Alô, OAB; Alô, MP! Vamos agir contra a bisbilhotagem patronal na rede?

Espero que os senhores do Ministério Público e da ordem dos Advogados ajam preventivamente contra um absurdo que foi noticiado hoje pela Folha.

Diz lá que “a Social Figures, empresa australiana que desembarcou no Brasil há três anos com uma ferramenta de monitoramento de marca nas redes sociais, agora também vai rastrear candidatos a vagas de emprego”.

Ou seja, vai fornecer aos potenciais patrões a lista e as características das relações pessoais que os pretendentes a um emprego têm, para que assim possa ser verificado “seu perfil”.

Ora, isso é um abuso inaceitável. É uma porta aberta para a discriminação social, sexual, ideológica e tudo o mais que pode ser usado para misturar a vida pessoal de alguém com sua condição de trabalhador, que vende sua força de trabalho e não suas ideias e amizades.

A empresa procura se guardar, dizendo que só o faz com autorização do candidato e se limita a observar situações potencialmente danosas como racismo.

Uma pinóia! Você acha que um candidato a emprego, se solicitado, vai poder dizer que não tem e-mail, facebook, twitter? Mesmo que finja que não tem, em determinados empregos, será cortado de cara.

O próprio diretor da empresa o admite: “A coleta só é realizada se o usuário permitir. Caso ele não autorize, é a empresa que avalia se ele deve continuar no processo seletivo ou não”.

Ora, se a intenção é bisbilhotar  – e é, tanto que a Justiça do Trabalho teve de inibir buscas em seu site, porque empresas iam xeretar se candidatos a empregos tinham o “péssimo hábito” de recorrer ao Judiciário por seus direitos – quem garante o que vai ou não ser levado em conta?

É preciso agir já para deixar claro que isso é um abuso passível de punição, antes que a moda destes “obaminhas patronais” pegue. Os sindicatos e associações de classe e de direitos civis têm de agora e logo pressionar o MP.

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22 respostas

  1. Neo escravagismo. Abuso de poder economico. Desrespeito ao Trabalhador. Espionagem. Patrulhamento ideologico.

    1. O desrespeito ao trabalhador é inerente ao mundo governado pelo capital. Há desrespeitos de toda ordem. Certamente há os mais e os menos graves. Mas todos são graves.

      Um deles, que tomou força nos últimos anos (talvez década), é o “hábito” de chamar quem trabalha, que vende sua força de trabalho para sobreviver, de COLABORADOR.

      O desrespeito começa na língua. Facilitador de exploração. Já passou da hora de centrais e organizações de trabalhadores e da sociedade civil de promover campanha massiva contra esta só aparentemente ingênua mudança de palavras (obs: há vários outros absurdos nesta terrível “novilingua”).

      Daqui a pouco vamos ter de chamar o PT de PC (Partido dos Colaboradores). Ou CUC, no lugar de CUT. E seremos todos regidos pela CLC, na vez da CLT.

      Isso não é secundário!

  2. Isso é um absurdo, uma demonstração da fragilidade dos direitos individuais. Tem um outro ponto que gostaria de acrescentar para o MP e para o congresso no que toca também nos direitos individuais e tem relação a computadores pessoais. O computador guarda hoje em dia praticamente a vida toda do sujeito e, por vezes, da família toda. Documentos, trabalhos profissionais, processos, prontuários de saúde, cartas pessoais etc. Em casos específicos de processos que envolvam o arresto desde que não tenha relação com deliito grave, computadores deveriam ser preservados.

  3. 1984, George Orwell . O Big Brother real, na veia!
    As empresas poderão padronizar sua força de trabalho. Por exemplo, contratar só neonazistas!

  4. Tudo muito empolgante e exemplar. Mas, acho que se deve resolver esta deficiência de médicos em locais longínquos do Brasil, de maneira mais efetiva, ou seja, que se façam faculdades na área de saúde, nas diversas regiões, com critérios de regionalização estratégica. E sós pessoas desta área poderiam prestar exame de vestibular. Agora o intercâmbio com médicos de todo mundo seria sempre bem aceito, e estimulado.

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