As prisões da Vale e perguntas ainda sem resposta

Dois engenheiros – Makoto Namba e André Yum Yassuda – da empresa alemã Tüv Süd e três funcionários da Vale estão presos desde a manhã de hoje.

Corretíssimo se há indícios de que foi criminosa a elaboração dos laudos que atestavam a segurança da barragem rompida em Brumadinho.

Nada retira a responsabilidade pessoal de quem atesta algo.

Mas, neste caso, é preciso haver indicações de que os laudos foram comprados ou elaborados com negligência ou má fé. E nada sobre isso veio à tona, até agora.

A não ser por algo muito grosseiro nos papéis do estudo, o tempo parece muito curto para concluir-se que houve desídia técnica.

E, se houve corrupção, claro está que não foram “bagrinhos” da mineradora que a autorizaram nem a pagaram.

Tudo tem cheiro de espetáculo do tipo “acabamos com a impunidade”.

É preciso esperar para ver e que sejam esclarecidos os elementos que levaram às prisões, porque não há motivo algum para que sejam mantidos em sigilo.

É evidente que ninguém pode ficar impune se elaborar laudos de resultados encomendados ou falsificá-los para “não perder o cliente”.

Mas estas prisões, até agora, têm cara de “condução coercitiva”.

 

 

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36 respostas

  1. Outro aspecto a ser levado em consideração pode ser o de que em setembro de 2018, de acordo com o laudo assinado pelos engenheiros, realmente a barragem estivesse estável e sem riscos, mas que, intervenções posteriores e em desacordo com as normas DNPM, ou mesmo com as recomendações constantes do relatório da consultora TUV-SUD, tenham sido feitas pela empresa Vale.
    Logo, é preciso ter conhecimento do relatório em sua íntegra e que ele seja examinado por comissão isenta aos interesses em jogo. A princípio, isto poderia ser realizado pelos CREAs regionais ou nacional. Espero que se manifestem. Se é que já não manifestaram e eu estou apenas desinformado disto.

    1. Os CREAS são simples arrecadadores de dinheiro ,cumprisem com a sua obrigação estes fatos não aconteceriam .Mas,óbvio não são os únicos daqueles envolvidos em fiscalização ,a lista é longa ,a desídia é INFINITAMENTE MAIOR.

  2. ——Mas, neste caso, é preciso haver indicações de que os laudos foram comprados ou elaborados com negligência ou má fé——
    INSISTO,NÃO EXISTE ACIDENTE.
    É óbvio que a barragem não poderia romper,se as medições eram corretas,então estavam errados os parámetros .Não é possível conviver com esta posibildade de DESASTRE naturalmente.
    Primeiro ,qual o lucro que o PAÍS tem? a troco de que existe esse lucro??o desastre ambiental (e por conseguinte ,na qualidade de vida das pessoas) inadmissível que este tipo de exploração gera.
    Que é que fica para trás quando os sugadores vão embora ?? a destruição TOTAL do meio ambiente Pra qué??para os nativos ficarem com as migalhas e o DESASTRE AMBIENTAL A SER ADMINISTRADO??? A QUE CUSTO??DE QUE ADIANTA O SUPOSTO BENEFÍCIO ENTÃO?
    Exportam minério de ferro para China e compramos o aço deles produzido com o nosso ferro !!!!!!!!!!!!!!!!
    Por que não investir em aumentar a reciclagem e leva-la a níveis que sejam menos danosos ao meio ambiente???
    Sempre que via a velocidade com que A JUSTIÇA DE MERDA condenava um cara sem provas a comparava com a lentidão do GENOCÍDIO DE MARIANA.
    AO INVÉS DE CASTIGA-LO O INCENTIVAMOS COM A IMPUNIADE,EIS O RESULTADO

    1. Parabéns pelo belo texto. A que preço chegaremos com tanta extração e Exportação de nossas riquezas minerais? Se podemos reciclar para o uso brasileiro com a proteção do nosso meio ambiente das nossas florestas nossa fauna nossa água nosso ar nossas vidas.

  3. É típico crime que deve ser analisado sob duas perspectivas…..a dos
    engenheiros…que caminha no eixo…da culpabilidade….e dos
    executivos…que tomaram a decisão de aumentar exponencialmente a
    produção sabendo dos riscos…ou alguém não lembra das advertências do
    IBAMA? E aí na minha opinião houve DOLO. O problema é que se dá ênfase
    apenas a um dos eixos….o da culpabilidade…por que será?

