Jair Bolsonaro é um terceirizador de culpas.
Quer agora atirar a culpa da inflação galopante na Petrobras que, diz ele, está “obesa” e indiferente aos sofrimentos da população.
E que, por isso, deve ser privatizada a toque de caixa, ao menos no mundo da distorção mental desta gente que, com o povo sem poder comprar comida, diz que o mais importante é que todos comprem uma (ou duas, ou três) pistolas 9 mm.
Conta com que as pessoas sejam idiotas a ponto de achar que não é de Bolsonaro uma empresa na qual ele indica o presidente, os conselheiros e os diretores não segue a política que ele deseja.
Não é só uma cortina de fumaça para a fuga de suas responsabilidades, porém, como não foi a história do “a economia não poder parar” para expor os brasileiros às quase 700 mil mortes que a pandemia causou e causa ainda.
É uma forma de fazer ser aceito o que ele o que ele deseja, criando ódios que levem as pessoas à irracionalidade, condição necessária para que possa avançar com políticas que, de outra forma, soariam inaceitáveis.
De que outra forma se faria aceitável um discurso que defendesse vender aos estrangeiros o nosso petróleo, ou todos poderem andar armados, ou derrubar a mazônia, ou converter os povos indígenas a peões de latifundiários ou garimpeiros ilegais?
Bolsonaro precisa da irracionalidade como combustível de sua máquina mortífera, como os linchamentos precisam que a razão seja abduzida das multidões, para que os antes pacatos cidadãos se disponham a espancar e pisotear um ser humano.
O transe é parte inseparável de seu projeto, como o foi do nazifascismo há quase um século.
E o transe agora, é o de que o golpe contra as eleições travista-se de “defesa da democracia”.
Quem normaliza a loucura, quem diz que ela é só marketing, quem acha que as instituições da democracia impor-lhe-ão limites, querendo ou não, vira seu cúmplice.
Porque há uma chance de detê-lo à nossa frente. Desperdiçá-la, tergiversar, omitir-se é deixar que avance este projeto de morte do Brasil e dos brasileiros.