é mérito do que crítica –  que a ideia de país é a mais eficiente armadura de proteção de um povo, o seu castelo e sua fortaleza.

Os cabelos com gel de Eduardo Campos e seu ar ascético cobrem algo bem diferente das ideias de renovação política que sua neoaliada Marina Silva – ou devo dizer tutora? – diz lhe terem sido objeto de uma “conversão” ao seu toque mágico.

O que de fato está ali dentro e na busca, ao lado de Marina, de se tornarem disponíveis como candidatos da direita é a velhíssima ideia de aderir aos grupos dominantes é o melhor caminho para o poder.

Não é à toa que, como registra a própria Folha, seu vocabulário está cada vez mais próximo do dos tucanos.

A ideia de um “inevitável choque fiscal”  que apregoa Campos, o que é? Não há meio-termo, é aumento de receita ou corte de despesas.

É o nome bonito para dizer: “ou tiro mais de vocês ou não dou a quem tem menos e corto os investimentos públicos”.

Como nossa imprensa não é boa em perguntar aos “amigos”, Campos só tem a oportunidade de falar de um corte: o da Petrobras, justo o que dá receita ao Estado e impulsiona a indústria e os serviços.

Não lhe dá a oportunidade de expandir seus comentários sobre onde e como seria feito este ajuste, exceto numa “construtiva” reclamação sobre a lei – meu Deus, finalmente temos uma lei! – de reajuste do salário mínimo, este perigo inflacionário.

Ou se vamos cortar os financiamentos habitacionais com recursos do Tesouro, ou se vamos  bloquear os investimentos do BNDES em setores essenciais ao nosso desenvolvimento ou no equilíbrio regional com que, finalmente, estamos amortizando nossa dívida com o Nordeste do Brasil.

Ou ainda: de como não podemos transitar da condição de feitoria moderna, tangida ao látego do capital financeiro, para um país livre porque desenvolvido e desenvolvido porque vai se libertando pacientemente dos grilhões de um aprisionamento que começa por assumir o pensamento de vassalo.

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19 respostas

  1. Mais uma vez o que está em jogo nas eleições de 2014 é a velha luta entre os que querem minimizar a intervenção do Estado na economia, e deixar tudo nas mãos da “iniciativa privada”, devidamente “livre, leve e solta”, e os que defendem a importância do papel do Estado na regulação da economia e nos investimentos estratégicos.

    Eduardo Campos e Marina já provaram que estarão junto com Aécio Neves e José Serra no primeiro campo.

    No segundo campo, estará a candidatura de Dilma Rousseff, e junto com ela, todos os brasileiros que compreenderam o quanto esta segunda opção, adotada nos últimos 10 anos, promoveu melhora significativa na vida do povo brasileiro, comparada com a primeira opção, adotada no governo de FHC, e que compreenderam o quanto a crise mundial iniciada em 2008 mostrou o fracasso do primeiro modelo em vários países do mundo, enquanto o segundo modelo, adotado em países como Brasil, China e Índia, permitiu aos mesmos sobreviver e prosperar em meio à crise internacional.

  2. Para mim o Estado é a união e proteção das coisas.
    Cuidadas pelo estado, que é o POVO representado.
    No mais, é ser empregado de outros, e ter a Policia
    cuidando das coisas de poucos.
    Extermínio das Instituições e proliferação de periféricos.
    É um país Ditador sem militares, pior que isto é a
    anomalia e insanidade que se instalação ao decorrer
    do tempo, pois o tempo amofina.

    1. Caso muito grave!

      Não deveria ter sido em silêncio! Deveria ter sido tornado público, e denunciada a tentativa da CIA de aliciar agentes da ABIN!

      Infelizmente, sabemos que existem muitos outros dentro da Abin que ao invés de servirem à pátria-mãe, preferem servir à CIA. E ajudam a CIA a manipular os “black blocs”.

  3. Nosso eterno e amado Presidente Lula faz anos hoje. Que ele tenha saúde e força por muito tempo para nos guiar nessa guerra contra a direita fascista interna e externa e que seja muito, muito feliz no conviívio dos seres queridos.
    PARABÉNS, LULA E OBRIGADA POR EXISTIR.

  4. Para presidente de um Partido Politico, podem eles em conluio elegerem um Neto, um Sobrinho, um Primo, um Sócio Abastado, um Vassalo, um Sicofanta, por certo determinadas mídias não cessara de lhes oferecerem os microfones, as paginas amarelas, entrevistas exclusivas e capas de edições, sem contar as perguntas previamente combinada. Nunca lhe oferecerão um bafômetro, nunca abordarão precatórios, desvios de madeiras ou amparo real aos menos favorecidos. Esses netos, criados nos jardins dos Palacios Governamentais, sem nunca terem pisado com o pé o chão patrio, curtiram suas ferias escolares com todas as pompas governamental nas Dysneylândias da vida, nunca trabalharam, exceto cargos funcionais criados pelos seus, com todas as mordomias, tiveram, e alguns ainda tem, vida de Playboy, desfrutando da herança de antepassados que enriqueceram se locupetrando de terras, herários e apoderações que á época era de praxe, afinal quem contestaria, não existia ainda a internete. e a imprensa quando não coadunava era extirpada ou trocada de poder, como foi a TV Globo em Salvador-Ba. Para ser Presidente do Brasil, é preciso que ame o Brasil, tenha orgulho do Brasil. seja um trabalhador com histórico em Carteira de Trabalho, que tenha defendido o povo ordeiro e trabalhador, inclua-se todas as mulheres guerreiras deste Grande Pais Chamado Brasil. O POVO NÃO É BOBO. É DILMA DE NOVO – POR AMOR A VOCÊ LULA, EM RETRIBUIÇÃO POR SERVIÇOS PRESTADO A ESTE BRASIL QUE VOCÊ REDESCOBRIO E SE FEZ RESPEITADO INTERNACIONALMENTE.

  5. Fernando este texto foi mais que necessário…Gostei que a presidenta tocou no fato do real problema de violência no país e sua principal vitima: Os jovens ,negros e pobres…Parece ser uma herança maldita…Uma policia eternamente se comporta como capitães do mato! É mais do que urgente nós exigirmos mudança desta mentalidade…Queremos um país passado a limpo,para que um novo pais surja, temos que lidar com essa divida social com os mais pobres e negros!

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