Do que se sabe até agora do depoimento do ex-diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, sai reforçada a posição de Jair Bolsonaro.
Afinal, dizer que o presidente desejava ter, na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, alguém com quem tivesse “maior afinidade” não é, por si, um ato criminoso.
Não adianta os comentaristas da Globonews, no seu morismo militante dizer que isso “não é adequado” e que há “um problema semântico” nesta declaração.
Toda a chave do problema está no que Moro e, agora, o delegado não dizem: por que Jair Bolsonaro queria “um homem seu” na PF do Rio?
Não é possível que não saibam, é óbvio, a razão de querer tal “afinidade”.
E se sabem, qual é a razão de não dizerem: não têm provas ou aceitaram acobertar, durante meses, um comportamento presidencial cúmplice de ilícitos e de tentativa de obstruir investigações policiais?
Há um “buraco” nesta história que arruinaria o mais ingênuo romance policial: a falta de motivo para o crime.
Embora, claro, motivos talvez não faltem – e pesados – enquanto não são apontados eles valem apenas para as imaginações férteis.
Aliás, talvez Moro e o delegado –lavajateiros PhD – tenham se acostumado a inquéritos construídos à base de suposições.
Por mais desprezível que seja Jair Bolsonaro não se pode pretender que ele venha a ser acusado de um crime – interferir em investigações policiais – sem que se seja capaz de dizer em quais investigações tentou interferir.
Não dá para fazer como o próprio Moro fez com Lula ao condená-lo por ter supostamente desviado dinheiro de “contratos indeterminados”.
Ou tudo isso é medo de serem apontados como cúmplices das obstruções que Bolsonaro desejava ao conhecimento da verdade?