Mais Médicos: o farisaísmo perdeu

Terminou a primeira etapa de inscrições para o programa Mais Médicos e o resultado fala por si: 3.511 municípios inscritos e 18.450 profissionais candidatos à bolsa de 10 mil reais para irem trabalhar na periferia, mais do que as 15.460 vagas que serão abertas nessa fase.

Das 1290  cidades escolhidas como prioridade, no interior e nas periferias urbanas, só 104 não aproveitaram a oportunidade – embora possam fazê-lo a partir de 15 de agosto. O número corresponde a 92% de cobertura e permitirá reduzir virtualmente a zero o número de  municípios brasileiros que não contam com um médico sequer. Hoje, 15% deles não nenhum médico.

A tão alardeada “invasão estrangeira” de médicos, com aquele “blá-blá-blá” de que não se entenderia o que os pacientes falavam e não poderiam se comunicar com eles virou pó e se reduziu ao que era: desculpa esfarrapada para um corporativismo mesquinho.

Só 10,4% dos inscritos se formaram no exterior, em 61 países. Entre eles, claro, há um grande número de brasileiros.

E mesmo estes formados no exterior – e, atrás deles, os estrangeiros – ficam no final da fila e só vão ser aproveitados nos lugares onde médicos brasileiros não queiram mesmo ir.

Pelas regras do Ministério da Saúde, os médicos terão até domingo para “indicar seis opções de cidades, entre as 3.511 participantes, onde desejam trabalhar. Nesta lista, eles apontarão, em ordem de preferência, uma opção entre cada dos seguintes grupos: capital; município de região metropolitana; bloco de 100 municípios mais populosos e de maior vulnerabilidade social; cidades cujo índice de extrema pobreza supera 20% de sua população; e distritos sanitários indígenas. A sexta opção estrará entre as cidades que não estão nestes perfis”.

Não há nada de autoritário nisso e muito menos de atirar o médico em um casebre imundo, esperando que ele seja Deus e cure. Nove entre dez dos municípios prioritários já estão inscritos nos programas de qualificação das Unidades de Saúde e o médico designado para lá será, também, um agente importante na boa aplicação dos recursos.

Entre os médicos, o farisaísmo perdeu. Os médicos e o povão venceram.

Espera-se que na Justiça, para onde apelaram, o resultado seja o mesmo.

Até porque os senhores juízes sabem que, no início de carreira, são designados para as comarcas do interiorzão e não podem de lá sair antes de um bom tempo, porque a população não pode ficar sem Justiça, mesmo capenga como ela é.

Que dirá, então, sem saúde, não é?

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4 respostas

  1. Concordo que é importante ter médicos no interior. Mas nao compare a questão da saúde com a da justiça. Até pq os juízes ganham mais do que o dobro que está sendo pago a esses médicos, tem plano de carreira e aposentadoria sobre o valor integral. Agora o governo esta querendo contratar esses médicos sem ao menos estabelecer um vinculo empregatício (decimo terceiro, ferias, hora extra)…isso é um absurdo! Só o Brasil mesmo pra valorizar mais a “justiça” ( q nem vem sendo feita) do que a saúde! Lastimável…

  2. Bem , está explicado… Se o médico achar ruim esse emprego, tem milhares de médicos europeus desempregados rezando para todos os santos para um brasileiro desistir.

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