O fim do auxílio já mostra suas panelas vazias

Os jornais começam, progressivamente a registrar o empobrecimento da população como realidade, já não como previsão para o fim do auxílio emergencial.

O Globo noticia que “nos cálculos do economista Daniel Duque, pesquisador da FGV, com o fim do auxílio, a fatia da população na pobreza deve chegar a 29,5%. A extrema pobreza deve alcançar 9,7%”.

Cláudia Safatle, no Valor, diz que “mercado financeiro já absorveu a ideia de que o governo terá que voltar com o auxílio emergencial” que, mesmo com menor valor e duração, mitigaria o dano que a economia já está sofrendo com a perda de renda.

E na Folha, mais importante, o repórter Eduardo Cucolo traz uma série de informações sobre a queda nas atividades econômicas em janeiro, em quase todos os setores da economia, muito além daqueles segmentos “de verão” onde já se esperava registrar declínio pelas restrições – e já nem tantas – impostas pela pandemia.

Nas contas de várias instituições financeiras, o PIB do último trimestre de 2020 perdeu força e o do primeiro de 2021 roda em torno do zero, havendo quem já o preveja negativo.

A previsão para o desemprego, feitas pelos analistas de bancos e consultorias, são apavorantes: em torno de 17%.

Por mais que esteja “tudo dominado”, com império do Centrão na Câmara dos Deputados, é improvável que as tais reformas (quais? ) andem em meio a um quadro de retração econômica continuada.

A maior ilusão, a meu ver, é esta história de que a recuperação econômica depende da vacinação.

Sim, é claro que dependemos dela para que a economia volte ao normal e só isso já seria um pesadelo, pelo fato de que ela se arrasta a passos de cágado – embora não se vá confirmar o pessimismo registrado por O Globo ao dizer que “No ritmo atual, Brasil só conseguirá vacinar 70% da população em 2024“, porque em algum momento cessará a escassez de vacina.

Mas não se pode atribuir mais ao “fique em casa” a responsabilidade exclusiva da retração do setor de serviços, exceto nas camadas mais ricas da população. No povão e em boa parte da classe média, com todas as consequências práticas que isso pode trazer, o isolamento social praticamente acabou.

O problema é que o “novo normal” do Brasil parece cada vez mais ser o velho normal da estagnação, piorado.

 

 

 

 

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