    1. Porque, meu caro Fabiano, o negócio não é apurar e responsabilizar, mas, arrumar bois-de-piranha, como sempre.
      Esse negócio de sair prendendo sem inquérito, muito menos investigação concluida ou, pelo menos, que tenha reunido elementos suficientes para sustentar adequadamente mandados de prisão é a onda lava-jato em ação. Coisa de republiqueta. O lance para uns é sair na Globo, para outros mostrar serviço e para mais alguns outros ser esquecido nas manchetes diárias, nem que seja por um tempo. No andor em que vinha a procissão, para uma dada família e sua corriola, Brumadinho foi graça alcançada.

  4. Arrumaram os bodes expiatórios…não nego que os técnicos têm sua
    parcela de culpa…mas as diretrizes de ganhos exorbitantes em curto
    espaço de tempo…não é deles….e sempre se dá um jeito de subornarem
    um que queira assinar….é a velha história de prender o gerente do
    posto de gasolina e o dono fica em casa contando as cédulas

  5. Esses dois bagres (através de seus advogados) poderiam dizer porque assinaram laudo inverídico, assinaram para beneficiar alguém que pagou e bem pago este serviço. E este pagamento não foi feito por um funcionário qualquer.

  6. Brito, não foi em Sobradinho e sim Brumadinho. Sou de MG. Abração e parabéns pelo brilhante trabalho!

  7. É Brumadinho e não Sobradinho, Brito.
    Ainda, não acho minimamente possível haver algo de “corretíssimo” em qualquer prisão com base em simples indícios de atos criminosos. Menos ainda numa análise de laudos feita em poucos dias, por melhor assessoria técnica que tenham o MP ou a polícia.

  8. E tem mais: o laudo foi elaborado em setembro, dentro de uma determinada condição de uso da barragem. Quem pode garantir que, devido ao grande aumento de produção em dezembro, essa condição não estaria mais presente, portanto demandando nova inspeção?

  9. Sim. Concordo quase que totalmente com que dizes. E em alguns comentários há manifestações coerentes. O grande problema é que até agora o que se tem visto, com a escrachada adoção de medidas do “common law”, que juízes brasileiros estão aplicando lei estrangeira para casos da competência do Direito brasileiro, e sempre nos talvez corrompidos, e NUNCA NOS CORRUPTORES!

  10. Caro Fernando.
    Aprecio muito teus comentários e análises.
    Aproveito para comentar que não é sobradinho, como publicado e sim Brumadinho. Abraço
    Carlos G P Lenz

  11. Entra Brumadinho, desvia-se o foco da “famiglia” do Bozo e seu motorista miliciano, o “empreendedor” Queiroz. Devem estar agradecendo a não sei quem por esta “catástrofe” ter acontecido, pois desta turma, eu não duvido de nada… Rio Centro, atentado fake…

  12. Entre o espetáculo e a impunidade. Apenas isso, desde Mariana… Sem qualquer responsabilidade, inclusive dos agentes públicos.

  13. Prenderam os engenheiros enquanto os diretores continuam indo para casa ao final do dia naturalmente. Deveriam ter prendido todos para que as investigações sejam limpas. De lama já chega a que está em Brumadinho.

  14. “Os grupos de profissionais psicólogos treinados nisso estão procurando adotar como padrão se referir ao desastre da SAMARCO (e não de Mariana) e agora, desastre da VALE (e não de Brumadinho). Dois motivos: não estigmatizar as cidades afetadas e destacar as empresas causadoras. DESASTRE DA SAMARCO, DESASTRE DA VALE!”

  15. Claro, pega meia dúzia de engenheiros, que não fizeram as normas, apenas seguiram as normas e fuzila a lá Bolsonaro-solução, e vamos tomar uma champanhe com os diretores, políticos e lobistas. Resovildo até a próxima catastrofe. Quem esperava algo diferente? Ah! sei os atingidos de Mariana. Quem se lembra?

  16. bom,

    eu acho que se no caso de Mariana, a justiça apresentasse a mesma celeridade que teve com lula, isso não aconteceria.
    diretores é que devem ser presos. os engenheiros só cumpriram aquilo para que foram pagos(o que não diminui a culpa deles).

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