Eleições: Nassif analisa forças e fraquezas dos candidatos

Concordo em muita coisa, discordo em outras. Mas a experiência, a capacidade e a independência de Luís Nassiff tornam obrigatório este seu artigo analisando as situações dos candidatos a presidente da República, usando aquela técnica de gestão e planejamento, o SWOT, sigla em inglês para força potencial, fraquezas, oportunidades e ameaças.

E esclareço do que discordo: não creio que haja uma “bola de neve” de problemas econômicos. O que houve foi uma precipitação em oferecer vantagens fiscais de maneira, na prática, definitivas, com as desonerações, sem que isso tenha recebido um esforço correspondente nos setores beneficiados. Da mesma forma, creio que houve relutância em “soltar” o dólar mais cedo, permitindo um impacto indesejável na balança comercial num momento de retração do comércio mundial.

Mas são questões menores, que não invalidam em nada os argumentos objetivos do focado raciocínio de Nassif.

O aquecimento dos candidatos rumo a 2014

Luís Nassif

Há exagero de ambos os lados nas avaliações das pesquisas eleitorais. O Estadão de hoje dá manchete interna falando em “estagnação” da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas. Com mais de 40% de aprovação, em final de governo, mantendo-se acima dos 40%, um jornal mais rigoroso usaria a palavra “estabilização”.

Na outra ponta, há a celebração com o aumento da rejeição de Aécio Neves e Eduardo Campos. Não significa nada. Significa apenas que mais eleitores de Dilma passaram a enxergá-los como adversários.

O jogo mal começou. Os três candidatos têm pontos fortes e fracos que serão trabalhados daqui para frente. E cada eleição obedece a dinâmicas próprias, muitas vezes imprevisíveis devido a alguns fatores comuns: o efeito manada buscando o candidato favorito (na situação ou na oposição), uma declaração infeliz, algums evento econômico ou político.

O imprevisível é o imprevisível. Os candidatos se enfraquecem quando não trabalham os movimentos previsíveis.

Para complicar mais a análise, há uma evidente segregação de público: o empresariado, as classes médias urbanas, as classes populares, os públicos regionais.

Vamos a algumas avaliações prévias das três candidaturas principais:

Dilma Rousseff

Pontos fortes – penetração nas classes C e D, onde consolidou imagem de governante solidária com os pobres. Resultados para entregar nos programas de combate à miséria. Imagem de seriedade. Apoio de Lula. Estrutura partidária nacional. Palanque em todos os estados.

Pontos fracos – dificuldade em assimilar as lições de junho passado. Avaliou que bastaria algumas reuniões com setores críticos para superar as resistências. Não tocou no Ministério, não mudou a maneira de governar, continua desperdiçando conflitos com sua resistência a políticos, empresários e movimentos sociais. Está-se formando de novo uma bola de neve que poderá virar avalanche em caso de agravamento da crise econômica, ainda mais em um quadro em que os grandes grupos jornalísticos partirão para seu definitivo tudo-ou-nada.

Providências – reduzir pontos de atrito, mostrar-se menos auto-suficiente e promover uma reforma ministerial que sinalize sensibilidade para os novos tempos

Aécio Neves

Pontos fortes – em relação a Eduardo Campos, estrutura partidária maior, base forte em Minas (devido ao aecismo) e em São Paulo (devido ao anti-petismo).

Pontos fracos – não conseguiu desenvolver um discurso minimamente consistente. Insiste demais em críticas pontuais a qualquer declaração ou ato de governo, comprometendo a imagem de conciliador e reforçando a de crítico superficial. Está preso à armadilha de radicalização da mídia. Especialmente jornais de São Paulo reforçam a guerra política sem quartel, como única maneira de viabilizar a moribunda candidatura José Serra. Para manter apoio, Aécio embarca em uma retórica que afeta sua imagem e reforça o discurso de Serra. Tem penetração zero nas classes C e D.

Providências – o PSDB oficializar imediatamente sua candidatura, eliminando o fator deletério Serra. Definir propostas de governo criativas. Mostrar mais o governo de Minas Gerais. Definir com urgência um discurso social propositivo.

Eduardo Campos

Pontos fortes – até agora tem o discurso de oposição mais consistente, sabendo bater nas vulnerabilidades do governo sem o padrão “terra arrasada” que tem marcado o PSDB. Tem resultados a mostrar em Pernambuco e alguma penetração no nordeste.

