Folha entra no caso do ‘homem oculto’ na Petrobras

A entrada da Folha – e em longa matéria, com quatro repórteres: Alexa Salomão , Nicola Pamplona , Julio Wiziack e Leonardo Vieceli – no caso da suspeita de conflito de interesses dos indicados de Jair Bolsonaro para a presidência da Petrobras, Adriano Pires, e de seu Conselho de Administração, Rodolfo Landim, é um sinal evidente de que o caso vai escalar, a partir de amanhã, como um escândalo de enormes proporções.

Sobretudo porque a Folha foi ouvir empresários do setor que insinuam que os interesses do empresário Carlos Suarez – um personagem misterioso, que foge de fotografias – são a razão das escolhas feitas pelo presidente:

“A percepção no setor empresarial, após o anúncio da dobradinha, é que estava em curso uma engenharia política no governo e no Congresso para dar espaço aos interesses de Suarez na Petrobras. O empresário baiano também é próximo de muitos políticos, especialmente do centrão, entre eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Nesse contexto, a discussão sobre a política de preços dos combustíveis, que justificou a queda do general Silva e Luna, passou a ser vista como uma mera cortina de fumaça, levando à percepção de que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) ultrapassava todos os limites éticos ao colocar na Petrobras, de uma só vez, dois homens ligados a Suarez.”

O jornal paulista já esquadrinhou as agendas do Ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e encontrou, em três anos, nada menos que 32 reuniões entre Pires e e ele ou seus subordinados do ministério, quase uma por mês, portanto.

E sugere que ele foi “padrinho” da inclusão da obrigatoriedade de geração térmica a gás em localidades desprovidas de gasodutos “enxertada” pelo relator Elmar Nascimento, do Democratas baiano no projeto da Câmara, e acabou sendo encampada pela base governista, para espanto geral. Elmar é um dos mais fortes aliados de Carlos Suarez na Bahia e, disseram empresários ao jornal, o “jabuti” teve o apoio do indicado de Bolsonaro :

Todo o trabalho de Pires em defesa das térmicas no projeto da privatização da Eletrobras é citado como uma mácula em seu currículo por executivos e especialistas da área de energia, pois há consenso de que o uso dessas térmicas não tem sentido econômico.

Desde cedo, hoje, o blog vem apontando – aqui e aqui – o potencial explosivo deste caso.

E, desde muito antes, a incompatibilidade de Adriano Pires com um política para a Petrobras orientada para o interesse nacional.

Bolsonaro não vai “emplacar” Pires facilmente no comando da estatal, anotem aí.

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