Que Jair Bolsonaro e sua grei sejam o que são, nada surpreendente.
Qualquer um que leia 30 linhas sobre sua história e uma dúzia de frases que pronunciou em três décadas de existência política caricata sabe-o desclassificado para ser síndico de prédio, que dirá para ser Presidente da República.
Nenhum dos empresários e seus altos executivos – exceto, talvez, o pateta patético que se veste como periquito – o colocaria em posto algum em suas empresas.
Ou melhor, alguns, menos preocupados com alguma encrenca que fosse arranjar, poriam-no como chefe de segurança: tem predicados como a ligação com a polícia, com a milícia e com militares que acham que a reforma não lhes tira a posição de mando.
Dito isso, o que levou e leva as classes dirigentes brasileiras a terem elevado este sujeito à presidência e, ainda agora, patente a sua incapacidade de gerir – já nem se fala conduzir historicamente – o Brasil, conservarem-se em seu apoio, ainda que dele dizendo barbaridades em privado?
Gostaria de dizer que é essencialmente o medo de que ascendam ou permaneçam no governo forças populares/nacionalistas, que tenham algum grau de compromisso com o desenvolvimento e com a justiça social e que isso as assusta.
Não é, infelizmente, e os anos de prosperidade econômica que gozaram nos governos petistas seriam o bastante para dissipar quaisquer temores de uma “cubanização” – nos dias de hoje, “venezuelização” – do Brasil.
O que move a elite, nestes tempos, é outra coisa: a ideia da predação, que conduz ao ambiente de selvageria.
A restauração democrática do Brasil não será tarefa fácil, ao contrário. Demandará gerações, como demandou para corroer a ideia de convívio entre diversos que se fazia há 40 anos, desde que a anistia acabou com a ideia da brasileiros “não-brasileiros” em que se sustentou o regime militar.
O apelo aos instrumentos de exceção, tão desmentido quanto verdadeiro no clã governamental é só o corolário desta degradação.
Quem achar que é só um ridículo, lembre-se que é a coroa – que é o ridículo imponente – que sinaliza o poder do rei .
3 respostas
Sr.Fernando.Em países como o Brasil,não existe CLASSE BURGUESA.Existe uma classe,que explora o trabalho,mas são tão incompetentes,que o adjetivo mais condizente com suas características,deveria ser;BURGOSERVIL.
Medo? Medo do quê? Do povo? Certamente medo do povo é algo que os Donos do Poder nunca tiveram. Eles nos conhecem muito bem para nos temer. Podemos até dizer que eles fabricaram e promoveram o ódio, o ódio político, o ódio de classe de uma forma que nem o comunista mais radical um dia sonhou mobilizar. Mas não era medo e nem o ódio o que eles sentiam. O que os deixaram realmente muito putos da vida, foi a ousadia de imaginar que pudéssemos ousar nos governar, governar para as maiorias sociais, governar democraticamente, governar com certo sucesso, disputar eleições em condições de vencer seus representantes. Sim ousadia é a palavra correta porque é assim que eles nos vêem, a ousadia de demonstrar que seu monopólio e seus privilégios não se justificam e deveriam ser banidos definitivamente. O vale tudo, a campanha de satanizaçao de seus adversários, o Golpe de Estado contra o governo Dilma, a prisão de Lula, a candidatura e a vitória de Bolsonaro são como uma espécie de lição contra essa ousadia e contra os que ousaram. Os Donos do Poder apenas estão retomando aquilo que eles entendem ser sempre seu “direito” “natural”, seu monopólio “justo”, sua “meritocratica” situação. A palavra correta é a indiferença, antes de medo ou ódio, indiferença em relação ao destino do povo e ao destino do país, essa é a atitude dos Donos do Poder. Numa situação de tal maneira assimétrica se existe medo ele só pode vir do polo sem meios sem condições de poder, nunca dos Donos do poder.
o AI 5, fatiado em diversos projetos (pl 2418/19; 1595/19; pl 443/19; pl 3389/19), tramita em surdina na Câmara dos Deputados. Querem no atual regime um AI5 democrático (pq aprovado pelo Congresso) mesmo que só tramitem comissões, sem conhecimento dos cidadãos.