No governo Bolsonaro, a luta de facções substitui a disputa política

Desde que a era “lavajatista” destruiu os mecanismos institucionais da política – os partidos – e que se colocou os movimentos sociais e os sindicatos sob o rótulo de apêndices do petismo, ficou muito difícil analisar a política brasileira.

Agora, por exemplo, estamos olhando muito e compreendendo pouco de um curioso embate “militares versus olavetes”, sobre o qual só podemos ver os tiros disparados, mas não os fundamentos de suas posições políticas, exceto a graduação alta ou super-alta de entreguismo do país.

Os pregadores “antiideológicos” de ambos fazem, todo o tempo, a pregação de sua ideologia.

Os militares, menos barulhentos, arvoram-se em defensores da liberdade e o general Santos Cruz, guindado do anonimato para a Secretaria de Governo da Presidência da República mete-se no Judiciário e defende o arquivamento, “em nome das liberdades”, do inquérito do STF sobre as ‘fake news” e agressões que a extrema direita despeja sobre ele. Segue, afinal, o caminho confessado do General – agora assessor do Planalto – Eduardo Villas-Boas, que deu seu pitaco impositivo no julgamento da prisão em segunda instância.

Já a turma que não é neonazista porque diz que o nazismo era de esquerda, vocifera contra os militares por terem sido “cúmplices” da esquerda. “Os militares posaram de eliminadores do esquerdismo e depois passaram vinte anos ajudando-o a tornar-se a única força política habilitada a tomar o poder”, diz o guru Olavo de Carvalho.

A novidade, entretanto, é que Jair Bolsonaro fez, sempre pelo patético modo de “tuitar” nas redes sociais, seu segundo movimento de apoio ao grupo extremista civil, primeiro dando um apoio genérico aos ataques ao vice, Hamilton Mourão, e agora postando um vídeo, já tirado do ar, onde o guru Carvalho espezinha os militares, dizendo que “a última contribuição das escolas militares foram as obras de Euclides da Cunha. Desde então, foi só cabelo pintado e voz empostada”.

E que “os milicos” só fizeram “cagada” e entregaram “o país aos comunistas”.

Como disse ao início, é difícil analisar o que se passa dentro de facções, onde os mecanismos de controle funcional em segredo e apenas de acordo com a vontade dos “chefes”. Mas se valem as impressões, acho que o olavismo tem levado vantagem e serviu-se das portas que a alta oficialidade abriu a Bolsonaro, pela sua ambição de poder, para entrar nos quartéis.

Afinal, foram eles quem colocaram um capitão como general dos generais.

É bom a oposição ficar longe disso. Os que buliram com as vivandeiras que se bivaquem com elas.

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14 respostas

  1. Seria Olavo de Carvalho, um “anarquista” proto-fascista, e a parte do Exército Nacional, que o acompanha ? Temos que lutar para o Brasil não se tornar o manicômio do Planeta. LULA LIVRE JÁ ! NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM !

    1. Quando vc chama aquela organização pró-yanquee de —exército Nacional—- deve estar fazendo uma ironía

  2. Tentar entender as “ideologias” defendidas por um o outro lado da briga pelo butim,olavistas (virará sinónimo de imbecíl) e fardados genocidas/entreguistas ,não é tarefa de analistas políticos, é uma missão para delegado de Polícia.

  3. Mourão não é um militar legalista, assim como não foi o Villas Boas. Eles tamparam o nariz, foram na aventura do Bozo e arrebentaram nossa democracia. Agora que fiquem com seu bode na sala e a esquerda deve se preocupar única e exclusivamente em voltar ao poder. Saber porque tomou uma surra de mais de 2/3 dos votos no Sul, Centro Oeste, São Paulo e Rio de Janeiro para um cara da estirpe do Bozo. É isso que importa.

    1. Se não entendemos passo a passo a evolução do processo, nossas aspirações jamais terão chão para serem objetivadas. Serão sempre uma utopia que gera satisfação de pureza de propósitos, mas só terá significado em nosso pequeno mundo particular. Se tomamos uma surra magistral por conta de fraude e propaganda suja e ilegal, não podemos ficar matutando eternamente sobre isso, não temos culpa pelo que aconteceu, porque jamais poderíamos contratar 100 milhões de disparos de torpedos de redes sociais por dia. Não tínhamos dinheiro nem falta de pudor para tanto.

  4. Antes, as vivandeiras respeitavam os generais. Agora, não, humilham. Dá para entender, conseguiram colocar no poder um capetao reformado às pressas aos 33 anos de idade porque não conseguia se enquadrar nas regras de hierarquia e autoridade q regem toda e qualquer FAs do mundo. E olha q, mesmo praticamente expulso das FAs, ele diz q era a unica coisa para o qual serve na vida ser militar. Pois, foi isso, q os militares brasileiros resolveram seguir. No Brasil, desgraça pouca é bobagem e sempre tem como piorar. Até os militares estão conseguindo ser piores q os de 64.

  5. Há generais que estão no grupo olavista/lavajatista, e alguns são mesmo radicais. Por isso o Bolosonaro quer isolar o General Mourão, que é contra muita coisa crucial para os olavistas (como a guerra com a Venezuela), do resto do Exército, para que o Exército inteiro possa se tornar refém dos olavistas e possa avalizar sem obstáculos a futura tentativa de implantação da ditadura olavista/lavajatista. É errado achar que os militares são um bloco só, assim como é errado pensar que o bloco olavista se diferencia do bloco lavajatista, quando na verdade são um bloco só. Outro engano tolo cometido por esquerdistas é achar que o Bolsonaro, para não atacar os militares diretamente, manda o Olavo fazê-lo. Nada mais equivocado. Bolsonaro jamais poderia mandar o Olavo fazer nada. É justamente o contrário. Olavo, que dirige o governo como quem está no timão, desce a orientação para que ataquem mais fortemente os militares, e o clã bolsonaro, que tem fidelidade cega a seu mestre supremo, imediatamente aperta o ataque aos militares.

  6. É impressão minha ou os olavetes dizem que os militares são comunistas? E, ao que parece, tem gente preparando uma “vingançazinha” por ter sido expulso do exército? Tudo leva a crer que sim. E o Mourão já deve saber disso.

  7. Assustador. Essa guerra de facção é combinada para distrair os adversários enquanto vão destruindo tudo.

  8. Enfim, um monte de merda a destruir o país e a serviço dos States, modelo de país e orgulho desta cambada de entreguistas FDP.

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