“Acordão” é a tendência de hoje no Congresso

Não acredite demais em que o Congresso vá endurecer o jogo na votação de hoje sobre os vetos de Jair Bolsonaro à ampliação do Orçamento impositivo.

O governo oferecerá o esvaziamento ou mesmo o cancelamento dos atos previstos para o dia 15, aos quais chamei de “Marcha de Itararé”, em homenagem a batalha que não houve.

Fica na condição também de “Itararé” a reação do Parlamento ao espasmo autoritário (mais um e não o último) do presidente.

Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, com um pouco mais de cara feia, ficarão com um discurso de responsabilidade diante da crise e com um belo naco da parte não comprometida do Orçamento para os parlamentares, além da promessa de mais um pouco do que acordarem ceder, à medida em que seja possível.

Farão algumas declarações formais sobre a independência do Legislativo e de defesa da institucionalidade e jogarão panos mornos na crise provocada pelas ameaças ao Congresso e ao STF.

Tales Faria, no UOL, resume a ópera:

Todos negarão publicamente um acordo. O presidente da República, porque diz não ter, nem exercer poder sobre a manifestação do dia 15. Alcolumbre, Maia e Toffoli, porque não querem admitir que estariam cedendo a uma pressão dos bolsonaristas.

Este é o plano: a ordem, no governo é calar a boca e deixar que a matilha faça o serviço nas redes sociais, com seus memes de super-heróis e vilões à altura de adolescentes furiosos .

Claro que tudo pode desandar, porque o espírito de molecagem está dentro do Palácio e da família do presidente, e não é pouco.

Hoje, na Folha, diz-se que setores o PT teriam se irritado por Lula não ter entrado na grita pelo impeachment de Bolsonaro.

É óbvio que o ex-presidente, com a experiência e o peso que tem, sabe que não pode se comportar como um líder estudantil e tem de pensar a construção – ainda distante – de uma força capaz de reverter – e será difícil – os anos de destruição da politica e da transformação do “mata e esfola” como consigna da política brasileira.

A destruição dos partidos políticos tornou tudo um pântano de varejos. Câmara e Senado são dirigidas de forma totalmente personalística, tanto que seus presidentes são de um partido que tem 5% dos deputados e pouco mais que isso de senadores. Dependem, portanto, da permanente cooptação de parlamentares.

Enquanto não houver lideranças capazes de catalisarem os difusos anseios da população esse será o quadro.

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11 respostas

  1. Quem faz pacto com o diabo queima no inferno. Este ano tem eleições. As melhores vassouras para quem pensa e não se alimenta de fake news.

  2. Fernando Brito, não sei o que significa isso – hoje em despacho publicado no Diário Oficial [edição 42, seção 1 da pág 2) Bolsonaro retirou por tempo indeterminado todas as competências do Paulo Guedes com relação ao orçamento, dadas anteriormente, em janeiro, através do decreto 10.202 [15 de janeiro de 2020]

  3. Esses dois canalhas que acompanham o delinquente na foto,são os bandidos que fazem possível o saqueio desta nação.
    Quando a história conte esta época desgraçada,estes dois serão “poupados” perante o tamanho da figura imoral que preside o país.
    Mas,não nos enganemos,estes são os malandros que se aproveitam da incapacidade intelectual e moral do verme presidente ( que distrae a massa),para fazer os objetivos do GOLPE,serem cumpridos..

  4. Uma análise muito lúcida. Bolsonaro, Rodrigo Maia e Alcolumbre, pelas circunstâncias da política são parceiros, se bicam sem machucar um ao outro, têm um objetivo comum, o sucesso do Paulo Guedes na economia com seu plano neoliberal radical, e juntos enfrentam a oposição ao desgoverno, que querem que continue bem afastada, principalmente o PT e suas estrelas, o Presidente Lula e Dilma Rousseff.

  5. Tem hora de contemporizar e tem hora de radicalizar. Para os que se ajustam ao comportamento canalha a contemporização dilata o tempo de “mamata”.
    A radicalização, quando já não há dúvidas sobre o carácter dos contendores, é a solução. Dói, mas elimina o mal presente e educa para o futuro, mostrando que há limites que não podem ser ultrapassados.

  6. Essa turma vai ter que ficar até o final e se enrolar na própria corda, talvez se enforcar. Impeachment tem preço e estamos vendo hoje o que aconteceu após o golpe de 2016; outro agora seria até lógico pelo desequilíbrio pessoal do presidente mas as consequências seriam ainda piores. quem tem de resolver essa parada é o povo em 2022.

  7. Tanto o PT, como os demais partidos da oposição de esquerda, devem satisfação a população e são obrigados a cobrar um posicionamento de Lula. Mesmo sabendo que ele mantém e manterá sua postura conciliadora de sempre.

    A razão é que no intimo todos sabem, mas não tem coragem de admitir, que a insistência de Lula se apresentar como protagonista de uma oposição moderada ao extremo não dará resultados.

    Pela simples razão que a postura de conciliação não funciona diante do clã miliciano. É lida pelos extremistas da direita como sinal de fraqueza. Não só eles não se intimidam como agem com mais agressividade ainda. A conciliação não freia, mas impulsiona o fascismo.

    É como Chamberlain em 1938. Conciliar com Hitler foi o mesmo que autorizá-lo a ser mais violento.

    Nos últimos movimentos quem levou vantagem foi os irmãos Gomes. Até o governador Camilo foi obrigado a reconhecer o ato de coragem de Cid como fundamental para mudar a postura da oposição e impor a derrota à PM miliciana do Ceará.

    O PT quer apenas que Lula reconheça a inutilidade da sua política conciliatória e ataque com mais firmeza o clã Bolsonaro para não entregar aos irmãos Gomes a liderança do movimento oposicionista.

  8. Mas é claro que ia ficar no “deixa disso”. A Presidência e o Congresso andam de mãos dadas no projeto de desmonte e recolonização do Brasil. A grande mídia também está no mesmo barco.

    Brigam, no máximo, pela comissão.

  9. Vocês podem até não acreditar, mas a ministra Carmen Lúcia mandou avisarem ao Bolsonaro que estimular a desarmonia entre os poderes é inconstitucional. Trata-se de uma equação do 5º grau com todas as raízes complexas. Nem Newton resolveria isso.

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