O ‘marketeste’ de coronavírus

O Globo anuncia que o Governo Federal prepara um programa de testes aleatórios para o novo coronavírus, em escala nacional, em três “levas” de 33 mil testes rápidos – aqueles que o ex-Ministro Luiz Mandetta admitiu que têm 70% de erros de sensibilidade.

A ideia é que seja feito pelo Ibope, surpreendentemente transformado em inquiridor epidemiológico.

É claro que, como qualquer pesquisa quando não se tem dados, sempre pode ajudar. Mas está na cara que o teste visa um resultado previamente definido, o de apresentar dados tão pequenos de infecção pela doença que acabem por justificar o que é o desejo supremo de Bolsonaro, de sua matilha de dementes e do capital selvagem de acabar com a quarentena e “abrir tudo”.

É que controle epidêmico numa doença com tamanha agressividade e risco de morte não pode ser feito essencialmente assim e é fácil demonstrar-se.

Na Itália, avassaladoramente atingida pelo Covid 19, os 179 mil casos detectados representam 0,3% dos seus 60 milhões de habitantes.

Na Espanha, arrasada, os 200 mil casos são 0,43% da população de 47 milhões.

Na França, os 153 mil casos são menos que 0,23% dos 67 milhões de habitantes.

Os três países, entretanto, têm numero de mortos dantesco, acima de 20 mil.

Mesmo no recordista de casos, os Estados Unidos, os seus 764 mil casos confirmados dão 0,23% da população e as mortes são mais de 40 mil.

É obvio que uma pesquisa de “opinião viral”, aqui, mesmo que estejamos nos patamares de horror em que vivem estes países, vai indicar frações de 1% da população.

Mas frações de um por cento, em 210 milhões de brasileiros são centenas de milhares de pessoas e dezenas de milhares de mortos.

Não se discute que pode ajudar, quando quase nada se tem de informação.

Mas é preciso ser muito tolo que este será o argumento “científico” para justificar o afrouxamento do isolamento social.

Afinal, porque parar o país se o vírus só atinge 0,2% das pessoas?

Mesmo que estes 0,2% sejam 400 mil brasileiros e que parte expressiva deles vá parar nas covas que se abrem às pressas no país.

A estatística, sempre se disse, pode servir para esconder o essencial. Neste caso, enterrando a verdade em cova rasa.

 

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23 respostas

  1. faltou um detalhe ..a EPIDEMIA e mortes nos EUA ainda não acabaram de ser contadas, muito menos de se propagar

  2. Essas discussões científicas são intermináveis, Brito, mas o ideal para o governo seria que o índice de contaminação já estivesse beirando os 50%. Se der só 1% de brasileiros contaminados e já resultou nesse pandemônio, a quarentena se justifica. Atenção que o plano pode ser obter um valor bem alto.

  3. Para haver um afrouxamento seria necessário ter ocorrido um endurecimento no isolamento social e isso nunca aconteceu no Brasil. Vamos precisar mais do que sorte estas próximas semanas.

    1. O SUS tem sido negligenciado por muitos Governos Municipais, Estaduais e Federais nos últimos anos…
      As terceirizações, os achatamentos salariais e a não realização de Concursos, associados ao não investimento em recursos materiais e estruturais desmontaram e desmobilizaram o Sistema. Como exemplo mais marcante, temos a Demissão de 15 mil médicos Cubanos Terroristas que atendiam na periferia das grandes cidades e no interior do Brasil…
      Agora chegou a fatura!

      1. em todos os lugares está chegando a conta da longa e irresponsável aventura neoliberal, o problema agora é que vamos pagar todos, menos os que nos meteram nesta enrascada. E o pior: precisou um “não ser”, isti é um virus, para que todos os seres vivos se dessem conta disso. Se bem conhecemos a humanidade, vão esquecer disso tão logo o surto e o susto passe.

    1. Label, os três rebentos do Cachorro Louco são débeis mentais, como o pai. Mas, definitivamente, o mais débil mental e louco é o 02.

