O governo diz que está investigando o aumento do preço do arroz, atrás de supostas manipulações do preço do produto.
Claro que é inócuo e já não estamos mais nos anos 50, quando os atacadistas – na época, com o apelido de “tubarões da Rua do Acre”, onde vários deles tinham sede, no Rio – quando escondiam-se as sacas do cereal em galpões.
É só olhar o gráfico publicado hoje na Folha para ver que tudo subiu e a exceção das carnes só ocorre porque seu grande pique de alta foi dezembro, o que a deixou estável – e cara – em 2020.
O nome do aumento é dólar, “produto” que subiu 30% desde o início do ano.
Há, sim, outros fatores que contribuem, como o auxílio-emergencial e a perda dos estoques reguladores governamentais, mas a inflação dos preços do atacado.
O Índice Geral de Preços da Fundação Getúlio Vargas, divulgado hoje, marcou uma alta de 4,41%, puxado pelo Índice de Preços do Atacado: 6,14% em um mês, acumulando alta de 20,4% no ano.
E, no atacado, a subida ainda é mais forte nos produtos agropecuários: 7,16% no mês, 26,17% desde janeiro e 39,59% acumulado em 12 meses.
É óbvio que isso vai se refletir nos preços ao consumidor, que não se sustentam nos baixos índices que ainda remanesce, na faixa de 0,3% ao mês.
No grau de abertura da economia brasileira, sobretudo desde que se adotou a liberdade cambial, preços sempre guardarão relação com o valor do dólar e a conta exportação x mercado interno.
Enquanto o dólar se mantiver no patamar atual, não haverá refresco nos preços internos. Ao contrário, ele tenderá a seguir subindo, até ser contido pela inevitável queda do poder de compra que virá adiante, com o fim das medidas emergenciais.
Os preços vão baixar por falta de consumidor, não pela polícia nos silos de armazenamento, infelizmente.