Bragon e os ‘Rambos de botequim’

Na contramão dos colunistas que, como disse no post anterior, esperam que bananeira dê jaca, Rainier Bragon, na Folha de hoje, produz a mais substancial análise do que figura ser o comportamento de Jair Bolsonaro – e prole – na Presidência, ao menos nestes primeiros tempo em que não tem de depender da política para manter-se sobre o cavalo.

É, para ficar no bíblico que tanto lhes agrada, a soberba, algo tão ruinoso que S. Tomas de Aquino tratava como ‘hors concours’ entre os pecados.

Bolsonaro sobe a rampa
com a mão no coldre e de salto 15

Rainier Bragon, na Folha

Enfim, Jair Messias Bolsonaro sobe a rampa nesta terça-feira (1°) para receber a faixa presidencial.

Carrega uma autoconfiança e um desdém com o contraditório poucas vezes vistos. A parentada se esbalda em exibir camisetas com recadinhos para a malta e em congestionar as redes sociais com toda a sorte de regras sobre como estão certos e sobre como são a redenção para tudo isso que está aí. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos e eles acima do Brasil, de Deus e de todos.

Veja a promessa de facilitar a posse de armas para o “cidadão de bem”. Você já deve ter calo nos ouvidos de tanto escutar policiais recomendarem não reagir a assaltos. O bandido tem a seu favor o elemento surpresa, a prática. E sua vida sempre vale mais do que qualquer bem material.

Mas os Rambos de botequim não estão preocupados com estudos, lógica, racionalidade, essas besteiras.
Enxergam-se como um Lee Van Cleef de barriga avantajada e pantufas a acertar testas de malandros, todos lerdos e ruins de mira, em um desempenho que policiais treinados muitas vezes não conseguiram ter.

E não vamos falar aqui de brigas com vizinho, violência doméstica, disparos acidentais ou de crianças e adolescentes fuçando o armário. Não, vamos tentar entender o que define um cidadão de bem apto a se armar. Para bolsonaristas, quem não tem antecedente criminal, ora bolas.

Como o cidadão de bem que entrou no último dia 11 em uma igreja em Campinas e meteu chumbo em quem estava ao redor. Ou o cidadão de bem, sem antecedentes, que disparou em 2011 mais de 60 vezes em uma escola do Rio, matando 12 adolescentes. Ou estariam eles se referindo aos cidadãos de bem que cometeram mais de 2.000 feminicídios no país, em 2016 e 2017, muitos sem nem unzinho antecedente criminal?

Os Bolsonaros sobem a rampa com a mão no coldre e de salto alto. Com soberba e ouvidos moucos a críticas. Como realizaram o milagre de vencer a eleição contra todos os prognósticos, parecem não ter dúvida de que irão acertar o alvo outra vez.

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37 respostas

  1. Esse, de fato, é o slogan certo para o governo deles: “Nós acima do Brasil, de Deus e de todos”.

  2. A partir de hoje o Brasil passa a ser um país efetivamente sem governo, desgovernado e ingovernável. Parabéns a todos os responsáveis, principalmente ao STF, MPF e mídia mafiosa. Eles que acompanhem e cobrem essa malta que sobe a rampa, se forem capazes.

  3. AS”LIDERANÇAS” DE ESQUERDA SÃO VENDEDORES DE ILUSÕES.
    Ilusões em que não haveria golpe, ilusões em que não condenariam Lula, ilusões em que não prenderiam Lula, ilusões em que não interditariam a candidatura de Lula, ilusões em que a cúpula das FFAA não apoiaria o capitão, ilusões em que a cúpula do poder judiciário não iria compactuar com as ilegalidades de Moro, ilusões em que o TSE iria barrar a campanha suja de Bolsonaro, ilusões em que o empresariado iria rejeitar o ultraliberalismo selvagem de Guedes, ilusões em que os setores de centro iriam apoiar Haddad no segundo turno, ilusões….A ilusão da vez é que o governo Bolsonaro será parecido aos governos Sarney, Collor e FHC. Apenas um pouco pior, mas parecido.(EXTRATO DO PÁGINA 13)

    1. Acho que o título não está correto. Talvez “As lideranças de esquerda são iludidas pela lógica” ficaria melhor. Dizer que “são vendedoras de ilusões” soa como uma denúncia contra alguém que, acintosamente, eludiu.

      Todos fomos iludidos, porque o que aconteceu chama-se golpe. E o golpe, como você deve saber, vive de trapaças, algo que não respeita leis nem ordens qualquer que seja a sua natureza.

