É que a cultura musical de Jair Bolsonaro não vai muito além daquele “Nós somos da Pátria a guarda”…
Do contrário, a ele que definiu seu relacionamento com Rodrigo Maia como um “namoro”, talvez lhe viesse à cabeça o “Folhetim” do Chico Buarque, imortalizado por Gal Costa, ao dizer hoje que os desentendimentos com o presidente da Câmara são “página virada“, como se a semana inteira de desaforos fossem simples caprichos e venetas sem conteúdo.
E aí veria que até a personagem dos versos da música coloca o “Se acaso me quiseres” como condição para ser “dessas mulheres que só dizem sim”…
Pode ser capitão, mas pede um clima gentil, “uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema ( não com filme evangélico, please), um botequim”.
E que os deputados da “velha política” aceitam “uma prenda, qualquer coisa assim, como uma pedra falsa, um sonho de valsa ou um corte de cetim”, mas o senhor não pode dizer que só está lhes dando porcarias sem valor em troca do que deseja.
Aí, Bolso, até podem te fazer “vaidoso, supor que és o maior e que me possuis”, como Maia vinha fazendo desde a posse com o apoio incondicional à reforma da Previdência.
Mas você começou a noite com o desinteresse e a grosseria que a alguns se acometem na manhã seguinte e assim também antecipou o “já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim”.
Capitão, como se diz no interior, você cansou a dama antes do baile, que não começou nem na Comissão de Constituição e Justiça.
E assim corre o risco de dançar sozinho.
10 respostas
sensacional
só acho que ele canta :
““Nós somos da Pátria aguada”… e indo ladeira abaixo
Maravilhoso!!
Sempre presente no dia-a-dia da vida nacional, Chico Buarque, o gigante da cultura brasileira. Não à toa, a direita tenta desqualificá-lo.
Elis, Gal e Clara Nunes! Demais!
E, para mim, a maior de todas: MARROM! Grande Alcione!
Dirceu em Ribeirão Preto, no lançamento de seu livro, fala do vulcão:
https://www.conversaafiada.com.br/politica/dirceu-o-vulcao-comecou-a-se-mover
Do jeito que vai, o Ursinho Pooh vai acabar cantando “eu gostei tanto, tanto, quando me contaram, que te encontraram bebendo e chorando na mesa de um bar…” Mas, nesse dia, o capitão enrolão vai cantar entre lágrimas e espumas de ódio do Carluxo, “se eu soubesse, naquele dia, o que sei agora, eu não seria este ser que chora…” Haja boteco, Fernando.
Lupicínio Rodrigues. Bah!
Magnífico ! ! ! ! ! Esplendoroso ! ! ! Sensacional ! ! ! ! ! Até “Gal” (diminutivo de “general”) a-parece propositadamente relacionada ao co(n)-texto, texto em paralelo(,) sobre o imbricamento das duas situações (realidade política e geral brasileira/música). Por isso me demoro mais no Tijolaço: aqui a gente sempre pode encontrar frequentemente uma dessas pérolas de análise crítica percuciente da realidade brasileira/mundial com arte e poesia… poesia e arte. Parabéns, Fernando Brito, você é 10 (ou 12… ou 13).
Vai uma do rock que é a cara dele, Alice Cooper…Hey, hey, hey, hey, hey stoopid