Bocas que se calaram são as que se quer ‘encher de porrada’

Se ainda existirem jornalistas no Brasil, haveria de ser impossível Jair Bolsonaro dar uma entrevista sem que a ele se pergunte o que fez com que ele dissesse tem vontade de “encher a boca de porrada” ao repórter que indagou a razão dos R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz na conta de sua mulher, Michele.

O problema é que dificilmente isso ocorrerá.

Os jornalistas com poder para impor uma pauta a seus chefes estiveram mais preocupados em cobrar uma “autocrítica” do PT do que às declarações de Jair Bolsonaro de que seria necessário matar “uns 30 mil” e instituir uma ditadura no Brasil.

Agora, estão mais atentos à sacralidade do “teto de gastos” que às mortes aos milhares e ao desemprego aos milhões.

Foi assim nos meses e meses que deram espaço para seu corcovear nos bretes preenchidos com seus áulicos, exibindo os cascos e a “virilidade do xucro”.

Estão tão ofendidos e “decepcionados” quanto Sérgio Moro: destruíram a política, elegeram um energúmeno, descerebraram uma porção expressiva das classes médias e, agora, reclamam como um Pigmaleão ante uma Galateia que se tornou um Frankenstein.

Ainda assim, prestam-se ao papel do compará-lo à última presidente democrática que tivemos, como se Dilma, alguma vez, pudesse ter ameaçado “encher de porrada” a boca de um repórter.

Não se precisa achar adjetivos para o que faz Jair Bolsonaro, que está sendo o que sempre foi.

Mas é preciso que, assim como ela fez, cobre-se a autocrítica de uma imprensa que se permitiu desmoralizar de tal forma que hoje merece ameaças de ver se “encher a sua boca de porrada”.

 

 

 

 

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