      Você conseguiria imaginar que todas as instituições, erguidas sob o manto da moralidade, fariam o que fizeram? Ninguém da esquerda imaginaria…

      1. Fale por você pois eu grito isso desde 2005.As lideranças tem iludido sim e vem mais uma ilusão;LULA ser absolvido pela quinta turma. Falando nisso;Quantas turmas tem essa toga fascista?

        1. A caçada a Lula começou em quando ele venceu as eleições de 2002.
          Impedi-lo, a todo o qualquer custo, sempre foi o objetivo dos auto pretendidos donos do Brasil.
          Mercenários, venais e covardes nunca faltaram para isso, como bem se vê pelo “singelo” exemplo do STF.
          Então, esqueçam essa história de que Lula finalmente será libertado. Não será!

      2. A única lógica de golpes é que não recuam e essa ditadura vai seguir outras lógicas,perseguir,prender,torturar e matar.Só as lideranças não percebem.

  4. República do Medo! É isso que os medíocres meliantes instalarão no país!
    Vai vendo parentada e vizinhança racista e traidora!

  5. gente, onde o Brito arruma essas imagens das postagens?

    mas esse homi esnoba, não basta os textos sensacionais ele ainda coloca essas imagens,
    e faz tudo sozinho…

    1. Rita, bolsominion incomodado abaixo… Tadinhos, não tem onde navegar, vem aqui para aprender um pouquinho sobre tudo… Abração, querida!!!!

      1. olá June
        tadinhos né?
        esse escapou da moderação do Brito,

        abraços e muita força pra todos nós

          1. e vamos resistir mais e mais
            e ainda quero ver Lula sendo presidente e devolvendo nosso Brasil ao povo

    2. não desanime, rita! depois das REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS do intercept, tenho certeza que conseguirei libertar lula e anular o golpe contra presienta honesta! e vem aí o nobel da paz!! #ZaninzãoOut

  6. Rainier Bragon, tão irônico quanto simples em suas palavras, disse coisas óbvias, mas ininteligíveis para grande parte dos brasileiros. É que essa parcela de nossa sociedade, simpática a filmes de tiroteios em sua maioria norte-americanos e frequentadora assídua dos templos que pregam o pós-túmulo, já não mais consegue distinguir realidade de ficção.

    1. O povão estadunidense é gente boa, disse uma brasileira que mora em Atlanta, são enganados pelo imperialistas e deus mercado que os estimulam direto a consumir, consumir, con-sumir, sumir, como pretendem fazer por aqui… Entretanto, aqui terá resistência!!!! A maioria ainda não é ovelhinha domesticada…

  7. Já não sei exatamente o que achar.. No momento ele não precisa negociar, mas quando precisar será a la Temer e, com o silêncio e a anuência da população, como agora, ele terminará seu mandato e propósito de afundar o país, um país do qual já não me sinto parte, um país sem estado.

  8. “Os Bolsonaros sobem a rampa com a mão no coldre e de salto alto.”

    Certamente irão tropeçar, quebrar o salto alto e dar um tiro no pé.

  9. A discussão sobre os armamentos é um espantalho, quem quer comprar uma arma nos dias atuais tem só que ter bons antecedentes, fazer um cursinho fajuto num clube de tiro e comprar a arma e um teste fajuto psicotécnico. Depois tem o direito de comprar um número significativo de armas. Para conduzir uma arma num automóvel é só conduzi-la descarregada. Logo é um falso problema, mas mexer na aposentadoria vai matar dez vezes mais do que com tiros, mas com fome e doenças.

  10. Toda a estrutura hierárquica dos movimentos totalitários, do simples companheiros de viagem aos membros do partido, das formações de elite ao círculo interno que rodeia o chefe e até mesmo o próprio chefe, pode ser descrito em termos de uma mistura curiosamente variada de credulidade e cinismo, com a qual se espera que cada membro do movimento reaja de acordo com sua categoria e posição diante das cambiantes declarações mentirosas dos chefes e diante da inalterável ficção ideológica central do movimento.

    Essa mistura de credulidade e cinismo é uma característica marcante da mentalidade do populacho antes de se converter em fenômeno cotidiano de massas. Em um mundo sempre cambiante e incompreensível, as massas chegam a um ponto em que acreditam em tudo e, ao mesmo tempo, não acreditam em nada. Elas pensam que tudo é possível e que nada é verdade. A mistura, em si mesma, resulta notável o suficiente para significar o fim da ilusão de que a credulidade é uma fraqueza das almas simples que não desconfiam de nada e o cinismo o vício de mentes superiores e refinadas. A propaganda de massa descobre que seu público está disposto a acreditar no pior, por mais absurdo que pareça, e que ao mesmo tempo não resiste a ser enganado, uma vez que sustenta, por outro lado, que toda declaração é mentirosa.

