A ‘petofobia’ do Conselho de Medicina de São Paulo

Você viu o Conselho de Medicina de São Paulo protestar contra a recomendação presidencial para que se usasse indiscriminadamente hidroxicloroquina em infectados com a Covid?

Não, porque não o fizeram.

Mas viu-os condenar, no limite do ódio, os médicos cubanos do Mais Médicos.

Também não os viu tomar partido contra o “conselho” presidencial de que se deve investir em cura e não em vacina para a pandemia.

Não, o Conselho está muito ocupado movendo um processo ético contra o ex-ministro da Saúde, médico e deputado federal Alexandre Padilha, por este ter criticado a volta de uma política de atendimento psiquiátrico calcada em internações em manicômios e a ampliação do uso de eletrochoques como “terapêutica” psiquiátrica.

Padilha nada mais fez que expressar o que há e 50 anos é um movimento de psiquiatras e psicólogos contra isso.

E que vem sendo consagrado em leis desde o governo Fernando Henrique Cardoso e que “ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis” e, preferencialmente, fora de ambientes manicomiais.

Tudo sinaliza a intenção de mudar.

Logo no início do governo Bolsonaro, na gestão Luiz Mandetta, o Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica 11, de fevereiro de 2019, onde aponta a intenção de financiar a aquisição de aparelhos para eletrochoques:

“Quando se trata de oferta de tratamento efetivo aos pacientes com transtornos mentais, há que se buscar oferecer no SUS a disponibilização do melhor aparato terapêutico para a população. Como exemplo, há a Eletroconvulsoterapia (ECT), cujo aparelho passou a compor a lista do Sistema de Informação e Gerenciamento de Equipamentos e Materiais (SIGEM) do Fundo Nacional de Saúde, no ítem 11711. Desse modo, o Ministério da Saúde passa a financiar a compra desse tipo de equipamento para o tratamento de pacientes que apresentam determinados transtornos mentais graves e refratários a outras abordagens terapêuticas”.

Padilha disse, numa de suas redes sociais (veja abaixo), que tem como o título “Loucura não se prende, loucura não se tortura”. Não foi além de, como é legítimo, expressar-se com suas convicções e não desrespeitou nenhum colega que acredite na convulsoterapia, nome médico do uso de eletrochoque.

Aprir um processo por isso, francamente, é um gesto puramente ideológico, não de natureza ética.

E, assim, despertou um movimento de solidariedade a Padilha, em lugar de uma discussão médica do tema.

O que só mostra que alguns dirigentes do Cremesp estão sofrendo um processo de “petofobia” que precisa ser curado.

E sem convulsoterapia.

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