Décadas atrás dizia-se, a quem queria “aparecer”, que pendurasse uma melancia no pescoço.
Sei bem que a fruta não é das prediletas para a cabeça da extrema direita – que adora falar que os militares democratas eram como ela, verdes por fora e vermelhos por dentro” – mas é exatamente assim que procede o sr. Jair Bolsonaro.
O seu gesto, hoje, mandando uma criança, durante sua visita a Eldorado (cidadezinha do Vale do Ribeira, em São Paulo) tirar a máscara ao cumprimentá-lo é descaradamente destinado a chamar para si a imagem do valentão, que desafia a “gripezinha”, ainda que isso signifique expor uma crianças.
Aliás, desde a história da “cadeirinha” veicular, Bolsonaro já provou que não dá a mínima para a segurança delas.
No seu comportamento tosco, Bolsonaro é extremamente ladino quanto ao seu marketing do politicamente incorreto, grosseiro, imbecil.
Cria factoides que chamam a atenção numa agenda mixuruca, sem importância alguma para o país, ocupando dois dias de uma agenda que nada tem de concreto para um país mergulhado na crise.
“Aparece”, portanto, pelo gesto e pelas palavras estúpidas, porque sabe que vai encontrar uma parcela significativa dos brasileiros imbecilizada por décadas de atuação de uma mídia que o alienou, deseducou, mediocrizou.
Joga com o incômodo do uso de máscara, com a exaustão das pessoas com as medidas protetivas, com o mesmo sentido de irresponsabilidade com que conduz o país.
Bolsonaro é a encarnação que corria sobre os militares nos anos iniciais da ditadura, em que se relacionavam suas semelhanças com o camarão: ter casca grossa, ter m…na cabeça e viver nas costas do Brasil.