    Os chefes totalitários das massas baseiam sua propaganda na correta suposição psicológica de que, sob tais condições, é possível um dia fazer as pessoas acreditarem nas declarações mais fantásticas e estapafúrdias e confiar que essas mesmas pessoas, no dia seguinte, ao receber a prova irrefutável de sua falsidade, se refugiarão no cinismo e em vez de abandonar os líderes que mentem para elas, vão afirmar que sabiam sempre que tal declaração não passava de uma mentira e os vão admirar justamente por sua superior habilidade tática em enganar.

    O que é uma reação verificável do público em multidão torna-se um importante princípio hierárquico das organizações de massas. Essa mistura de credulidade e cinismo predomina em todos os escalões dos movimentos totalitários, e quanto mais alta a categoria, mais cinismo do que credulidade é necessário. A convicção essencial compartilhada por todas as categorias, dos companheiros de viagem ao chefe, é que a política é um jogo de enganos e que o “primeiro mandamento” do movimento, “o chefe está sempre certo”, é tão necessário para os propósitos da política como as regras de disciplina militar são para os fins da guerra.

    Sem essa divisão organizacional do movimento as mentiras do chefe não funcionariam. A graduação do cinismo expressada em uma hierarquia de desprezo é pelo menos tão necessário diante da refutação constante da realidade quanto a simples credulidade. O fato é que os simpatizantes desprezam a completa falta de iniciação de seus concidadãos; os membros do partido desprezam a credulidade dos companheiros de viagem e sua falta de radicalismo; as formações de elite desprezam, por razões semelhantes, aos afiliados do partido e, dentro das formações de elite, uma hierarquia semelhante de desprezo acompanha cada nova formação. O resultado deste sistema é que a credulidade dos simpatizantes torna para o mundo exterior as mentiras críveis, enquanto, ao mesmo tempo, o cinismo gradativo de afiliados a formações de elite elimina o perigo que o chefe seja forçado pelo peso de sua própria propaganda para fazer realidade suas próprias declarações e sua fingida respeitabilidade. Um dos principais obstáculos com os quais o mundo tem em lidar com sistemas totalitários é o de ter ignorado este sistema e, portanto, confiante de que, por um lado, a enormidade das mentiras totalitárias seria a sua verdadeira ruína e que, por outro lado, seria possível tomar a palavra do chefe e forçá-lo a cumpri-las, sejam quais fossem intenções originais. Infelizmente, o sistema totalitário é imune contra tais conseqüências normais; sua engenhosidade repousa precisamente na eliminação dessa realidade que ou mascara o mentiroso ou o obriga a cumprir sua afirmação.

    trechos baseado em Origens do Totalitarismo de Hanna Arendt.
    http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_arendt_origens_totalitarismo.pdf
    https://xosea.files.wordpress.com/2014/04/arendt-los-origenes-del-totalitarismo.pdf

    1. Calma, o povo dele não aguentará ficar muito tempo sentado no pé de goiaba esperando os seus “milagres messiânicos”… O transe passará e a “ressaca moral” os dominará, lembre-se que são tementes a Deussss… Vamos aguardar!!!!

      1. o virus totalitário é mais resistente do que imaginamos e, principalmente, do que gostaríamos, ademais a imunidade dos que a contraem é baixa, muito baixa. Como ensina a filósofa, uma das características mais perturbadoras dos líderes totalitários é sua incrível popularidade (pelo menos enquanto estão no poder),

        1. Certo a Arendt, mas a retórica populista deles carece de inteligência, então não se sustenta por muito tempo… No caso do Brasil, servirão de marionetes para o jogo geo-político do império neoliberal, logo logo serão descartados para a caixa de brinquedos. Vamos aguardar…

  11. Não há como eu usar meias palavras. O Brasil, que desde 2014 vivia no purgatório, ingressa hoje no inferno por vontade de grande parte de seu povo. Já que a moda são as referências bíblicas: “haverá choro e ranger de dentes”.

    1. Alguns vêm me dizer que “quem sabe, Deus ajuda e Bolsonaro faz um bom governo”.
      Ora, acreditar que Bolsonaro poderá fazer um bom governo, pelo menos bom governo para a maioria dos brasileiros, é acreditar que jumento dá leite.
      Pois bem. Quem acredita que jumento dá leite, aproveita e mama!

  12. Aí tem uma diferença, culpar o PT e o Lula tem prazo de validade e com mentiras, especialidade da família Bolsonaro não se administra um país. Só estao tranquilos porque são alienados ou deslumbrados.

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