Não mostrem isso nas aulas de economia

O gráfico aí de cima mostra a trajetória da inflação, mês a mês, e foi publicado hoje em O Globo, com o resultado de 0,37% do IPCA anunciado de manhã pelo IBGE.

Eu, que peguei a mania da Miriam Leitão de ficar usando gráfico para explicar as coisas, tomei a liberdade de colocar, junto dele, uma linha com a trajetória da taxa Selic do Banco Central.

O resultado é algo que não pode ser mostrado nas aulas de economia, porque contraria o manualzinho que diz que “inflação sobe, juro sobe” e “inflação cai, juro pode cair”.

E se você juntar aí a curva do consumo das famílias, aí é que a coisa dá um nó. Porque não se encontra, nem revirando o depósito das Casas Bahia, nenhuma corrida às compras que pudesse estar elevando preços. Houve, é verdade, alta no preço dos alimentos, mas isso não se combate com alta de juros públicos.

A menos que se ache que os plantadores de tomate estão especulando com a taxa Selic.

Mas o perverso disso é que será, no mínimo, uma “meia-trava” no que há de melhor hoje, em nossa economia, que é o investimento produtivo – o melhor indicador do PIB foi a formação bruta de capital fixo – e o que ele projeta para a produção futura, para o emprego e para o consumo.

Bom, há uma alternativa: passar a ensinar, nos cursos universitários, que a mídia é “fundamento econômico”. E que o papel da autoridade monetária é defender os ganhos dos especuladores.

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5 respostas

  1. Os modelos econométricos, agora, inserirão como variáveis as opiniões publicadas (as da Globo têm peso máximo, ajustadas por coeficiente), quando as autoridades monetárias evidenciarem que suas conclusões sofrem de viés de alta por pressões da mídia rentista.

  2. È o que venho percebendo após 2002. Os fundamentos econômicos hoje são outros. Aquela velha teoria que altos salários produziam inflação, só juros altos é que seguravam o consumo, e que o Brasil precisava crescer o Bolo para então repartir, (o que aliás jamais aconteceu ou iria acontecer). Enfim um monte de historinhas que contavam ao povo, para justificar sua absoluta falta de ética e moral, com o Brasil e o povo Brasileiro.

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