Sem partidos, a Itália vira um país partido

ital

A Itália chegou lá.

Duas décadas depois da “Operação Mãos Limpas”, a Lava Jato deles, o país acabou-se, pelo menos como unidade nacional.

É só olhar as cores do mapa, onde o azul é a direita (com o predomínio, agora, da Liga (ex-Liga Norte) de origem separatista da região mais rica do país –  – e sempre próxima do fascismo – e o amarelo do Movimento 5 Estrelas, no Sul e nas ilhas,  algo bem pouco definido exceto pela confusão de ideias, como a do “descrescimento”, uma espécie de abandono de avanços econômicos.

Em comum, os dois são, às vezes com mais ou menos discrição, anti-União Europeia, antiimigração e antipolíticos, ainda que a direita carregue (agora com menos poder, porque seu Força Itália teve menos votos que a Liga) o fantasma de Silvio Berlusconi.

Em 20 anos, a  destruição do sistema partidário  coloca a Itália no rumo da destruição da unidade nacional que buscaram por séculos e conquistaram com o Risogimento, há um século e meio

Curiosa e tragicamente, ao lado dos partidos, foi a Justiça italiana quem mais se enfraqueceu, depois de a “terra arrasada” levou Berlusconi ao poder e ele a manietou em muitos aspectos.

Quem sabe os imitadores da Mani Puliti aqui por estas bandas não estejam pensando em outros arremedos da tragédia italiana?

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20 respostas

  1. A criminalização da Política e não dos maus políticos, como quer os operadores da Lava jato, nos faz prever que em futuro próximo seremos um País dividido, tal como agora é a Itália, após a Mani Puliuti, a operação italiana cujo o ventre pariu a Lava jato brasileira

    Entendam bem, não estamos a defender políticos corruptos, que devem ser investigados, processados com direito à ampla defesa e condenados, se for o caso. O que não podemos permitir, sob pena de “costearmos o alambrado do fascismo”, é criminalização da Política como um todo, que uma vez encarcerada dará lugar aos aventureiros e “salvadores da pátria” de sempre.

  2. O Brasil, também, está dividido! E a divisão é muito ampla, cheia de nuances!

    Uma saída para quem deseja a construção de uma nação menos injusta, soberana e independente:

    Para termos uma nação soberana, independente e com menos injustiça social, é imprescindível a participação consciente do povo, assim:
    ABRA O LINK:
    https://www.facebook.com/LafaieteDeSouzaSpinola/posts/376383689185712

    Para que possamos implantar um projeto de educação básica que garantirá com solidez a transformação do Brasil; assim:
    ABRA O LINK:
    https://www.facebook.com/LafaieteDeSouzaSpinola/posts/536024086555004

    Organizar é preciso!

  3. A Itália só voltará a ser a Itália com um novo renascimento é o reflexo da tragedia grega aliás aprenderam muito com os gregos, desde que o império Romano ruiu nunca mais , quanta história, quanta cultura, o Exemplo do parlamento Romano, suas leis, seus debates até fazem fazem parte dessa milenar cultura, é um declínio tão assustador que estamos sendo testemunhos dessa tragedia, monaroti, Rafael, Júlio Cesar, Savonarola, grandes e tristes imperadores, Caruso, Colombo, Américo Vespucio que fizeram a história dessa Europa milenar e tentando sair desse Túnel escuro que o destino lhes colocou. Daqui deste lado da América os descentes guardam a esperança de dias melhores.

  4. Fernando Brito, você sintetizou tudo, e muito mais, no brilhante título do post. Tenho amigos italianos que estão assustados com o fascismo sempre pronto a chocar ovos de ontem e de hoje.

  5. A Itália nos mostra que o poço brasileiro ainda tem espaço para baixo. Segurem-se e segurem suas carteiras, que a queda será forte.

  6. estamos repetindo um erro com precedentes mundiais ,assim como a midiática operação brasileira que mergulha o pais em recessão mas a corrupção não para de crescer.se aqui temos Aécio por muito tempo Berlusconi ainda esteve no poder sem ser julgado pelo crimes que cometeu.

  7. Falam alguns que os movimentos de extrema esquerda dos anos 60 e 70 na Itália eram insuflados e guiados em sua rota de terror cotidiano por mãos externas e por uma direita desnaturada. Estas forças desejavam que a população italiana viesse a temer e a odiar tais movimentos e a vê-los como irmãos gêmeos dos partidos de esquerda, que foram também demonizados. Esta armação viria logo em seguida lograr destruir todo o sistema partidário italiano, deixando a Itália sem lideranças nacionais que defendessem os interesses do país, que então não pôde mais resistir ao domínio de Bruxelas e de Berlim dentro de uma Nova Ordem Mundial que já estavam a construir. A Itália seria um dos grandes da Europa, mas esta operação de destruição de seu nacionalismo, de sua economia industrial e de sua inteligência política deixou-a como uma nação de segunda classe, bordejando uma periferia europeia quando deveria estar no centro. Seu mal foi exatamente o indomável espírito de rebeldia, que foi destruído em favor de uma imbecilização desculturada, e o grande protagonismo político. Os dois foram sepultados por uma verdadeira operação de esterilização do país, onde no mundo político agora pululam apenas os palhaços e os pícaros.

