Heleno retoma discurso da ditadura sobre “maus brasileiros”

Talvez a senilidade tenha feito o general Augusto Heleno perder a vergonha de recuperar a retórica da ditadura, dizendo que a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, tem como missão espionar “maus brasileiros” em eventos no exterior, alegando que a lei que a criou, a 9.983/99, dá-lhe esta missão.

Não tem.

O que lhe compete é avaliar “ameaças à ordem constitucional”, internas e externas, o que não se tem notícia que movimentos ambientais sejam.

Quase tudo o que se questiona na ação do governo brasileiro em matéria ambiental é justamente o contrário, a desobediência aos mandamentos constitucionais de preservação do ambiente e da vida.

Espionar diplomatas e organizações brasileiras em eventos de meio-ambiente oficiais é, apenas, arapongagem,

É colocar sobre ambientalistas o que o governo diz que não coloca sobre os agressores do meio ambiente: um fiscal “fungando no cangote”.

Os que deveriam estar fiscalizando as leis ambientais estão, diz o presidente, estão “ajudando e muito” empresários e produtores do setor rural.

A imbecilidade de Heleno (e do governo brasileiro) só enxerga problemas onde existe uma possibilidade.

Mesmo que se deixe de lado toda a justa e inadiável preocupação ambiental, e que a tudo se olhe como tudo como “negócios”, é um desastre o que estão fazendo.

O que a ação de devastadores, madeireiros e garimpeiros ilegais fazem gera é uma migalha, perto do que, conduzida correta e altivamente uma política de preservação e aproveitamento racional dos recursos do centro-oeste e da Amazônia poderiam trazer.

Mas a medíocre classe dominante brasileira é tão acostumada a alimentar-se de migalhas que não consegue ver oportunidades diante de si.

Prefere ficar agarrada a generais da Guerra Fria, mumificados no tempo.

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