Cortou onde? No jornais, você não lê, mas ainda há jornalistas…

Ontem cedo postei aqui que o corte de cargos e funções comissionadas decretado pelo presidente Jair Bolsonaro desorganizará completamente o ensino técnico e superior nas instituições federais de ensino.

Apesar do massacre de Suzano, logo a seguir, ter monopolizado as atenções, espantou-me a ausência de informações sobre o que a medida significava.

Li várias quase “comemorações”, como a que faz hoje no Twitter o sr. Bolsonaro, com muitos cifrões de economias e porcentagens de cortes.

Mas quase nada com a informação básica: quais eram os cargos cortados e onde estavam alocados.

Nem que o decreto em nada muda o número ou a remuneração dos apadrinhados que assumem funções de confiança, de livre nomeação.

Ainda bem que há exceções, a melho delas o colega Breno Costa, ex-Folha, que edita a newsletter Brasil Real Oficial onde faz aquilo que deveria fazer qualquer jornalista que cobre governo deveria fazer: ler o Diário Oficial e entender o que há por trás do juridiquês e do administrês daquilo que ele publica.

Breno dá mais detalhes do que pude publicar, correndo para abraçar o mundo com as pernas, como sempre neste blog. Vale a pena a leitura e recomendo o seu site, indispensável, que eu próprio não conhecia.

Universidades em apuros

Breno Costa, no Brasil Real Oficial

O governo vai eliminar, em parte já a partir de hoje (ontem), 21 mil funções comissionadas e gratificadas. Não se trata de cargos, mas de funções que são compensadas com pagamentos extras a servidores efetivos. A conta maior será paga pelos professores de universidade federais. Hoje já ficam extintos 119 cargos de direção em instituições de ensino federais, que não são definidas claramente no decreto (ocupantes de cargos de direção em universidades podem optar ou por receber a remuneração integral desse cargo ou 60% do valor acrescido do salário do cargo original). Também estão eliminados 1.870 Funções Comissionadas de Coordenação de Curso. Todas as funções gratificadas das universidades federais de Catalão (GO), Jataí (GO), Rondonópolis (MT), Delta do Parnaíba (PI) e Agreste de Pernambuco (PE) ficam extintas. A partir de 31 de julho, serão extintas mais de 11 mil outras funções gratificadas nas universidades, do nível 4 para baixo (ou seja, os três níveis de maior remuneração não são afetados neste caso específico).

A comunidade universitária não está sabendo disso. Se não for noticiado, só saberá quando as escolas federais começarem a parar. Como, aliás, querem os obscurantistas da alianças olavo-bolsonárica.

 

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