Não é a oposição de esquerda que perturba o sono do senhor Jair Bolsonaro.
O que a ameaça pública feita ontem pelo presidente tanto à direção da Petrobras, pelo temor de reação dos caminhoneiros pelo aumento do diesel (o da gasolina, terror da classe média, não conta) e sua queixa do mercado financeiro – “o pessoal que vai em cima do lucro não tem coração” – é que vem de seus mais sólidos grupos de apoio a preocupação do ex-capitão.
A eles, some os urros do mais desvairado bolsonarismo que se ouvirão hoje , na votação da manutenção da prisão do brucutu Daniel Silveira – que sairão das redes sociais para o plenário da Câmara, prontos a não deixar no “zero a zero” o incidente que lhe foi um tiro no pé. Como, aliás, indicava a inútil a tentativa do presidente da Casa, Arthur Lira, de costurar um acordo de “deixa disso” com o presidente do STF, Luiz Fux.
Fux, claro, o nega, mas tudo o que diz tem a credibilidade de uma nota de três reais.
Três semanas depois do que achava ser sua vitória magna, Jair Bolsonaro percebe-se ameaçado, porque sabe que montou sua rede de sustentação em cima de grupamentos inorgânicos, cheio de alucinados – e de alucinações coletivas – que, de uma hora para outra, podem entrar em erupção, como entrou o brucutu parlamentar.
Imaginem, por exemplo, a manifestação de algum integrante da mesma cepa de desvairado estúpido entre os caminhoneiros, ou entre os militares, ou entre os grupos de picaretas travestidos de evangélicos.
Bolsonaro é, sim, o capitão, mas de uma nave de loucos – em 2018, nau-capitânea de uma flotilha de oportunistas – que não tem disciplina nem rumo, senão o de um golpismo confuso e sem projeto, embora ainda tenha o canhão dos generais.
Por isso, os sinais de insatisfação o preocupam tanto.
Porque não é política, é sintoma de motim.
Ele pode fazer o festival que quiser nas redes sociais, mas há um país real, que precisa ser governado, não ter um animador de auditório que – com o perdão do global – é mais vazio do que o Luciano Huck.