Jornalismo é chamar as coisas pelo nome que as coisas têm

Lição básica do jornalismo é chamar as coisas pelo nome que as coisas têm.

Residência é casa ou apartamento; hospital não é nosocômio, morrer não é “passamento” nem falecer.

O Le Monde deste domingo, que já está nas bancas francesas , pratica um jornalismo que os jornais brasileiros não têm coragem de praticar.

“A extrema-direita chega ao poder”, manchete de “fora a fora”, ou de oito colunas, no tempo que os jornais as tinham como medida.

Não porque brasileiros considerem a expressão “ultrapassada”,  antijornalística: a usariam se fosse Marine Le Pen quem estivesse assumindo a presidência da França.

Mas o vento que venta cá não pode ter o nome do que ameaçou ventar por lá.

O jornalismo, se é que conserva este nome, passou a ser por aqui a arte do não dizer, do esticar, puxar, endurecer ou amaciar, conforme o freguês.

Sim, é isso, em uma linha: a extrema direita chega ao poder no Brasil.

Talvez ainda de forma provisória, com limitações formais – e cada vez menos – do estado de direito, com um personagem tosco, caricato ante ao mundo.

Mas quem deixa de ver que outro, mais sofisticado, está se articulando, vindo de Curitiba?

A luta pelo poder não está no horizonte da esquerda, mas entre as personagens desta tragédia nacional.

Entre outras razões, porque o jornalismo brasileiro, faz tempo, deixou de tratar as coisas pelo nome que as coisas têm.

 

 

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23 respostas

    1. Ridículo pensar-se que “o das araucárias” seja “mais sofisticado” quando é tão tosco e grotesco quanto sem o verniz “produzido” pela máfia da ditadura midiática que assola o Brasil… É a própria esquerda, os/as progressistas que enche(m) a bola da direita e seus/suas sabujos/sabujas sujos/sujas.

      1. É verdade que Moro não é intelectual nem de brincadeira. Mas perto do Bolsonaro ele é um gênio. E dizer que é a esquerda que enche a bola dele não é verdade. Não é com depressão que vamos vencer os canalhas.

        1. A esquerda como um todo não enche a bola do senhor paranaense, mas li há não mais de mês um esquerdista destacado elogiando o monstro. Não há perdão sem castigo a quem destruiu o país em nome de projetos pessoais.

  1. Perfeito, Fernando!! Ainda bem que temos a imprensa estrangeira e a velocidade da internet. Porque depender do posicionamento da imprensa tupiniquim não dá.

  2. No Brasil a grande imprensa NÃO exerce mais a função de noticiar o que acontece. A justiça NÃO tem mais o objetivo de fazer justiça. As forças armadas NÃO visam a defesa da nação. O Brasil não é mais um país.

  3. No Brasil a grande imprensa NÃO exerce mais a função de noticiar o que acontece. A justiça NÃO tem mais o objetivo de fazer justiça. As forças armadas NÃO visam a defesa da nação. O Brasil não é mais um país.

  4. :
    : * * * * 04:13 * * * * * Próprio para esta época, de povUSS_$$ e genteSS ma$$ificadA$$ no individualismo hedonista inconsciente, inconsequente e egoísta pela midiotização globalizante/globalizada, o poema a seguir está sendo CENSURADO por uma editora carioca, que não o publica (“on-line”), por razões obscuras, numa das seletivas de poemas de dezembro deste 2018, para livro a vir a lume em março de 2019 :

    Elles (Ou Mal lutar é lutar mal)

    Dedicado ao eleiTORADO brasileño, no pós-eleições de 2018…

    Nunca se viu povo tão idiota
    militando contra a própria sorte!…
    Mesmo toda paciência se esgota
    quando os “fracos” idolatram o “forte”.

    E ainda esperam alguma cota…
    Coitados! Que o tempo não lhes corte
    a memória em meio à tal rota
    da vida indo ainda mais para a morte…

    …………………………………………………………………………………….. Cláudio Carvalho Fernandes
    …………………………………………………………………………………….. (Poeta (anarcoexistencialista))

  5. A responsabilidade das classes cultas e/ou ricas sobre o que está acontecendo hoje no Brasil (e provavelmente no mundo) é imensa.
    Eles são minoria em relação em relação ao restante da população, mas tanto quanto a grande mídia são formadores da opinião do povo.
    Infelizmente,a maioria deles se deixou contaminar pelos valores do neoliberalismo, que colocam como valor mais importante o dinheiro (e tudo que ele pode comprar) e como exemplos de pessoas a serem respeitadas e imitadas os bem sucedidos economicamente, independentemente de seus valores morais e éticos e de como construíram seu patrimônio.
    No fundo, eles sabem que a extrema direita tomou o Brasil, eles sabem das graves consequências que isso trará para toda a população, mas principalmente para os mais vulneráveis. Mas não estão nem ai para nada. Se deixaram de tal forma manipular pela lavagem cerebral de pessoas realmente ruins, que provavelmente vão morrer sem se dar conta do quanto foram usados e do mal que ajudaram a causar. Só mesmo as próximas gerações para consertar isso. E isso só depois se darem conta do que aconteceu, ao perceber as muitas desgraças que aconteceram após a ascensão da extrema direita no mundo.

  6. “Jornalismo”, se é que pode ter esse nome no Brasil, é um negócio onde se contrata para se obter determinado resultado. A oligarquia contratou um golpe em 2004, que só foi entregue em 2018. Demorou, mas levou o tempo que foi necessário para lobotomizar cognitivamente uma geração e meia de brasileiros; o resultado é tão bom que… nem parece um golpe de Estado! E a resistência foi quebrada a um ponto que a esquerda reunir mais de mil pessoas em um evento é utópico. Nada disso seria possível sem o apoio total de jornalistas sequestrados em seu caráter, em seus bolsos, em seu mister. Viraram kapos judeus levando irmãos para o forno crematório. Ainda não decidi se os odeio ou lhes dedico piedade, mas com certeza merecem passar por aquilo que lutaram tanto para trazer dos esgotos – o fascismo.

  7. Provável que a duraçao da ópera-bufa seja decidida em Washington, a grande crise que se avizinha por lá pode provocar uma mudança na tranquilidade com que a famiglia e seus tentáculos ( incluindo o sabujo de Curitiba ) se comportam….
    Há uma bolha na economia prestes a explodir com consequencias imprevisíveis no mundo todo !

  8. Para entender o protagonismo da religião no governo da extrema-direita é preciso entender o sionismo evangélico ou cristão.

  9. Aproveitemos bem esses dois últimos dias de 2018 pois uma nuvem obscurantista paira sobre nossas cabeças prometendo uma noite de muitos anos…

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