Disse ontem que – embora importantes para a sintonia fina da campanha – os recortes de pesquisa, aos quais parte dos comentaristas políticos se voltam para fazer suas análises – a esta altura são de reduzida importância neste momento. Salvo, é claro, grandes delizes, e com grande repercussão, o que importa mesmo é desenhar-se um clima de ascensão ou de queda, de vitória ou derrota para os candidatos principais.
E ninguém duvida que, a dois meses das eleições, o clima é absolutamente favorável a Lula. As aproximações que sua candidatura vem recebendo são um indicador deste favoritismo, pois no mundo cruel das relações políticas, a perspectiva do poder atrai e a da derrota afasta.
O que se viu nesta sexta-feira, dia seguinte à divulgação da pesquisa, foi exatamente isso e só vai se acelerar até a próxima sexta-feira, quando se encerra o prazo das convenções partidárias.
Claro, em muitas delas vai haver a intenção – e até pedidos – de reciprocidades eleitorais e posições no eventual futuro governo, mas Lula não é nenhum ingênuo e tudo o que prometerá será ouvir e consultar.
Mas sabe que tem dois imensos desafios: o de vencer em primeiro turno, se possível, para espantar o golpismo e, em seguida, governar um país quebrado, com os cofres públicos arruinados e um oceano de fome e pobreza que nos submerge a todos.
Não é hora de muitos senões e ressentimentos, exatamente por isso. Muita gente torceu o nariz quando se desenhou a perspectiva de Geraldo Alckmin fosse o vice da chapa presidencial e hoje não há quem veja que, mais do que agregar votos, como estes fossem de cabresto, foi um sucesso o movimento para que, a muito custo e várias tentativas de criar uma “Terceira Via” artificial, para manter os setores populares fora do governo, tivemos uma orientação vitoriosa, que isolou e minguou todos os que procuraram afastar o povo brasileiro de seu caminho natural com Lula.