  4. Mais um absurdo nesse festival de horrores, barbaridades, equívocos, canalhices e maluquices que estamos vivendo.

  5. 33 mil testes rápidos em meio a uma população de 210 milhões de pessoas, com potencial de 70% serem equivocados, e sendo feitos pelo IBOPE. G-zuis!

  6. o desgoverno federal `resolveu` o problema dos testes, liga pro seu numero e a voz gravada pergunta kkkkkkkkkkk

    1. Ruy você está rindo, mas ontem recebi uma ligação do ministério da saúde com perguntas se estou com febre, tosse, falta de ar, etc. Tudo gravado e com respostas sim e não. No final a voz fala (acho não lembro direito) parabéns você não está com o Coronavírus, se cuide mantendo isolamento e uso de mascara, etc.

  7. 300 mil testes confiáveis a Coreia do Sul aplicou em um só dia apenas em um dos bairros de Seul. Mas aconteceu um fato novo, hoje. Bolsonaro se declarou um democrata e negou seus comparsas. Ele rejeitou os seus fiéis seguidores, que pregavam o fechamento do Congresso e do STF. Rejeitou os seus mais aguerridos seguidores como sendo míseros infiltrados, reles penetras indesejáveis em uma manifestação que, segundo ele, fora legitimamente democrática. Como ficará sua malta sem mais sua aprovação? Com que cara ficarão os “Fechados-com-Bolsonaro”? Isso poderá lhe custar muito caro, sem democratas e sem autocráticos em quem se apoiar.

    1. Ele não teve o apoio que precisava e que lhe daria poder de instalação da sonhada ditadura. Mas sem reação forte tentará sempre. Água mole em pedra tanto bate que fura. Temos covardes, cúmplices, partícipes, aliados do golpe subversivo no Estado.

    2. Olavo de Carvalho já se manifestou, revoltado. Segundo ele, os bolsonaristas estão a fazer tudo errado e podem botar o golpe final a perder. Deveria atacar indivíduos, não instituições. Mas pode ser que o Olavo esteja mascarando suas verdadeiras diretrizes.

  8. Não me surpreende. Qdo vendedor de sanduíche pode ser embaixador, os contratados temporariamente pelo IBGE podem ser médicos. E ainda falavam dos cubanos….

  9. Bolsonaro disse à imprensa hoje de manhã que espera que essa seja a última semana de quarentena para que todos voltem ao trabalho e se a estatística dos testes é para comprovar a abertura, meu amigo e eu temos uma teoria conspiratória – tudo que Trump sinaliza lá o Bolsonaro faz aqui, sendo um governo pantográfico daquele, pois já não somos um país; então, acreditamos que a ideia é usar o Brasil como teste de abertura, para ver no que vai dar e o Trump com base nos resultados do teste fazer a abertura lá nos EUA. [rs, muita viagem nossa… mas não sei, não…]. Tem que acompanhar lá para saber o que acontece aqui. Até carreatas iguais os dois países têm. Os bolsonaristas se espelham muito nos EUA e Bolsonaro segue as instruções da chefia.

    1. Também vejo isso. Os brasileiros, um povo descartável para o império, sendo usados como ratinhos de laboratório dos EUA para testar medicamentos tóxicos, a teoria da imunização coletiva e afrouxamento de quarentena para ver o que pode e o que não pode ser usado na gringolândia.

      1. Exato. E não seria a primeira vez. Creio que os países imperialistas já fizeram algumas vezes isso na África.
        E outra coisa: se a vacina para covid sair através de laboratório dos EUA, meu amigo e eu não vamos tomar.
        Aprendi com Chomsky, há décadas, no livro “Para entender o poder”, os mecanismos usados pelos EUA.
        Espero sobreviver ao covid mas estou sem esperança que a humanidade se regenere como o planeta e a natureza estão lindamente se regenerando com a prisão da humanidade em casa.

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