Pontos fracos – até agora, nenhuma penetração nos estados do sudeste e o fato de ser governador nordestino não parece abalar o prestígio de Dilma na região. Na última pesquisa em Pernambuco, manteve empate técnico com Dilma. Nos demais estados, não tem palanque, nem mesmo em estados governados pelo PSB. Há flagrante inconsistência entre o receituário econômico do PSB e o de Marina “tripé econômico” Silva. E um discurso que impressiona classes A e B, mas não sensibiliza as C e D.

Providências – definir melhor as propostas econômicas. Cortejar as bases tucanas, para apostar mais à frente em um eventual efeito-manada. Definir alianças que ampliem os palanques nacionais. Desenvolver um discurso social.

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25 respostas

  1. Óia, a análise é bem “resumidona” e assim como o Fernando Brito, concordo em alguns, sou indiferente em outros, discordo de outros. O que me chamou a atenção, e eu discordo, é com isso aqui: Dilma, pontos fracos, “dificuldade em assimilar as lições de junho passado. Avaliou que bastaria algumas reuniões com setores críticos para superar as resistências. Não tocou no Ministério, não mudou a maneira de governar”.

    Dilma foi à TV, disse que ouviria os movimentos e as manifestações foram o ponta pé inicial do “Mais Médicos”, já em prática, e quando do leilão do campo de libra, veio, por enquanto em palavras, o reforço do uso dos royalties do pré-sal para educação e saúde.

    Quanto à “reforma ministerial”, vou te dizer que as classes C e D e, muito provavelmente, boa parte da classe B não dão a mínima para nomes de ministros e muito menos quais os seus partidos. Povo vota basicamente com o bolso e sua qualidade de vida. Ou seja, seria um desgaste que não ajudaria em nada (mas talvez, fosse uma esperança para uns PIGueanos de verem alguns mais dos seus em alguns ministérios).

  2. Um dia desses, conversando com um mineirinho conservador, daqueles que se deixam dirigir como manada, inimigo “ninguem sabe porque” do Partido dos Trabalhadores, me disse que nos oito anos de governo de Aécio na frente do palácio da Liberdade, os mineiros sofreram muito. Hoje, o estado de Minas é um dos que menos cresce no Brasil, cujos eleitores são obstinadamente cegos, por isso são governados pelos parasitas do psdb.

  3. Exceto pela afirmação de que numa eleição pode ocorrer o imprevisível o artigo do Nassif deixa muito a desejar. Aécio não “mostra mais” simplesmente porque não tem o que mostrar. E Dudu? Vai dizer o que? Ele é a própria expressão do “muro”. Não pode pender para lado nenhum sem cair de cima do muro. Há um outro artigo, da Maria Inês Nassif, analisando este mesmo quadro político das eleições que é muito superior a este do Nassif.

  4. Nassif, obrigado por sugerir ao Aético “mostrar mais o governo de Minas”. Na mesma linha de raciocínio, vale sugerir também para ele “mostrar mais o FHC”. rsrs

  5. O que o Aécio sabe fazer muito bem é calar a imprensa e seu choque de gestão que quebrou o estado. Tenho muito medo que ele faça o mesmo como país.

  6. meu tiko ta falando pro meu teko…
    oxi ele analisa Dudu e coloca a foto da Bláblárina…pq será? ? ?

  7. Acho que o Nassif não está querendo se queimar com nenhum dos lados e portanto da a impressão que está em cima do muro pra ver o que acontece.

  8. E ainda há quem queira anistiar essas monstruosidades, apegando-se a filigranas, sem contextualizar os fatos, distorcidos por uma imprensa golpista.

    Assassinos merecem ser compreendidos nas suas ações abomináveis e perdoados? Essa mídia torpe respeita os seus leitores?

  9. As altas autoridades brasileiras sabem, mas não podem tornar público que a base de Alcântara no Maranhão foi explodida pelos agentes a serviço dos EUA, ou melhor, do capital financeiro sionista. Está na hora de arrumar parceiros que não queiram nos destruir e impedir que nos tornemos independentes de verdade.

  10. As altas autoridades brasileiras sabem, mas não podem tornar público que a base de Alcântara no Maranhão foi explodida pelos agentes a serviço dos EUA, ou melhor, do capital financeiro sionista. Está na hora de arrumar parceiros que não queiram nos destruir e impedir que nos tornemos independentes de verdade.

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