Dallagnoll e a máscara da filantropia

Só nos contratos que aparecem em mensagens do Telegram – reveladas pelo The Intercept e publicadas pela Folha Deltan Dallagnoll, coordenador da Lava Jato, faturou R$ 580 mil não destinados, como ele sempre alegou, a entidades filantrópicas. Certamente há outros, que não foram transmitidos em mensagens ou, talvez, sequer registrados em recibos.

A atividade de palestras remuneradas do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, passou por mudanças contratuais para deixar de ter a filantropia como principal destino dos valores.
Ele começou a focar o meio empresarial e arrecadou ao menos R$ 580 mil a partir de 2017, apontam diálogos e documentos obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados em conjunto com a Folha.
Mensagens, planilhas, recibos e contratos que circularam no aplicativo Telegram de Deltan indicam um contraste entre os argumentos da defesa apresentada por ele à Corregedoria do Ministério Público em junho de 2017, que levaram ao arquivamento de uma reclamação disciplinar, e a conduta do procurador em relação às palestras a partir daquele ano.

Dallagnol dá como desculpa uma suposta reserva de R$ 184 mil “que diz reservar para fazer investimentos futuros em ações de combate à corrupção”, segundo suas justificativas.

Como é? Então qualquer pessoa que não tenha explicações sobre a sua renda pode dizer que tem “uma reserva” informal para investir “em ações de combate à corrupção”? Uma “caixinha” pela moralidade?

A exploração de prestígio de Dallagnol, já mais que provada pelas mensagens anteriores, agora revela também que se destinava a formar um fundo clandestino, uma espécie de “caixa 2” de uma suposta ética que é mais que imoral, é uma violação das regras de comportamento de autoridades públicas.

Não há mais como o Conselho Nacional do Ministério Público fugir de uma punição disciplinar a Dallagnoll. Uma, dentre as muitas que merece por ter, deliberada e repetidamente, violado todas as normas de conduta.

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25 respostas

    1. Se ele é tão digno quanto se pretende, deveria pedir à Receita e ao COAF que investigasse suas próprias movimentações financeiras.

    2. Não existem! Onde já se viu órgão de fiscalização formado pelos próprios pares dos fiscalizados??? Kkkkk e usam Montesquieu pra justificar está piada

    3. Conhecemos muito bem esse tipo de filantropia praticado pelo DD: No jargão policial é mais conhecido como PILANTROPIA !!! Muito utilizado por pastores. (opa o cara também é pastor…)

      1. ele preenche todos os requisitos: é pastor, hipócrita, arrivista, ambicioso, ganancioso, desumano

  1. Eu chamo a Fraude a Jato e os que a compõem pelo que são, desde 2014, quando essa operação para consolidar o golpe de Estado foi deflagrada: um ORCRIM institucional composta por procuradores do MPF, policiais federais e juízes. Esse criminosos, e não o Presidente Lula e outros perseguidos políticos acusados e condenados sem provas – dentre os quais Luiz Gushiken, João Vaccari Neto, João Paulo Cunha, José Genoíno – é que deveriam estar “puxando uma cana”. Esse teatro bufo do “interceptador” não revelou verdades que que qualquer cidadão bem informado e de boa índole não soubesse; na verdade trata-se de uma operação controlada que se assemelha ao ‘biquíni fio dental”, que mostra tudo e esconde o essencial – apud Bob Fields. Essa operação controlada serve para distrair a patuléia, enquanto o desmonte e entreguismo seguem a a todo vapor

    1. Tenho um palpite de que quem divulgou os diálogos foi alguém de dentro do próprio MPF, uma espécie de espião que se faz passar por aliado deles. Talvez um dos procuradores que aparecem nos diálogos.
      A escolha do Intercept para divulgar o material foi perfeita. Aqui no Brasil, como você bem disse, qualquer cidadão bem informado e de boa índole sabia disso. Mas lá fora nem a mídia progressista brasileira, nem a estrangeira, nem nenhum de nós, tem credibilidade suficientemente alta para firmar essas verdades. Tanto que há pelo menos cinco anos falamos isso, mas nem no Brasil conseguíamos convencer a maioria, que dirá no exterior.
      Glenn Greenwald é a exceção, cujos antecedentes jornalísticos conferem a credibilidade necessária para o mundo enxergar a verdade. Partindo da confiança depositada nele, fica fácil fazer o power point verdadeiro, ligando os pontos e enxergando o quadro completo.
      Hoje vemos incontáveis lideranças mundiais se expressando abertamente sobre o lawfare contra Lula. Acho que não teriam a segurança para fazer isso, se não fosse por Glenn Greenwald e suas revelações no Intercept. Lembrando que antes disso, Moro ainda tinha muito prestígio, o que justificava o receio de muitos em se manifestar com convicção.
      Se Lula ganhar o Nobel da Paz, Glenn terá tido papel essencial na escolha.