    1. Meu caro, a história não é bem assim. As ações das Brigadas Vermelhas que executaram de 1974 a 1988 aproximadamente 85 pessoas não foram os únicos crimes políticos na Itália, em 1980 uma só ação da extrema direita italiana associada com serviços de inteligência estrangeiros mataram coincidentemente também 85 pessoas e feriram 200 numa explosão da estação de Bologna. Além desta ação houve um misterioso desaparecimento de um avião o voo IH870 no mesmo ano, em que morreram 80 pessoas, o massacre da Piazza della Loggia em 1974 com oito mortos e 102 feridos e o massacre da Piazza Fontana com 16 mortos e 88 feridos. Todos estes atentados em áreas públicas e não ações isoladas contra políticos, carabinieri e industriais, nunca contra mulheres e crianças, especialidade da extrema direita italiana.
      Ou seja, todos lembram no exterior das ações das Brigadas Vermelhas, mas esquecem os atentados feitos pela direita patrocinada por serviços secretos dos USA e Israel.
      Não devemos esquecer da famosa Operação Glaudio promovida pela CIA e a OTAN que permanece praticamente secreta até os dias atuais, apesar de que na Itália ela participou do atentado de Peteano em 1972 em que foram mortos três policiais e feridos mais dois.

  8. Se acrescentarmos ao caso da Itália, os problemas sociais seculares do Brasil e, principalmente, a falta de patriotismo de nossas elites, veremos o potencial trágico da nossa situação.

  9. Estará a Itália preparando-nos um “Efeito Orloff”?
    “Brasil, eu sou você amanhã!”

    1. Verdade, e a Espanha também com sua onda separativista. Como predisse Robert Kurz no seu artigo “Por que a União Européia pode se tornar uma ‘ruína nova em folha” Explica ele no artigo: “A razão é simples: o processo de racionalização e globalização, além de excluir e “alijar” um número cada vez maior de pessoas, faz com que essa questão seja traduzida também em termos de conflito regional.” O padrão de racionalização (via custos/lucro) cria zonas de exclusão e zonas de prosperidade. Pessoas e regiões inteiras tidas como supérfluas são atiradas ao empobrecimento, por não serem utilizáveis pelo sistema capitalista e constituirem em “peso-morto” para os demais. Nosso país caminha a passos largos para a irrelevância (assim que os predadores tiverem dilapidado nossos bens naturais).

  10. A atribuição da atual divisão eleitoral à operação Mãos Limpas é quando muito uma tese que precisaria ser provada. E que divisão é essa em que os dois lados concordam em tantos pontos decisivos (como o próprio artigo reconhece)? Por essa régua, muito mais dividido estaria o Brasil, é só ver aqueles mapas com os resultados eleitorais, com sua parte mais pobre e desinformada em vermelho e a outra, onde predomina uma forte oposição à turma do vermelho, em azul.

  11. Fernando, o mesmo avejão que instigou e coordenou a mani puliti, comanda o nosso desmonte

  12. No plebiscito de 1946 (monarquia x república) os republicanos ‘ganharam’ exatamente nas áreas onde agora ganha a direita e a extrema direita. Os republicanos são tão “modernos” não é mesmo.

  13. Politicamente nós não somos iguais à Italia, somos piores. Lá tem menos “berlusconis”do que aqui. Eles tiveram Aldo Moro, o nosso é o Sergio. Brigadas Vermelhas X Fernando Gabeira. Com tudo isso, em perspectivas estamos melhores: O crescimento populacional italiano é negativo e as mulheres férteis não querem engravidar. Se isso continuar a Itália desparecerá por falta de italianos (ironia funérea). O nosso crescimento populacional é positivo, mesmo que em termos absolutos tenha diminuído. Uma das causas disso, paradoxalmente boa para o Brasil, é que aqui temos a “ralé dos novos escravos”, na definição antológica do Jesse Souza. Essa ralé não existe na Italia. Com todo o ódio que recebe das outras classes, exemplificado no termo “bolsa esmola”, com toda rejeição a qualquer política pública inclusiva, nossa populosa base da pirâmide social vai em frente e procria, para desespero das classes acima, cujas mulheres férteis, com apoio dos parceiros, a exemplo das da Itália, não querem engravidar. Algum dia, inexoravelmente, a inclusão se dará. Preferencialmente pelo retorno das políticas públicas. Ou…que cada um imagine qual seja o “ou”.

  14. Nesse clima de ódio e intolerância que o golpe implantou no país, é fácil perceber ideias latentes de separatismos; os canalhas golpistas semearam a destruição do Brasil. Bandidos.

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