A esta altura, é possível dizer que as pesquisas de aprovação de governo, intenção de voto e abertura de impeachment – esta publicada agora há pouco pelo Datafolha – já estão desatualizadas.
Jair Bolsonaro jogou gasolina – e parece que jogará ainda mais – na fogueira do descontentamento da população ao dar um passo que o coloca abertamente na posição em que há tempos se sabia que ele estava: a do golpismo, ao ameaçar, de forma expressa, a suspensão das eleições do próximo ano.
Dentro de alguns dias sairão pesquisas sobre a ameaça presidencial e ninguém tem dúvida de que a reprovação passará dos 80%, deixando apenas o núcleo do bolsonarismo a favor desta decretação de ditadura que ele propõe.
Nem mesmo entre o empresariado – único setor onde Bolsonaro ainda conta com apoio majoritário – não haverá quem seja capaz de verbalizar apoio a este arreganho autoritário, exceto (e talvez) as figuras deprimentes de aventureiros e sonegadores que macaqueiam ao seu lado.
E, ao inverso, tornar mais aguda a posição dos que não o apoiam, mas não o hostilizam abertamente.
Aliás, só agora começa-se a romper o medo de manifestar-se publicamente contra Bolsonaro, porque contra isso conta o fato de que se corre o risco de agressão física das falanges que acompanham o “mito”.
É portanto, que Bolsonaro tenha conseguido perder mais alguns pontos dos poucos que já tem em matéria de aprovação e em intenção de votos. E reduzir também o número dos que defendem a continuidade de seu governo até que cheguem as eleições.
Que, com Bolsonaro no poder, já ninguém pode ter certeza que cheguem.