Onde estão os valentes?

Passaram-se mais de 24 horas e nem Jair Bolsonaro, nem Wilson Witzel e nem Marcelo Crivella deram um pio que seja sobre a morte da menina Ágatha Félix, na madrugada de ontem.

Nem o Ministro da Justiça, aliás.

Fosse uma morte executada por bandidos, traficantes, certamente estariam todos prometendo uma guerra, uma caçada, uma imensa e aparatosa ofensiva com os assassinos, que não ficariam, jurariam eles, impunes.

Seja bala oficial ou bala marginal, matou a menina do mesmo jeito e sua vida não valia menos ou mais pela origem do projétil.

Jair manda fazer arminha; Witzel, mirar na cabecinha, Crivella, por um saco preto a cobrir o beijo gay para proteger as crianças.

Na hora de assumir as responsabilidades, somem.

É a covardia dos valentões, cujos loquazes Twitter estão silenciosos sobre o caso.

Não vão tomar providências contra policiais que agiram sem prudência nem critérios e, portanto, estimulam o abuso de amanhã.

Há 38 anos, um governante teve coragem por causa de uma menina da idade da Ágatha, baleada e morta sentada à porta de casa, por tiros de PMs que supostamente perseguiam o ladrão de uma bolsa.

Por ordem de Brizola, os dois ficaram detidos no quartel, enquanto se definiam as responsabilidades.

Nasceu aí a história de que Brizola não deixava a polícia subir o morro para proteger bandidos.

A pergunta segue de pé: quem é que policia a polícia?

Nossos governantes não são.

PS. À tarde, Moro e o governo do Rio soltaram notas lamentando o episódio. Frias e tardias, apenas pela repercussão negativa.

 

 

 

 

 

 

 

 

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17 respostas

  1. A omissão dos inqualificáveis “homens públicos” citados é de se esperar, o que me apavora é o silêncio da suposta “oposição” ao governador genocida (ela existe?). O mínimo de se esperar seria uma grande manifestação no centro do Rio. É uma apatia que parece ter contaminado todas as chamadas “lideranças” que deveriam estar organizando as manifestações populares nas ruas, contínuas, até a recuperação da nossa jovem e frágil democracia.

    1. Quantos iriam a essas manifestações?
      Será que os moradores das comunidades teriam coragem de afrontar os policiais, inclusive os policiais ligados às milícias e ao bolsonarismo, indo às manifestações?
      E dentre os não moradores das comunidades, quantos se dignariam a ir?
      Eu assisto muitos filmes da época do nazismo, onde observo principalmente o comportamento dos alemães não militares. Eles se mostram completamente indiferentes às agressões físicas e morais impostas aos judeus. Antigamente eu achava que agiam assim por medo. Depois de tudo que tenho visto hoje em dia, já penso diferente. Inclusive, porque nos encontros sociais aos quais vou e cuja maioria é de pessoas de direita, que votaram em bolsonaro ou em branco, simplesmente ninguém abre a boca para comentar as tragédias envolvendo as vítimas das políticas de “segurança” adotadas por esse governo. E nem adianta puxar o assunto, porque é como seu eu falasse para as paredes. Muito triste.

      1. Quando nao tiver remedio pro cancerzinho deles e a dor comer sua consciencia na madrugada entre gritos e convulsoes e o governo nao bancar o tratamento eles acordam… numa mesa de cirurgia em Cuba sendo tratados por um sujeito q nem parece medico. Mas é.

  2. Isso só vai mudar quando começarem a morrer as crianças das classes média e superiores.
    E isso não vai demorar a acontecer, porque é muita ingenuidade acreditar que com as milícias no poder os policiais vão limitar sua violência às comunidades.

  3. Estão escondidos atrás das votos dos elites e dos incautos enganados ou não que elegeram essa escória . No caso específico do Rio a classe média e as elites achavam que o endurecimento contra a violência e o tráfico estaria resolvendo o problema . E todos sabemos que não é por aí .

  4. Qual a diferença entre morrer pela policia, milícia ou traficante????Alias qual a diferença destes seres abominável ??? ,

  5. Já houve resposta do governo e da sociedade Brito. O governo diz que não foram os PMs e está tudo certo e a sociedade diz que a menina não ia ter futuro. Basta ver a matéria no UOL sobre isso.
    Precisamos parar de achar que nosso problema são os governantes, americanos e ETs e começar a refletir como chegamos a uma sociedade que não liga quando uma criança inocente morre, dependendo de onde mora e, vamos ser sinceros, da cor da pele.
    Tem algo muito errado com a sociedade brasileira… a política lixo é só reflexo disso… e não são somente os ricos.

  6. Fiquei abismada. No twitter onde tudo acontece e de onde até se governa o Brasil, nenhum pio desses citados pelo Brito (Bolsonaro, Moro, Witzel, Crivella), mas também do MPF, MP-RJ, OAB nacional, OAB-RJ, PM-RJ. Depois de constatar isso, postei no meu fb: “Se não é com eles, com quem é?? Ninguém vai falar nada a respeito? A morte da menina não existiu? Foi uma ilusão?”. E aí vi mais essa: Folha/Uol: “Sem funcionário para operar equipamento, IML não libera corpo de Ágatha no Rio. Corpo da menina de 8 anos passou todo o dia no instituto; até as 19h permanecia lá”. Também não era com o IML, não era com ninguém. Mais tarde vi no Estadão que haviam se manifestado (não no twitter até o momento tardio em que vi) a Defensoria, OAB-RJ, Anistia Internacional. Quase não consegui dormir, tive uma insônia danada.

    1. É inacreditável, mas teve coisa pior que o silêncio. Um bocó do MBL foi lá no enterro provocar as pessoas. Monstruosidade inominável.

      1. Ele foi lá ganhar likes e comentários. Pelo visto conseguiu, pois estamos falando dele agora. Foi um plano bem executado… ele provocou um cidadão, conduziu calmamente a discussão até o veículo da fuga, deu um soco no antagonista e entrou no carro mais que rapidamente. E agora tá cheio de “engajamento” no canal dele e nas redes sociais… sem falar na audiência da matéria. Sinceramente? Merece os parabéns por ter executado o plano perfeitamente. Nesses momentos eu entendo em quem se apega em castigo divino, mas não creio que um ser que criou o universo perderia tempo com um verme que mora num país periférico numa poeira na periferia de uma galáxia.

      2. Lembrei que uma vez fiz um trabalho sobre “respeito”, vem de “respectus” = olhar outra vez = merece um segundo olhar, merece levar em consideração. A indiferença se opõe diametralmente ao respeito: é desconsiderar por completo a existência e a importância do outro. Por isso a gente fica indignada com o silêncio sobre a menina: ela não tem importância, não merece ser levada em consideração.

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