Havia, tempos atrás, no Rio, uma gíria que usava a expressão ‘malandro-agulha’ para definir o sujeito que achava que ninguém percebia a sua “esperteza”. Acabou virando música do Zeca Pagodinho: “se eu pudesse eu parava de fingir, mas garanto que ia me dar mal”.
Parece que o paulista José Luiz Datena, por enquanto candidato a senador, pegou essa carona carioca e, depois do Datafolha mostrar que a crise econômica está afundando Bolsonaro, saiu disparando contra a política econômica do governo e contra Paulo Guedes.
É o que reporta a coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles:
“Há coisas no governo que eu elogio, mas a política econômica do Paulo Guedes não me agrada. Tem que ajudar mais o povo. Tem que ajudar com obras, para gerar empregos, colocar comida no prato das pessoas e investir tudo o que puder em Saúde e Educação. Tem que raspar o tacho para salvar o povo. Investir em programas sociais. É inconcebível um plano de governo que não faça isso”.
E saiu-se com uma pérola: gosta de Bolsonaro “como pessoa física”. Portanto, quer se descolar do “pessoa jurídica”?
A não ser que ele esteja, como fez com o ex-ministro da Saúde, Luiz Mandetta, sugerindo que o presidente “dê uma bica” no Ministro da Economia.
É por isso que Datena não se “vende” eleitoralmente com garantia, diz o que lhe for mais adequado (ou que ele acha que seja) para tentar se eleger e desdiz no dia seguinte. Ou como diz Pagodinho: “ando atrás desse tal de meu espaço / Vou abrir nessa praia um sol pra mim / Tem pedaço que é meu no teu pudim”.
Bom malandro, se sentir que não dá, “rapa fora”.