Paulo Guedes não pode reclamar da grande imprensa. Ela fez o que pôde para abafar ou minimizar o caso de sua offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.
Mas, e já se previa, não deu.
É a própria crise econômica que se encarrega de levar à condição de escândalo o que escândalo é – o mais importante dirigente da economia nacional estar metido em negócios particulares no exterior.
Em meio a ela, o Ministro da Economia mostra-se completamente desorientado, acreditando numa recuperação que virá do nada, da sua inação e de sua falta de qualquer plano que não seja empurrar dívidas e vender patrimônio público.
Todo dia é uma derrota: ontem, o dólar subiu e a razão era o mercado mundial, hoje é o contrário e o dólar também sobe; o IBGE divulga amanhã uma taxa de inflação que deverá ser recorde para o mês de setembro em duas décadas; “ganhamos” do Banco Mundial a pior previsão de crescimento do PIB no ano que vem para a América Latina.
A cabeça de Paulo Guedes passou a ser, para os aliados adquiridos a peso, uma necessidade político-eleitoral para simbolizar alguma tentativa de recuperação econômica. Até mesmo para medidas paliativas, a sua presença no Ministério as desqualifica e reduz a percepção positiva.
Guedes só prossegue no ministério porque o grande capital ainda o vê, mesmo com limitações, como uma barreira a medidas do que chamam de “populismo”, com isso, de uma deterioração do cenário fiscal.
Bolsonaro deixará, tanto quanto possível, que caiam sobre Guedes a maldição de uma população afundada na pobreza que se sufoca, todo mês, com ondas de inflação.