  2. Provavelmente um pedido de desculpas irá pôr um ponto final na série de crimes cometidos pela QUADRILHA DE PROCURADORES E JUÍZES DA LAVAJATO.
    Sairão “perdoados” pelo sistema ,porque TODOS ELES FIZERAM PARTE DO GOLPE.
    Como punir os criminosos se eles conhecem os crímes dos parceiros ????
    A ÚNICA PUNIÇÃO SERÍA A JUSTIÇA POPULAR ,AQUELA QUE DEIXA ESTENDIDOS OS CORPOS DOS INTOCÁVEIS ,MAS ELA JÁ MORREU .
    FALTAM CULHÕES E ESPÍRITO ELEVADO AS NOVAS GERAÇÕES ,PARA SE SACRIFICAR PELOS OUTROS.

  3. O pior é que inúmeras colunas, de Fernando Brito, Reinaldo Azevedo, Janio de Freitas, Leandro Fortes e outros, terminaram assim: não há mais como o CNMP fugir de punição exemplar a dallagnol, e nada acontece. Nenhuma punição, quanto mais punição exemplar.

  4. Engraçado as Unimeds como principal cliente..
    O ódio elitista da máfia de Branco ao PT concerteza não é a única explicação, estariam comprando proteção para que seus roubos no SUS não venham a tona.
    A hora desses mercenários vai chegar

  5. Ah, Brito, não duvide do corporativismo do CNMP! Não duvide da capacidade deles de darem um jeitinho de fazer o Dallagnol sair quase ileso dessa ou, no mínimo, com todo o dinheiro criminoso!

  6. Um canalha é apenas um canalha e será sempre um canalha. E que fique bem claro; CANALHA!

  7. O Dalaninho traquino
    Diz que faz filantropia
    Mas só acredita nisso
    Quem sofre de miopia
    Mas aqui no meu Ceará
    O nome que a gente dá
    Se chama é pilantropia.

  8. Nos EUA os milionários e as grandes corporações utilizam a “filantropia” para promover fundações que defendam suas pautas, basicamente influir na política e nos tribunais de modo a conseguir entre outras coisas redução de impostos e das regulações trabalhistas e socioambientais. Assim os chamados “think” thanks formam a artilharia pesada da contra revolução neoliberal dos últimos cinquenta anos. No Brasil os carreristas arrivistas de Curitiba propunham “quase a mesma coisa” mas o fundo milionários seria formado por recursos do próprio Estado para uma espécie de “Liga da Moralidade”, a Moralidadebras ou Accountabilitybraz. A Bruzundanga, o Pais do Jambom, não muda, mesmo depois de um século.

    1. O “Sistema” todo foi conivente com as travessuras do “meninote” porquê também está apodrecido, carcomido.

  9. O CNMP nada vai fazer para punir dallagnol ou qualquer outro procurador do mesmo espectro político dele. Quase toda coluna de progressistas, desde que o Intercept começou o vaza-jato termina assim: “não há mais como o Conselho Nacional do Ministério Público fugir de uma punição disciplinar a dallagnoll.” E nada acontece.

  10. Infelizmente o Conselho Nacional do Ministério Público age exatamente igual a outros “conselhos” conhecidos de todos nós: o CNJ, cuja punição máxima a juiz corrupto e ladrão é aposentadoria com 30 mil reais de salário/mês, os CRMs, que NUNCA punem nenhum médico que comete crime e/ou desvio de conduta. Logo, Dallagnol continuará impune, livre, leve e solto. Neste país que me envergonha, punição é para pobre que rouba um pão para dar aos filhos, ou um pote de margarina…

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