Na Saúde e na Economia, o pior ainda está por vir

Tenho insistido aqui que os indicadores econômicos, neste momento, valem pouco ou nada.

Em matéria de economia, agora, só se tem uma certeza: a da devastação.

No país do trabalho informal, não há mais trabalho informal e haverá menos ainda com o inevitável fechamento das grandes cidades quando, afinal, os números da Saúde mostrarem a realidade de que temos várias centenas de milhares infectados e que o lockdown não é uma opção, mas uma imposição.

Os bilhões anunciados em crédito foram, mostra a Folha hoje, na sua grande maioria para as grandes empresas fazerem caixa e aliviarem suas perdas nos mercados financeiros. A “turma da marcha ao STF” ficou com mais da metade do dinheiro e só um quinto dele chegou às pequenas e médias empresas, que tentaram segurar empregos mas vão não só demitir a rodo quanto quebrar, junto com as micro, que não viram dinheiro algum.

O Índice Antecedente de Emprego, divulgado hoje pela FGV, mostra que os próprios empresários estimam uma queda inédita e monstruosa no emprego nos próximos meses.

A previsão de hoje do Boletim Focus, do Banco Central, de que o Produto Interno Bruto vá cair “apenas” 4,11% só pode ser vista como uma piada. “Dobre a meta” e ainda assim, será otimismo.

Ao contrário do que pensam os idiotas que pensam mesmo que “no tocante as esta questão do vírus, ele já está passando” e que tudo logo voltará a ser como antes – e antes já não era bom – esta situação de crise na economia – como na Saúde – está muito longe de alcançar o seu “pico” e seus efeitos irão perdurar por muitos meses, talvez vários anos.

Como observa, em excelente artigo, Vinícius Torres Freire, não há nenhum plano para a economia senão o de achar que ela se resolverá sozinha, com um genocídio de empresas ( e de setores inteiros) a partir do qual rebrotarão os “empreendedores”.

Os anúncios de bilhão para cá e bilhão para lá – além de se perderem na burocracia das condições de liberação e no fato de que sabemos que vão parar, em geral, na mão daqueles que menos precisam – denotam uma imensa falta de foco para impulsionar alguma recuperação após o ainda longínquo pior da crise.

Perdemos a chance de uma intervenção radical na expansão da doença e de seus danos econômicos e estamos fadados a enfrentá-los com subdosagem dos parcos remédios de que dispomos, à espera de uma “cloroquina da normalidade” que só existe na cabeça dos burros.

 

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